Da reportagem
Mais de 300 funcionários da empresa Lopesco Indústria de Subprodutos Animal, do grupo Adeste, foram dispensados do trabalho, na manhã de segunda-feira, 6, na unidade situada na via municipal Antônio Lopes, 603, no bairro Rio Vermelho, em Tatuí.
Em nota encaminhada a O Progresso, na terça-feira, 7, a assessoria de comunicação do grupo Adeste confirmou o encerramento das atividades da unidade responsável pela produção de envoltórios naturais.
De acordo com a nota, “a decisão foi tomada com base em análises mercadológicas, que revelaram a inviabilidade de manutenção da operação em função do cenário econômico global que impacta o setor”.
Ainda por meio da nota, a empresa registra um “agradecimento”: “A Adeste aproveita a oportunidade para agradecer aos que fizeram parte desta longa história e está oferecendo o suporte necessário a todos”.
A empresa completaria 65 anos em Tatuí em 2020. Conforme informado pelo grupo Adeste, a unidade tatuiana foi fundada em 1955, para a fabricação de envoltórios naturais a partir da tripa de boi.
A auxiliar de produção Elizabeth Martins, 50, mora em Tatuí e também lamenta o fechamento da Lopesco. Ela trabalhou na empresa por mais de 15 anos e está entre os mais de 300 trabalhadores dispensados.
A O Progresso, Elizabeth contou que os funcionários estavam de recesso, pelo final do ano, e que voltariam a trabalhar na segunda-feira. Contudo, foram recebidos por diretores da empresa com o comunicado de encerramento das atividades.
“A gente (os funcionários) chegou lá e eles falaram que não era para ninguém bater o cartão. Pediram para aguardar no refeitório, que seria feita uma reunião, e daí falaram que a empresa estava passando por dificuldades financeiras, que não iria poder mais continuar e que todos seriam dispensados”, disse a trabalhadora.
A ex-funcionária afirmou que a empresa vinha “dando sinais de que estava em uma situação financeira difícil”. Porém, relatou que ela e outros funcionários ficaram surpresos com a demissão em massa e o fechamento da indústria.
“Foi um choque para todo mundo. Eles haviam comunicado que iriam ficar com poucos funcionários. No mês passado, mandaram 40 embora. Mas, quando voltamos, depois do recesso, fomos pegos de surpresa”, relatou.
Elizabeth ainda disse estar preocupada com a situação dela e de outras famílias que trabalhavam no local. Segundo a ex-funcionária, entre os demitidos, havia pais de família e até famílias inteiras que trabalhavam na empresa.
“É muito difícil. Todos os funcionários ficaram em uma situação muito difícil. Eu mesmo ainda não sei o que vou fazer da vida, estou sem rumo. Não esperava uma notícia dessa logo após voltar de uns dias de recesso”, completou Elizabeth.
Assim como ela, a ajudante de produção Celeste Aparecida de Queiroz também disse estar preocupada. A funcionária – que está de férias – completaria 11 anos de empresa neste ano e recebeu a notícia do encerramento por meio de outros funcionários.
“Não fui trabalhar na segunda-feira. Saí no dia 20, em recesso coletivo, e, até o dia 5 de fevereiro, estou de férias. Recebi a notícia de colegas de serviço, que me ligaram dizendo que a empresa fechou. Mas, deles (da Lopesco), ainda não recebi nenhuma informação”, acrescentou.
“Como estou de férias, não posso assinar a rescisão agora. Então, uma amiga minha perguntou para a empresa como ficaria minha situação, e eles disseram que, no meu caso, que estou de férias, o acerto será feito quando eu voltar, dia 5. Vai ter alguém lá para me atender”, comentou.
“Foi muito difícil receber essa notícia. Não sei o que fazer. Não me sinto em clima de férias ou de desempregada, porque ainda não recebi o comunicado de forma oficial. Está sendo muito triste e difícil essa situação”, completou Celeste.
Também a O Progresso, Gustavo Grando, ex-diretor do PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) e atual diretor do Departamento de Desenvolvimento Municipal, da Secretaria de Governo, afirmou que lamenta a perda da empresa na cidade e informou que a decisão não havia sido comunicada aos órgãos municipais.
“Pelo que fui informado, eles fecharam a produção, não vão continuar em outro lugar. Parece que apenas a produção do Paraguai será mantida. É muito triste ver uma empresa como esta fechando e, com certeza, isso vai impactar os índices de emprego no município”, comentou o diretor.