Conforme diversas pesquisas, a grande maioria das cidades encontra-se imune à politização idiota a tomar conta do país em áreas as mais vitais – entre outras, a da saúde, e isto em plena pandemia.
Há quem ainda não tenha percebido, mas a preservação da vida, descarada e tenebrosamente, não importa a muitas autoridades, mais preocupadas com as próximas eleições.
Como “todo mundo vai morrer um dia”, mais vale festejar a suposta derrota de um hipotético adversário na corrida contra a Covid-19 que agir em conjunto a favor da celeridade da vacina redentora.
Para quem ainda está preso ao passado, ruminando ódio ao governo federal anterior – apeado do poder pelo impeachment -, essa loucura de torcer contra a vacina seria algo como comemorar o aumento dos beneficiados pelo antigo Bolsa Família.
Explicando: antes, havia regozijo, como se fosse êxito, quando aumentavam os beneficiados pelo programa assistencial do governo petista– que se valeu de iniciativas da administração Fernando Henrique para ser configurado e, em 2021, deverá apenas mudar de nome e valores, embora mantendo o mesmo expediente de extrapolar a ajuda social para tornar-se cabresto eleitoral.
Isso é ruim porque o ideal seria ocorrer festa quando menos pessoas precisassem de ajuda do governo, justamente porque, então, já estariam conseguindo sobreviver sem o suporte público – com as “próprias pernas”.
No entanto, se assim acontecesse, embora denotasse avanço social, seriam menos eleitores, e isto não interessa a nenhum governo, seja de que suposto lado for. Daí, quanto mais gente recebendo auxílio emergencial, melhor.
No momento, torcer para o pior não difere muito dessa situação anterior. É certo que a fome pode matar, mas o novo coronavírus tem somado muito mais vítimas – pelo menos até o momento.
A despeito disso, o equivocado pragmatismo político, só não mais bizarro que insensível, faz crer a muitos que não importa a perda de tempo nas pesquisas de imunizações.
Claro, desde que se matem as pretensões dos “adversários”, ainda que, para a sepultura, sigam junto centenas de pessoas – isto lembrando que, no Brasil, estão morrendo cerca de 300 pessoas ao dia por Covid-19. Portanto, dois dias perdidos podem significar umas 600 mortes (mas, e daí, né? Todo mundo vai morrer mesmo…).
A tal politização da vacina, embora cruel e irracional, tomou conta do país. Felizmente, a maior parte dos municípios parece estar imune a ela.
Sim, os cidadãos têm suas preferências e opiniões; há quem se simpatize com tudo isso e até quem não queira tomar a vacina quando disponível. E, ok! Faz parte da democracia.
Mas, pelo menos um motivo de alento tem sido o descolamento da política local ao circo nacional, particularmente nas localidades do interior, onde a proximidade com os candidatos é muito mais real e, assim, “pessoal”, com menos interferências da “politização” estúpida.
No interior, o voto costuma ir para “quem a gente conhece”, assim também ocorrendo em Tatuí. De uma forma ou outra, todos os candidatos, ao Executivo e ao Legislativo, são mais conhecidos como “pessoas” que como “políticos”.
E isto é muito melhor, até porque falar em “ideologia” no Brasil é quase tão cômico quanto ameaçar com pólvora os Estados Unidos da América do Norte – a maior potência bélica do planeta.
Guardadas as devidas (e devastadoras) proporções a se considerar o poderio das Forças Armadas tupiniquins, chamar para a briga os EUA seria o mesmo que confrontar drones militares com bazucas de bambu municiadas com mamonas (as quais, para causar algum dano ao inimigo, só se fossem “mamonas assassinas”).
O conhecimento pessoal acerca dos candidatos, portanto, permite avaliação menos insegura, até menos sujeita à arma mais utilizada (e bem-sucedida) pela política nas eleições anteriores: as fake news.
Qualquer tatuiano, no caso, sabe bem quem é “fulano”, “cicrano” e “beltrano”, o que fizeram e deixaram de fazer os candidatos nos últimos quatro anos.
Se optar pelo voto em quem não crê ser o melhor, o eleitor deve ter lá seus motivos – seja incoerência, senão oportunismo –, os quais, embora não coincidindo com os interesses do município, devem ser respeitados, pela liberdade de escolha ser parte sagrada da democracia.
Um aspecto negativo, porém, é que, para contribuir com as escolhas, o jornal O Progresso tem realizado, há décadas, entrevistas com os candidatos ao Executivo, o que, neste ano, infelizmente, não aconteceu.
Isto porque, em razão da pandemia de Covid-19, não foi possível garantir a segurança necessária para as gravações pessoais com os candidatos, na própria redação do jornal, conforme sempre realizado.
De outra forma, por exemplo, com as questões enviadas a todos para que fizessem as próprias gravações, haveria tanto a possibilidade de as respostas serem previamente redigidas por assessores quanto a certeza da diferença de qualidade dos vídeos, dadas as estruturas de campanha muito díspares entre os quatro postulantes.
A despeito desta ausência, tal como o período eleitoral bem mais curto e restritivo quanto a comícios e interações pessoais – o que também não contribui -, é possível acreditar que a população saberá discernir propostas e intenções, optando pelos melhores.
Assim, a todos os eleitores tatuianos, atenção, ponderação e bons votos!