Ainda escuto, no fundo da memória,
o longo e tristonho apito do trem,
na manhã azul da minha juventude,
devassando o silêncio do povoado…
Assustado, muito assustado,
eu via minha rua arenosa, onde tanto brinquei,
ficando para trás…
O vento levantando novelos de poeira,
as casas correndo em procissão,
o campanário da capela sumindo devagar no horizonte…
E eu ali, sozinho, na janela,
olhos molhados, coração aflito,
partindo para o anonimato da cidade grande e distante,
como quem parte para o degredo,
com medo de nunca mais voltar!