Da reportagem
O Fusstat (Fundo Social de Solidariedade) de Tatuí formou mais de 4.000 pessoas nos centros de capacitação com cursos gratuitos, oferecidos pela entidade no Jardim Gonzaga, vila Angélica, vila Esperança, CDHU, Jardim Santa Rita de Cássia, Santa Cruz, centro e “Espaço da Beleza”.
O levantamento, divulgado a O Progresso pela professora Sônia Maria Ribeiro da Silva, refere-se aos alunos que passaram pela instituição nos quatro primeiros anos da gestão da prefeita Maria José Vieira de Camargo.
Sônia presidiu o Fundo Social de janeiro de 2017 até 31 de dezembro de 2020, quando passou o cargo para a empresária Alessandra Vieira de Camargo Teles, filha da prefeita Maria José e do ex-prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo. Ela tomou posse no dia 7 de janeiro.
Ao deixar a instituição, Sônia avalia ter obtido bom resultado. Em entrevista a O Progresso, ela falou sobre o trabalho realizado e ressaltou a importância do voluntariado.
Segundo Sônia, no primeiro ano, 816 alunos passaram pelos centros de capacitação; em 2018, foram formados 1.502 alunos; em 2019, 1.878; e, em 2020, até o mês de março (início do período de quarentena determinada pelo estado, em virtude da Covid-19), 464 pessoas, totalizando 4.660 alunos formados.
“São pessoas que conseguiram qualificação com aulas de artesanato, culinária e outras capacitações, que melhoraram a autoestima e tiveram a possibilidade de ganhar aprendizado para a geração de renda extra”, ressaltou a ex-presidente.
Entre as capacitações realizadas no período, Sônia destaca os “cursos rápidos”, criados em 2019, como o “Faça e Venda”, “Kit Festa” e outros, promovidos em quatro aulas, visando ensinar receitas culinárias “fáceis de fazer e vender”.
“Inovamos em muitos cursos, porque percebi a necessidade de renda rápida. Também fizemos parcerias importantes com a Coop, para o reaproveitamento de alimentos, a BRF Foods, para o curso de aprendiz de cozinheiro, e vários cursos rápidos, com a marca de chocolates Mavalério”, acrescentou.
Também com a intenção de ajudar a população carente na geração de renda, a ex-presidente apontou ter estendido os cursos de capacitações para a área rural, oferecendo aulas no bairro Americana, Congonhal, Mirandas e Tanquinho – região do Jardim Santa Rita de Cássia.
Além dos cursos de capacitação, Sônia salientou inúmeros projetos e campanhas promovidos pelo Fusstat durante os quatro anos, com arrecadação de agasalhos, cobertores e alimentos a serem distribuídos à população carente, além de reformas e revitalizações em espaços públicos.
“Todas as conselheiras estiveram envolvidas nessas ações e ajudaram muito. Por meio do ‘Abrace a Santa Casa’, muito bem coordenado pela Alessandra (atual presidente) e com o apoio de empresários da cidade, conseguimos revitalizar 33 quartos do hospital, além de outras ações, como a reforma da pediatria e outros espaços do hospital”, enfatizou Sônia.
Para a distribuição de alimentos, a ex-presidente elencou, como principal ação, a campanha “Unidos pela Solidariedade” – criada no final de março do ano passado, com o objetivo de apoiar as famílias tatuianas afetadas economicamente pela pandemia do novo coronavírus.
Segundo Sônia, entre março e dezembro, foram arrecadados 2.325 cestas básicas e 248 kits com produtos de higiene e materiais de limpeza, distribuídos a famílias em situação de vulnerabilidade social.
“Durante a pandemia, também realizamos a campanha ‘Inverno Solidário’, com a arrecadação de 1.175 cobertores novos; fizemos quase 40 mil máscaras; além de cortinas para a UPA (unidade de terapia intensiva) e UBSs (unidades básicas de saúde) e uniformes para a Saúde”, adicionou.
Outra iniciativa elencada por Sônia é o projeto “Boneco de Meia”. Ela começou em 2017 e atendeu mais de 3.839 alunos, de zero a cinco anos, das creches pertencentes à Secretaria Municipal de Educação, com bonecos feitos artesanalmente a partir de meias doadas à instituição.
Em 2017, a iniciativa distribuiu 844 bonecos junto às creches e pré-escolas. Em 2018, a produção chegou a atender 1.345 estudantes da rede infantil e, em 2019, outras 1.650 peças foram doadas.
Já no ano de 2020, em “home office”, conselheiras, voluntárias e professoras do Fusstat produziram 3.035 bonecos. Sônia explicou que os bonecos ainda não foram distribuídos devido às determinações de isolamento social.
