Ao longo das reuniões públicas promovidas para a revisão do Plano Diretor, no início deste mês, a mobilidade urbana – de forma não surpreendente – despontou como o maior desafio a ser enfrentado pelo município em caráter “emergencial”.
Na prática, o PD deve nortear as políticas públicas para os próximos anos, mas nem todos se atentam a isto, estando mais preocupados com o que preocupa no momento, e o trânsito, sem dúvida, é o que mais tem incomodado o tatuiano.
É compreensível (e visível) na rotina diária da cidade, que tem suas ruas centrais, praticamente, paralisadas em determinados horários. A própria segurança pública, que já preocupou tanto no passado, tem se mantido em índices de ocorrências dentro de níveis, senão maravilhosos, abaixo da média estadual e nacional.
Mesmo os assassinatos – que mais preocupam, obviamente, ao lado dos latrocínios – têm ocorrido abaixo da média. E o mais significativo – cujas causas podem implicar em sorte, ou não… – é que, dos três cometidos neste ano, pelo menos dois teriam sido por questões familiares – diferentemente do passado, quando a imensa maioria era relacionada ao tráfico de drogas.
A preocupação com a mobilidade urbana foi ressaltada pelo prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, durante as audiências públicas, e reiterada em enquete promovida por O Progresso ao longo desta semana.
“No Santa Rita, esse foi um assunto muito priorizado”, declarou Manu. O bairro é um dos que estão recebendo mais investimentos do Executivo, para melhoria no fluxo da rua Teófilo Andrade Gama.
A Prefeitura está finalizando ciclovias no trecho entre o Rosa Garcia e o Santa Rita, e em vias de abrir novas ruas. Uma delas vai ligar a Teófilo Andrade Gama ao Parque San Raphael. Também haverá a abertura de uma nova via para acesso à rua Osmil Martins.
Também nas reuniões, a secretária municipal da Fazenda, Finanças e Planejamento, Lilian Maria Grando de Camargo, responsável pela pasta que atualizará o Plano Diretor, apontou que a cidade está “sendo direcionada para um desenvolvimento ocasionado pela expansão da Região Metropolitana de Sorocaba”.
A secretária sustentou que o “desenvolvimento está vindo pela rodovia Castello Branco”. “Podem ver que a cidade de São Paulo já está saturada. Muitas empresas vêm nos procurar para se instalar. Então, temos de preparar a cidade para receber esses investimentos”, afirmou.
Segundo Manu, o Plano Diretor possibilita que a cidade “seja pensada” de modo a evitar o crescimento desordenado. Afirmou que a projeção elimina consequências negativas de uma expansão sem planejamento.
Como exemplo, disse que a cidade tem bairros segmentados (em regiões de difícil acesso) com problemas viários – caso do Residencial Astória.
“Temos que despertar para o crescimento ordenado, respeitando a área industrial, a área de desenvolvimento social. Tudo tem de ser muito bem pensado”, declarou. Manu classificou como primordial a revisão do PD. Também defendeu a “aproximação da cidade” com a rodovia Castello Branco.
A premissa está correta, tal como as intenções. É fundamental, porém, jamais confundir crescimento com desenvolvimento. Se os planos de (re) estruturação da cidade forem efetivados, certamente, haverá muito ganho.
O revés estaria, justamente, em crescer – aumentar em tudo, inclusive, em população (e carros) – sem condições de atender às necessidades que isto implica.
Uma das providências a serem concretizadas diante desse desafio, o tão falado anel viário, pode e deve responder aos problemas da já comprometida mobilidade. Não seria a única solução, claro, mas significa grande avanço.
Projetado para criar nova rota de tráfego de veículos pesados, desafogando o trânsito na região central e melhorando as condições da malha viária da marginal do ribeirão do Manduca, o anel viário está perto de ser concluído.
A primeira etapa da obra está 90% pronta, informou o prefeito, acrescentando que a construção do dispositivo de acesso avançou 40% desde a retomada das obras, anunciadas pelo Executivo em junho do ano passado.
Ainda conforme Manu, a entrega da primeira etapa deve acontecer até o final do ano. A previsão é de que o acesso possa ser usado a partir do segundo semestre de 2014.
Com a conclusão da obra, o Executivo programa substituir a manutenção periódica da malha asfáltica da marginal por uma revitalização definitiva.
A Prefeitura estuda, ainda, a criação de um parque linear que “cortará” a cidade, incluindo calçadão para caminhada, ciclovia e equipamentos para ginástica ao ar livre.
O anel viário é considerado pelo Executivo como “um grande projeto” e ligará a via municipal Moisés Martins – que dá acesso ao distrito de Americana – à rodovia Gladys Bernardes Minhoto (SP-129) – até Boituva.
Essa rodovia também é ponto de ligação com a Antônio Romano Schincariol (SP-127), com acesso direto à Castello Branco. “Automaticamente, o anel viário vai tirar o fluxo de caminhões que, hoje, passam na marginal (do Manduca)”, apontou.
Conforme o prefeito, o anel viário prevê acesso direto à SP-127, e, de lá, os veículos poderão circular pela SP-129 ou seguirem à SP-280.
Diante da realidade, essa obra, muito mais que benefício, é uma necessidade extrema, ao lado da atenção em outras áreas vitais, como saúde, habitação, educação e segurança. Enfim, as boas expectativas só não são maiores que os desafios.