Da reportagem
O número de mortes registrados em Tatuí no período da quarentena cresceu 17,1%, neste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado. Os dados são apontados por levantamento divulgado no Portal da Transparência do Registro Civil.
Conforme o relatório, entre os dias 16 de março e sexta-feira, 29, 178 mortes por diversas causas foram registradas na cidade. Deste número, 74 pessoas faleceram em decorrência de alguma síndrome respiratória, o que representa 41,6% do total deste ano.
As estatísticas se baseiam nas declarações de óbitos – documentos preenchidos pelos médicos que constatam os falecimentos – registradas nos cartórios.
Além da SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), foram consideradas outras causas de morte relacionadas à Covid-19, como pneumonia, insuficiência respiratória e septicemia, que é o choque séptico.
Até às 10h de sexta-feira, 29, o registro apontava sete mortes por Covid-19, uma morte por SRAG, 35 por pneumonia, nove por insuficiência respiratória, 21 por septicemia e uma por causa indeterminada (ligada a doença respiratória, mas não conclusiva). Os outros 58,4% (104) apontam outros tipos de óbitos.
Já no ano passado, foram emitidas 152 declarações de óbitos, das quais 68 apontam falecimento em decorrências de doenças respiratórias – o que representa 55,3% do total.
Nos mesmos 74 dias de 2019, não houve o registro de morte por nenhum tipo de síndrome respiratória aguda grave. Contudo, 31 pessoas faleceram vítimas de pneumonia, 8 por insuficiência respiratória, 27 por septicemia, 2 por causas indeterminadas e 84 por outros óbitos (47,3%).
Em números, o saldo de mortes por doenças respiratórias passou de 68 para 74, o que representa salto de 8,82% em relação ao mesmo período do ano passado.
No entanto, não é possível afirmar que haja relação com a pandemia, já que o percentual de óbitos por causas respiratórias em 2019 é maior que o registrado neste ano.
A atualização do Portal da Transparência pelos registros de óbitos lavrados pelos cartórios de registro civil obedece a prazos legais. A família tem até 24 horas após o falecimento para registrar o óbito em cartório, o qual, por sua vez, tem até cinco dias para efetuar o registro de óbito, e depois até oito dias para enviar o ato à Central Nacional de Informações do Registro Civil, que atualiza a plataforma.
O levantamento ainda aponta que, em diversos estados, as mortes por problemas respiratórios subiram, o que pode indicar indícios de subnotificação de casos de Covid-19, pois o número de óbitos por SRAG, bem como o de pacientes com a síndrome, em 2020, é o maior já registrado em relação aos anos de 2018 e 2019.
Os casos de SRAG são de notificação obrigatória pela rede de saúde pública e privada e incluem hospitalizações de pacientes que apresentaram sintomas como febre, tosse ou dor de garganta e dificuldade de respirar, além de óbitos de pessoas que apresentaram esses sintomas, mesmo que não tenham sido hospitalizados. Este quadro pode ser resultado de vírus respiratórios, como o coronavírus e também de influenza (gripe).
Entre os estados que mais contabilizaram mortes por SRAG, está Pernambuco, com aumento de 6.357% no período da pandemia, seguido por Amazonas, com 4.050%, Rio de Janeiro, 2.500%, e Ceará, 1.666%, e São Paulo, com 866%.
O diretor executivo do Departamento Municipal de Obras e Infraestrutura, Elias Donizeti Miranda, que administra os cemitérios municipais Cristo Rei e São João Batista, afirmou que não houve alteração na média de sepultamentos na cidade.
Levantamento feito a pedido de O Progresso, considerando os enterros realizados nas duas necrópoles nos meses março e abril dos dois anos, mostra aumento de 67 para 81 em março e queda de 80 para 79 em abril. Ainda não foram fechados os números de maio.
“Quanto ao número de enterros, posso afirmar que está tudo transcorrendo dentro da normalidade. As únicas coisas que mudaram na rotina dos cemitérios foram o aumento nos cuidados e o fechamento dos portões para evitar aglomerações”, assegurou o administrador.