Da reportagem
O Lar Donato Flores, em parceria com a escola de idiomas Let’s GO 38 e o CMDCA (Conselho Municipal da Criança e do Adolescente), realizou na segunda-feira, 9, a formatura de 34 aprendizes que participaram do projeto Cultura Inglesa “Update Your Interview”.
Conforme a tradução livre, “Atualize Sua Entrevista”, o primeiro curso de idiomas oferecido aos estudantes da entidade tatuiana, tem a intenção de permitir que eles se tornem aptos para participarem de entrevistas de emprego realizadas em inglês.
Assim como todas as entidades regulares de Tatuí, o Lar Donato Flores pertence ao CMDCA. O conselho possui o “Fundo da Criança” e a partir dele consegue os recursos, em grande maioria, através de incentivos do imposto de renda.
Todos os valores depositados por pessoas físicas e jurídicas até o dia 31 de dezembro, no começo do ano, vão ao fundo e, posteriormente, o conselho promove a distribuição. A destinação do dinheiro é feita a partir de projetos apresentados pelas entidades.
De acordo com o diretor do Lar Donato Flores, Ubirajara Feltrin, no ano passado, a instituição apresentou um projeto para o ensino de inglês aos aprendizes com a finalidade de melhorar a qualificação deles. “O ensino do idioma era em um nível básico, mas uma forma bastante ‘puxada’ e equivalente a uma aula particular aos aprendizes”, informou Feltrin.
O projeto da instituição foi aprovado e a escola de idiomas Let’s Go 38 promoveu o curso aos 34 aprendizes a partir do mês de março até dezembro. As aulas aconteceram às segundas-feiras e sextas-feiras, sendo divididas em duas turmas.
No sistema de aprendizagem, os jovens ficam na empresa quatro dias e um na entidade. Cada aprendiz participava do curso uma vez por semana, na segunda-feira ou na sexta-feira em que não ia à empresa, no contraturno do dia em que ele estava no Lar Donato Flores.
“Aqueles que cursavam na segunda-feira, dia que ficam no Lar, na terça-feira, quarta-feira, quinta-feira e sexta-feira, vão à empresa. Já os que vão ao Lar e ao curso sexta-feira, ficam os quatro dias úteis anteriores na empresa”, exemplificou o diretor.
Atualmente, a instituição conta com 108 aprendizes, dos quais 34 foram escolhidos para participarem do projeto. Segundo Feltrin, o principal critério para seleção foi o real interesse deles em estudar, pois as aulas não poderiam ocorrer durante a carga horária.
“A carga horária dos aprendizes é determinada pelo Ministério do Trabalho e tem de ser cumprida rigorosamente. Portanto, não poderíamos tirá-los da empresa para realizar qualquer outra atividade”, justificou.
“Era fundamental que eles participassem por livre e espontânea vontade. Não podíamos obrigá-los, pois as aulas eram fora da carga horária deles”, complementou Feltrin.
Ele contou que a idealização do projeto ainda supriu uma demanda das empresas que possuem a pretensão de que os aprendizes delas tivessem uma noção do idioma. Conforme o diretor, no caso de jovens que trabalham na Yazaki ou na Ford, por exemplo, eles têm muito contato com estrangeiros.
Para Feltrin, “um jovem possuir um curso superior e de idiomas é quase uma exigência para ingressar no mercado de trabalho”. “Até algum tempo atrás era importante se formar em uma faculdade. Hoje, é fundamental”, apontou.
“As empresas normalmente perguntam se o aprendiz está na faculdade ou fazendo cursos complementares. Nesse momento, o curso de inglês é um diferencial e está quase se tornando um ‘arroz com feijão’”, declarou o diretor.
Apesar de ter sido a primeira vez que o Lar Donato Flores realizou o curso, Feltrin ainda não sabe se haverá dinheiro para que o projeto tenha continuidade em 2020. A instituição depende do incentivo do imposto de renda que irá ao fundo do CMDCA e, segundo o diretor, a verba para o próximo ano deverá ser menor em relação a 2019.
“Infelizmente, pelo que temos acompanhado, teremos bem menos dinheiro e, provavelmente, não vamos ter esse curso em 2020. Gostaríamos muito, porém, nós dependemos que as pessoas físicas e jurídicas façam a doação no imposto de renda”, declarou Feltrin.
Segundo ele, para o próximo ano, a intenção do Lar seria a de oferecer o curso básico a outros aprendizes, pois, o número de jovens na entidade é “rotativo”. “Claro que se tivéssemos o dinheiro, nós realizaríamos o curso completo aos aprendizes que se formaram e a todas as turmas seguintes”, ressaltou.
“Entretanto, será muito difícil repetir o curso em 2020. A não ser que uma empresa da cidade acabe depositando um valor que a gente nem imagina e possa nos ajudar”, completou o diretor do Lar Donato Flores.
Através de nota enviada à O Progresso, Silvia Balieiro, diretora da escola Let’s Go 38, afirmou que “os aprendizes foram transformados pelo conhecimento, aprimorando os currículos, desenvolvendo as habilidades e adquirindo um diferencial no mercado de trabalho”.
“É com imensa satisfação de dever cumprido que a Let’s Go 38 agradece a todos os envolvidos no projeto. Se quisermos e nos dedicarmos, conseguiremos. Não existem barreiras, são obstáculos que podemos superar juntos”, declarou Silvia, por meio de nota.