Da reportagem
O motorista Anísio Moreira Satel, 57, acusado de matar a esposa, Adelaide Selma Paulina Remde Satel, 72, foi preso na noite desta terça-feira, 7, pela Polícia Militar, após o Tribunal de Justiça emitir mandado de prisão contra ele.
O homem retornou à casa dele, localizada na rua Juvenal de Campos, no Jardim Santa Cruz, nesta manhã e um grupo de mulheres permaneceu em frente à residência do suspeito, após vizinhos terem informado que Satel estava no local. Elas pediam por justiça e realizaram a vigília até às 21h, quando a Justiça expediu o mandado de prisão.
De acordo com a advogada Bruna Maeli, do Núcleo Feminista Rosas da Revolução, ela, em conjunto com outras companheiras de profissão, pediram a prisão preventiva do acusado.
Segundo Bruna, a delegada da DDM não estava no município, mas assinou o documento pelo sistema eletrônico, sendo encaminhado ao juiz.
“Ainda estávamos em pelo menos 15 pessoas acampadas em frente à casa do acusado para impedir que ele fugisse. O mandado saiu por volta das 21h, a polícia chegou lá e prendeu ele”, contou a advogada.
A tatuiana Débora Cristina Machado de Camargo também criou um abaixo-assinado virtual, solicitando que a Delegacia de Defesa da Mulher de Tatuí requeresse ao Poder Judiciário a prisão preventiva de Satel. Até às 16h20, 6.721 haviam assinado o documento digital.
Já na tarde de sexta-feira da semana passada, 3, o Núcleo Feminista Rosas da Revolução e o Movimento Popular Práxis realizaram um ato pelo fim da violência contra as mulheres, denominado “Carreata Pela Vida – #Justiça para Adelaide”.
Os participantes da carreata foram orientados a usar máscaras de proteção e a permanecer nos veículos. A Estação Ferroviária foi o ponto de encontro, de onde os veículos percorreram algumas ruas do município.
Mulheres do grupo “Esquadrão das Minas”, das cidades de Buri e Campina do Monte Alegre, apoiam o movimento e enviaram fotos com a frase: “Justiça por Adelaide”.
O caso
Conforme o boletim de ocorrência registrado sobre o caso, Satel é acusado de ter agredido Adelaide, no imóvel deles, na tarde do dia 24 de junho. Adelaide faleceu no dia 29 de junho, após ficar cinco dias internada, em estado grave, no Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto”.
Segundo o boletim, o motorista ainda é acusado de ter agredido um casal de vizinhos e depredado um automóvel e uma moto deles. O casal e algumas enfermeiras, de um posto de saúde próximo, estiveram no local e informaram ter escutado gritos de socorro no momento da suposta agressão.
Conforme a PM, quando os agentes chegaram ao local, uma equipe do Corpo de Bombeiros já socorria a idosa, que estava consciente, caída nos fundos da casa, enquanto Satel estava dentro da residência. Aos policiais, ele alegou que a esposa tinha depressão e tomava medicamentos.
O marido afirmou ter dito à esposa que “queria ficar na dele” e, posteriormente, visto que ela havia “se atirado” de uma janela do quarto do pavimento superior da residência.
Na sequência, segundo o BO, a vítima e o motorista foram levados à unidade de saúde para exames de corpo de delito. A idosa acabou internada, em estado grave, na Santa Casa de Misericórdia, com fratura exposta em um dos braços e traumatismo craniano.
O delegado decidiu deter Satel para o suspeito prestar mais esclarecimentos e responder criminalmente, registrando boletim de ocorrência de tentativa de homicídio qualificado, lesão corporal e vias de fato. Após a morte da idosa, o documento foi alterado para homicídio qualificado e violência doméstica.
A DC informou que o motorista permaneceu detido no local e, na manhã do dia seguinte, foi encaminhado a Itapetininga. Na cidade vizinha, passou por exame do IML (Instituto Médico Legal) e por audiência de custódia, sendo determinado que fosse solto.
De acordo com a DC, após a defesa da Defensoria Pública, o Tribunal de Justiça entendeu que, naquele momento, não havia provas de que o acusado tivesse agredido ou atirado a vítima pela janela do segundo andar da residência.
Conforme a decisão do juiz, existe a possibilidade tanto de cometimento de suicídio como de tentativa de feminicídio, que deve ser apurada durante o inquérito, assim como os crimes de dano relatados pelos vizinhos.