*Dr. Jorge Sidnei Rodrigues da Costa - Cremesp 34708 *
Tratamento da asma
Objetivos do tratamento
O paciente deve ser informado sobre a natureza crônica de sua doença, para ajudá-lo a ser capaz de identificar os fatores ou alérgenos – que pioram a sua asma -, e deve ser ainda conscientizado a tomar corretamente os medicamentos prescritos.
Para o tratamento ter eficácia, é preciso que haja uma boa adesão pelo paciente. É muito importante ensinar o paciente sobre o manuseio dos dispositivos para inalação de anti-inflamatórios e broncodilatadores, compreender o porquê da necessária aderência ao tratamento, e como e quando utilizar a medicação sintomática de alívio, que deve ser usado nas crises e sobre o tratamento de prevenção de novas crises, durante o chamado período intercrises.
O paciente não deve entrar em contato com os agentes que desencadeiam suas crises e saber monitorizar sua doença através dos sintomas. A consulta emergencial durante a crise possibilita ao médico fechar o diagnóstico e resgatar o paciente da crise e estabelecer um plano de autotratamento, para o paciente continuar fora da crise.
Como tratar
Na crise aguda (exacerbação), administramos medicamentos que abrem rapidamente os brônquios. São os broncodilatadores, de preferência de uso inalatório (como o salbutamol), através de bombinhas pressurizadas, ou inaladores de pó, ou por nebulizações.
Esses medicamentos devem ser utilizados como drogas de alívio, ou seja, quando há crises agudas de falta de ar e sibilância à ausculta pulmonar. A asma é considerada uma doença inflamatória. Deve ser tratada, portanto, com anti-inflamatórios. De acordo com os sintomas, a asma é classificada em controlada, parcialmente controlada, em não controlada e asma de difícil controle.
Os anti-inflamatórios são utilizados de forma contínua, quando o paciente sofre de asma intermitente, mesmo quando o paciente se encontra fora de crise (sem falta de ar), pois mesmo assim sabe-se que ocorre inflamação. Existem pelo menos três grupos de medicamentos anti-inflamatórios utilizados na asma:
- Corticoides: é o grupo de melhor resultado, utilizados sempre por via inalatória (tipo bombinhas), apresentam biodisponibilidade baixa, ou seja, sem efeitos sistêmicos importantes (não altera o crescimento das crianças), ao contrário do que acontece quando os corticoides são administrados por via oral (por boca), principalmente se for usado em altas doses e por tempo prolongado.
- Cromonas: nedocromil e cromoglicato de sódio, hoje fora do arsenal terapêutico, eram utilizados em crianças, também por inalação, empregados principalmente na asma leve;
- Antagonistas de receptores de leucotrienos: já liberado para crianças maiores de seis meses, sempre por via oral (por boca e administrados com alimentos), podendo ser ministrados em associação com os corticoides inalados, quando estes sozinhos não controlam a doença.
Além dos broncodilatadores de “curta ação”, utilizados conforme a necessidade para alívio nas crises agudas de asma (bombinha de salbutamol), dispomos de substâncias broncodilatadoras de “longa ação”.
Estas são prescritas a cada 12 horas, às vezes só à noite (asma noturna), porém sempre associadas ao corticoide por inalação, na asma crônica, preconizado pela “Global Initiative for Asthma” (GINA) – na asma moderadamente persistente a severamente persistente.
Para a inalação dos broncodilatadores e anti-inflamatórios, existem vários dispositivos. Para crianças pequenas, sempre optamos pelas bombinhas associadas ao uso de espaçador, para não perder nada do jato do spray.
Na atualidade, a preferência para alívio da asma, segundo as recomendações da GINA, vigentes a partir de 2019, em qualquer etapa do tratamento da asma em que o paciente necessite de broncodilatador, é a associação de um corticoide inalatório (CI) e um broncodilatador ß2-agonista de longa ação (Laba) em baixa dose – p.ex.: CI+formoterol em baixa dose.
Outra opção para alívio seria o ß2-agonista de curta ação (Saba), conforme a necessidade. Esses tipos de medicamentos devem ser especificamente explicados aos pacientes e aos pais, ao se tratar de crianças.
Tratamento da atopia
O tratamento da atopia (alergia) no paciente com asma brônquica deve ser encarado de forma ampla e global, tratando do indivíduo como um todo. O tratamento está ancorado em quatro segmentos:
P – Profilaxia (controle ambiental). É fundamental no tratamento. Visa primordialmente o combate à poeira doméstica, aos ácaros e aos fungos, a poluição ambiental, melhorando o ambiente para o paciente alérgico.
F – Fisioterapia – natação (em escola, com orientação de professor de educação física) + exercícios respiratórios com fisioterapeuta + instrumentos de sopro (o paciente pode aprender a tocar instrumentos de sopro, como flauta, clarineta, oboé etc.); as crianças podem aprender “brincadeiras” de sopro (soprar: balão, “língua de sogra”, canudinho dentro de um copo d’água etc..). São exercícios respiratórios importantes.
M – Medicamentos – normalmente usados por tempo prolongado, com orientação e acompanhamento médico (receita). Os medicamentos usados são os citados acima.
I – Imunoterapia. É um método de hipossensibilização com vacinas específicas para alergia (sublinguais ou injetáveis de forma subcutânea – em baixo da pele). O esquema de imunoterapia injetável ideal deve ter a duração aproximada de 4 anos e é considerado pela OMS como um dos principais tratamentos para o paciente alérgico crônico.
* Médico com TEP (título de especialista em pediatria) pela AMB (Associação Médica Brasileira) e SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e diretor clínico da Alergoclin Cevac – e Clínica de Vacinação Humana. Fonte: http://www.asmabronquica.com.br/paciente/ e arquivos próprios do autor.