Da reportagem
O CMDM (Conselho Municipal dos Direitos da Mulher) promoveu na segunda-feira, 9, a partir das 9h, o encontro “Uma Trajetória de Conquistas e Lutas”, para celebrar o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março.
O evento, realizado em parceria entre a prefeitura e a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), foi aberto ao público em geral, na Câmara Municipal, reunindo centenas de pessoas.
A abertura foi realizada pela contadora de histórias Elaine Pires, com contos africanos, e seguiu com duas palestras sobre saúde e direitos da mulher. Entre os intervalos, houve apresentação do coral “Espaço Feliz”, do Lar Donato Flores.
A presidente do CMDM, Mirna Iazzetti Grando, acentuou que o evento era realizado para homenagear o Dia Internacional da Mulher e lembrar o motivo de a data existir e ser celebrada no Brasil.
“Quando elaboramos o evento, pensamos em homenagear a data, lembrar que a mulher é protagonista de muitas conquistas que até hoje são importantes para a sociedade e também informar o público feminino sobre seus direitos em diversas áreas, assim como na saúde”, pontuou.
A primeira palestra foi ministrada pela advogada Paula de Cássia Bernardes, pós-graduada em ciências penais e em direito da família e sucessões. Ela também é presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB e falou sobre o tema “Efetivação dos Direitos Humanos da Mulher”.
A advogada apresentou um estudo sobre as conquistas referentes às mulheres do ponto de vista legal, mostrando uma das vertentes do feminismo como um importante movimento na efetivação dos direitos da mulher.
Ela elencou o Estatuto da Mulher Casada, a lei do divórcio, o direito do voto, a Constituição Federal de 1988, o Código Civil de 2002 e a Lei Maria da Penha como os principais avanços do Brasil, indicando como surgiram e os resultados de cada um desses movimentos até a atualidade.
Segundo Paula, o objetivo da palestra foi levar informação e conscientizar as mulheres para que “haja união entre o público feminino em busca pela igualdade de direitos entre homens e mulheres”.
“A intenção é transformar as mulheres em um instrumento de saber e encorajá-las a denunciar todas as situações em que os direitos delas não estejam sendo preservados, além de conscientizá-las sobre uma luta histórica de mulheres que vem desde 1800 até os dias de hoje”, argumentou a advogada.
Ela acentuou que existe um longo caminho a percorrer-se na busca pela igualdade de direitos e apontou ser necessária a união entre o público feminino para que ações de preservação de direitos aconteçam e sejam efetivadas.
A advogada destacou a importância de eventos voltados a discussões sobre os direitos da mulher. “Em encontros como este, podemos juntar o máximo de mulheres e homens e conscientizar a população como um todo”, salientou Paula.
Ela acrescentou que o encontro “possibilita levar conhecimento a uma parcela da população que ainda não tem orientações e informações sobre os seus direitos e deveres, que devem ser colocados em prática no dia a dia”.
A segunda palestra foi conduzida pela biomédica e técnica em radioterapia Madalena Santos, que abordou o tema “A Importância da Saúde Pública para a Saúde da Mulher”. Ela trabalha no hospital das clínicas da Unicamp e é ativista em defesa do SUS (Sistema Único de Saúde) e da saúde da mulher.
Durante a palestra, Madalena mostrou como é feito o atendimento às mulheres por meio dos serviços de saúde pública instituídos pela Constituição Federal de 1988, que os classificam como um direito de todos.
Ela apontou que, conforme dados divulgados pelo Portal da Saúde, do governo federal, em 2013, 152 milhões de pessoas dependiam exclusivamente do SUS para ter acesso aos serviços de saúde (80% do total da população brasileira).
“As pessoas não podem esquecer que o SUS atende a maioria dos brasileiros. Quem fala que não precisa dele está errado. É o SUS que faz a fiscalização e permite que os convênios existam, e ele também é o responsável pelos transplantes e todos os tratamentos de câncer de pele no Brasil. Então, ele é fundamental para nossa assistência”, destacou Madalena.
A biomédica ainda falou sobre dados estatísticos do programa e levou informações a respeito de parto, gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis e prevenção da gravidez entre outros assuntos.
A biomédica assegurou ser fundamental que eventos como o do Conselho da Mulher ocorram para discutir sobre direitos. “O público feminino, hoje, tem poder de voz, e é fundamental que elas falem, se reúnam e ajudem as outras companheiras a se fortalecerem e melhorarem o pensamento crítico”, completou.
O CMDM está realizando diversas ações pelo Dia Internacional da Mulher. Na sexta-feira, 6, a presidente do conselho esteve na ESF (Estratégia Saúde da Família) “Dr. Medardo da Costa Neves”, no Jardim Rosa Garcia, falando sobre “os direitos da mulher e seu papel na sociedade”.
O encontro foi acompanhado de um café da manhã com as mulheres do bairro, que ainda ouviram a enfermeira da ESF local, Priscila Formigoni, falando sobre a necessidade e a importância do recadastramento do SUS na unidade de saúde.