Da reportagem
A Santa Casa de Misericórdia anunciou na segunda-feira, 28, a realização das primeiras cirurgias de videolaparoscopia no município por meio do SUS (Sistema Único de Saúde). O tratamento é inédito no município.
Conforme a ginecologista e diretora técnica da Santa Casa, Maria Laura Lavorato Matias, informou a O Progresso, o equipamento corresponde a um sistema de “última geração” e foi adquirido pelo hospital. Segundo ela, na região, apenas Sorocaba utiliza o método pela rede pública.
Na videolaparoscopia, a cirurgia é realizada com auxílio de uma câmera de vídeo e pinças introduzidas na cavidade abdominal por meio de incisões de até um centímetro. Desta forma, a câmera capta as imagens e as projeta em um monitor de alta resolução.
Maria Laura enfatizou que o procedimento é classificado como “minimamente invasivo”, por possibilitar cortes menores e, consequentemente, reduzir os riscos de infecção, abreviar o tempo de recuperação do paciente e ser menos dolorido em relação às cirurgias convencionais.
A médica apontou a redução do tempo de internação como um dos fatores mais importantes, principalmente neste momento, em que a cidade e o país estão com as atenções voltadas ao enfretamento da pandemia do novo coronavírus.
Para Maria Laura, “quanto menos tempo os pacientes ficarem internados no hospital para o tratamento pós-cirúrgico, menos eles ficarão expostos a situações que podem levar a complicações”.
O método começou a ser realizado em agosto, quando o hospital retomou a realização das cirurgias eletivas. Os procedimentos cirúrgicos estavam temporariamente suspensos desde março, seguindo recomendação do Ministério da Saúde.
A paralisação ocorreu, em todo país, no intuito de diminuir o fluxo de pessoas dentro do hospital e direcionar os recursos para o tratamento de pacientes suspeitos ou infectados pela Covid-19.
Os primeiros procedimentos minimamente invasivos foram realizados no final de agosto, pela equipe de cirurgia-geral, nos casos de colecistectomia (retirada da vesícula biliar).
Desde então, são efetuadas aproximadamente cinco cirurgias por semana, por meio do novo método. Conforme levantamento apresentado pela Secretaria Municipal de Saúde, até segunda-feira, 28, 19 pacientes haviam sido submetidos às cirurgias na Santa Casa.
Segundo Maria Laura, antes da aquisição do equipamento, as cirurgias para a retirada de vesícula eram realizadas da forma convencional – ou seja, com cortes abdominais e não por meio de incisões.
O diretor clínico da Santa Casa, Henrique Prestes Miramontes, enfatizou que o equipamento de videolaparoscopia é “essencial” para o hospital. Ele ainda classificou o aparelho como “o que há de melhor” em termos de procedimentos cirúrgicos.
“Com o equipamento, a cirurgia é menos invasiva do que um procedimento aberto, a agressão da parte abdominal é menor e o paciente tem menor risco de infecção. Então, em um comparativo, esse tipo de cirurgia é o que tem de melhor para o paciente”, reiterou o diretor.
Outro benefício, conforme apontado por Miramontes, ocorre em relação à cirurgia de pacientes com comorbidades. Ele explicou que, nestes casos, o procedimento por videolaparoscopia reduz de três a quatros vezes a incidência de complicações em relação à cirurgia com corte na região abdominal.
Como exemplo, lembrou o caso do primeiro paciente submetido a cirurgia por videolaparoscopia na cidade, para a retirada da vesícula.
“O paciente era obeso mórbido e, se fizesse a cirurgia aberta, poderia ter complicações. Com o aparelho, ele entrou na sala de cirurgia às 8h, às 8h30 estava na RPA (recuperação pós-anestésica) e, às 17h, já estava na casa, sem complicação nenhuma”, detalhou o diretor.
O médico afirmou que a tendência é seguir uma programação semanal com esse tipo de cirurgia visando reduzir a fila de espera pelo procedimento. Contudo, não informou o número de pacientes em aguardo pela cirurgia.
Maria Laura ainda antecipou que a Santa Casa expandirá a abrangência das operações por videocirurgia, incluindo ortopédicas e ginecológicas, na lista dos procedimentos oferecidos pela Santa Casa.
Segundo ela, esses procedimentos deixaram de ser realizadas na cidade em 2016 e, desde então, são atendidos em hospitais da região. A intenção é retomar o atendimento a partir de outubro, então por videolaparoscopia.
“Este equipamento representa muitos benefícios para o paciente em termos de recuperação e, além disso, esperamos que a gente reduza a fila de espera por cirurgia e consiga sanar essas demandas reprimidas de atendimento”, finalizou a médica.