“Prezado amigo Afonsinho / Eu continuo aqui mesmo”, era trecho de uma música famosa em que o autor Gilberto Gil saudava e enaltecia o meia atacante Afonsinho, do Botafogo, pela coragem de lutar em favor do atleta de futebol profissional e, também, para ser dono de seu passe, isso dentro de uma ditadura, onde a censura era maldosa em todos os setores, perseguidora e vingativa.
O jauense Afonso Celso Garcia, já no final da década de 1960, fazia o que o movimento Bom-Senso F. C. faz hoje, mas sem grandes engajamentos – afinal, o medo e o terror daqueles tempos eram presentes na assustadora sociedade e, lógico, também no meio futebolístico.
A luta do jogador começou quando dirigentes obrigaram-no a cortar os cabelos e a barba, compridões, e que eram uma “ameaça para a paz e segurança” da época, diziam os mandatários. Ele recusou-se, e teve que amargar exílio no Olaria, clube carioca, depois de meses sendo boicotado pelo então técnico Zagalo, que, anos depois, teve que engoli-lo no Flamengo, já dono de seu passe, alugado aos times.
Em 1975, esteve de volta no time que o revelou, o XV de Novembro, de Jaú (SP), o intrépido “Galo da Comarca”. Podemos ver, em pé: Sabará, Zé Carlos, Ciola, Zé Eduardo, Grizzo e Valentim. Agachados: Ivo, Navarro, Sebastião, Afonsinho, Guilherme e Toninho Alemão.
Contestador, irreverente e inteligente, assim Afonsinho se mostrou àquela geração. Outros também e em épocas diferentes, como Heleno de Freitas, Almir Pernambuquinho e, mais recentemente, o polêmico Romário produziram capítulos à parte do jogo sempre empolgante da bola.
NOTA: As fotos são do arquivo pessoal do autor, que data de 50 anos. Ele, como colecionador e historiador do futebol, mantém um acervo não somente de fotos, mas de figurinhas, álbuns, revistas, recortes e dados importantes e registros inéditos e curiosos do futebol, sem nenhuma relação como os sites que proliferam sobre o assunto na rede de computadores da atualidade