Da reportagem
No próximo semestre letivo, a Escola Estadual “Professor Ary de Almeida Sinisgalli”, na vila Esperança, passará a integrar o PEI (Programa de Ensino Integral). A unidade oferecerá 750 vagas para alunos dos anos finais do fundamental (6º ao 9º ano) e do ensino médio.
A mudança foi anunciada na quinta-feira, 5, pelo governador João Doria e pelo o secretário da Educação, Rossieli Soares, em entrevista coletiva, como parte de um plano de expansão do programa.
Conforme o governo, em todo o estado, serão 400 novas PEIs – 47 na região de Sorocaba. Com isso, o número de escolas de ensino em período integral no estado saltará de 364 para 1.064 a partir de 2021. No total, serão 542 mil vagas, o que corresponde a 15% da rede.
As novas escolas manifestaram interesse em aderir ao programa e obedecem aos critérios estabelecidos pela Secretaria da Educação, como ter mais de 12 salas de aulas e atender a uma comunidade com maior vulnerabilidade socioeconômica.
O programa contempla 48% dos municípios do estado. Com esta expansão, mais 82 cidades terão PEIs. Em Tatuí, a unidade escolar da vila Esperança é a segunda incluída no PEI e a primeira a oferecer a modalidade em dois turnos.
A Escola Estadual “Barão de Suruí” já oferece o ensino em período integral no município, entretanto, na unidade, situada na área central, a atividade é realizada em um turno único de nove horas.
De acordo com a diretora da “Ary Sinisgalli”, Mireile Outero Rigo Tardeli, a partir de 2021, a escola inicia um modelo novo de ensino integral com turno, das 7h às 14h, para ensino fundamental, e das 14h15 às 21h15, para o ensino médio – ambos com intervalos de uma hora (15 minutos para lanche e, depois, mais 45 minutos, para almoço ou jantar).
“Com isso, os alunos têm a oportunidade de passar mais tempo na escola. Até 2019, o turno era de cinco horas. Em 2020, aumentamos para seis horas, já como projeto-piloto para o ensino integral. Contudo, não se vivenciou a modalidade na prática, por conta da pandemia”, informou a diretora.
Segundo Mireile, com o programa, os alunos passam a ter uma matriz curricular diferenciada, incluindo “projeto de vida”, orientação de estudos e práticas experimentais, além de contar com apoio do professor tutor na área acadêmica e na orientação do “projeto de vida”.
“Os alunos também frequentarão disciplinas eletivas escolhidas de acordo com os objetivos. O foco do programa é fazer com que os alunos consigam se reconhecer no mercado de trabalho e encontrem as suas aptidões já no ensino fundamental”, enfatizou a diretora.
Além de alterar a rotina dos estudantes, o novo programa de ensino traz mudanças na atividade dos professores. Mireile explica que, no caso dos docentes, a carga integral chega a 40 horas semanais.
“O professor trabalha integralmente e recebe uma gratificação de 75% por esta dedicação, passando mais tempo que o aluno na escola. Deste modo, ele tem mais condições de se preparar, passar por formações e participar de mais reuniões coletivas, onde eles conseguem desenvolver melhor os projetos, diferentemente de uma escola regular”, declarou a diretora.
Segundo ela, as 750 vagas estarão disponíveis para todos os estudantes de ensino fundamental e médio interessados em estudar no período integral, inclusive alunos de outros bairros.
“Só não vai estudar aqui quem não quiser”, destacou a diretora, informando não ser obrigatório o ensino integral. Ela ainda acrescentou que quem não o quiser terá vaga garantida no ensino regular.
“O aluno não é obrigado a cursar o período integral, mas ele vai ser remanejado para a escola regular mais próxima da casa dele, que tiver vaga. E nós atenderemos todos os alunos que desejarem estudar em tempo integral, não somente os alunos aqui da comunidade da vila Esperança, mas todos os bairros”, reforçou Mireile.
Ela classificou o período de sete horas de ensino como “um atrativo” para os alunos do ensino médio inseridos no mercado de trabalho como menor aprendiz ou para aqueles do ensino fundamental que pretendem fazer cursos de especialização.
“Com aula em dois turnos, o aluno consegue conciliar o trabalho com as aulas, ele não fica limitado. Tem este diferencial: o estudante consegue fazer um curso, trabalhar, desenvolver alguma outra atividade. Ele passa mais tempo na escola, mas não fica restrito”, completou.
Para a diretora, o programa melhora a qualidade do ensino e traz diversos benefícios. Segundo Mireile, dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) 2019 apontam que as escolas do PEI de ensino médio de São Paulo cresceram 1,2 ponto em relação ao indicador anterior, enquanto as escolas da rede regular subiram 0,6.
As 33 escolas estaduais de São Paulo de ensino médio com melhores indicadores são todas integrantes do PEI. Nos anos finais do ensino fundamental, o cenário se repete: nove das dez primeiras escolas da rede estadual de São Paulo com melhores notas do Ideb são do PEI.
Estudos ainda mostram que o ensino integral aumenta a empregabilidade e a renda dos egressos. O investimento na modalidade ainda é uma das metas dos Planos Nacional e Estadual de Educação, que determinam que 50% das escolas devem oferecer o ensino integral até 2024 e 2026, respectivamente.
“A nova modalidade de ensino tira a criança da rua – porque ele passa mais tempo na escola -, proporciona atividades diferenciadas, cria mais vínculo do aluno com a escola, deixa mais evidente o protagonismo juvenil e, enfim, é um benefício social muito grande. Traz ganhos enormes para a comunidade”, concluiu a diretora.