A ex-presidente ainda apontou o lançamento dos projetos natalinos “Natal Espetacular”, ocorrido em 2018, com a confecção de enfeites para a Praça da Santa, e o “Circuito de Luz”, em 2019, para a decoração da praça Ayrton Senna, em homenagem aos 25 anos do piloto que dá nome ao espaço público.
As iniciativas foram promovidas pelo Fusstat em parceria com a prefeitura e a rede municipal de ensino, com a arrecadação de garrafas pet e a confecção de enfeites usando o material reciclável.
“Tivemos também o Casamento Comunitário, em 2018, com a união de 50 casais em cerimônia civil e religiosa ecumênica, e, em 2020, conseguimos a união civil de mais 50, em parceria com o Cartório de Registro Civil de Tatuí”, continuou Sônia.
A ex-presidente ainda ressaltou a participação do Fusstat em projetos como o “Costurando o Futuro”, por meio de convênios com o Fussesp (Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo), e o “Eu Ajudo na Lata”, realizada pelo Fusstat em parceria com a Secretaria de Educação.
Com o trabalho realizado, o Fusstat foi referência para outras instituições da região. Sônia contou ter recebido a visita de várias primeiras-damas e presidentes de Fundos Sociais para conhecer como funciona o trabalho local.
“Por todo este trabalho e muitos outros, entrego a presidência com emoção e certeza de dever cumprido. Hoje, só tenho a agradecer a toda à população e, especialmente, à gestão da prefeita Maria José, que, com seu olhar humanizado, nos ajudou muito”, disse Sônia.
Sobre o trabalho voluntário, a ex-presidente afirmou: “Ajudar os outros é fazer o bem a si mesmo, porque ser feliz é bom, mas fazer os outros felizes é melhor ainda”.
“É essa a sensação que tenho, não só nestes quatro anos no Fusstat, mas desde pequena”, disse a ex-presidente, acrescentando que, ainda na infância, costumava acompanhar a mãe em trabalhos voluntários.
“Minha mãe já tinha muito disso, de ajudar as pessoas. Ela dava aulas de artesanato no Lar São Vicente de Paulo, fazia visitas periódicas na Santa Casa, para oferecer solidariedade e uma palavra amiga aos doentes. Eu sempre ia junto, e tive este exemplo dentro de casa”, lembrou.
Depois de trabalhar 25 anos como professora na disciplina de história, Sônia se aposentou e passou a dedicar-se mais ainda a ações voluntárias. Ela iniciou o trabalho junto ao Fusstat em 2005, mesmo ano em que a então primeira-dama, Maria José, assumia a presidência do Fundo Social.
Sônia dava aulas de artesanato, sabonete líquido e pedrarias, e, por oito anos, ensinou e incentivou o fortalecimento de muitas mulheres em situação de vulnerabilidade social, dentro dos centros de capacitação, que também foram criados nessa época.
Em 2009, passou a integrar o Conselho Municipal do Fundo Social de Solidariedade e, em 2017, aceitou a presidência da entidade. Em ambas, a convite de Maria José, respectivamente, como então presidente do Fusstat e, depois, já como prefeita.
Para a responsabilidade, a presidente contou com a colaboração de coordenadoras e conselheiras que integraram o Conselho Municipal do Fundo Social – este também formado pela união de pessoas com histórico de voluntariado.
“Aceitei a dura missão de continuar com os trabalhos iniciados em 2005, pela atual prefeita, e ainda inserir novos projetos, sempre com a mesma premissa, de não só dar assistência às pessoas de baixa renda, mas ajudá-las na qualificação profissional e na geração de renda, por meio dos cursos de capacitação”, comentou.
Sônia ainda salientou que o impacto do trabalho voluntário afeta diretamente as pessoas, proporcionando melhoria na vida pessoal e profissional, e contou ter acompanhado o desenvolvimento de centenas de mulheres, antes com baixa autoestima e sem esperanças, devido à situação financeira.
“Tivemos muitos testemunhos de vidas transformadas e de sonhos que se tornaram realidade por meio do Fusstat, o que é muito gratificante. Muitas me falaram o quanto os cursos foram importantes na vida delas”, sustenta a ex-presidente.
“Acho que todo mundo deveria ser voluntário. Se cada um fizesse um pouco, nós conseguiríamos mudar o mundo. Sempre pensei assim, cheguei a ser taxada de sonhadora, mas acho que consegui um pouco disso. Encerrando estes quatro anos e olhando para o retrovisor, vejo um filme com ação e com muitas vidas transformadas”, concluiu Sônia.