A prefeitura, por meio da Vigilância Epidemiológica, da Secretaria de Saúde, confirmou, na quarta-feira, 28, um segundo caso de sarampo em Tatuí. Exame realizado pelo IAL (Instituto “Adolfo Lutz”) confirmou a doença.
De acordo com a secretaria, a paciente – uma criança de dois meses, moradora da vila Angélica – recebeu atendimento médico e passa bem. A equipe da Vigilância Epidemiológica realizou o bloqueio e a varredura no bairro.
A doença havia sido erradicada em todo o país e não registrava nenhum caso na cidade desde 2002, contudo, somente nos últimos dois meses (julho e agosto), 16 casos de suspeita de sarampo haviam sido notificados pela VE. Os pacientes passaram por exame e aguardavam resultado.
Neste ano, o primeiro caso da doença no município foi confirmado no mês passado. Uma menina de um ano e três meses, moradora do residencial Astória, apresentou os sintomas em julho, quando realizou o exame para diagnóstico.
De acordo com a secretária da Saúde Tirza Luiza de Melo Meira Martins, apesar de a situação estar controlada, é “importante que a população verifique se está com a carteira de vacinação em dia”.
Ela lembra que a vacina tríplice viral (que protege, também, contra a rubéola e a caxumba) pode ser encontrada em todas as unidades de saúde e é a única forma de se proteger contra a doença.
“A imunização é o ponto mais importante. Estamos reforçando muito o treinamento da nossa equipe em todas as unidades de saúde. Eles estão preparados para atender os casos de suspeita, mas o nosso foco é reforçar a questão da vacinação, pois ainda existem muitas crianças com a carteira em déficit”, comentou a secretária.
O Ministério da Saúde divulgou que, no período de 2 de junho a 24 de agosto, um total de 2.331 casos foram confirmados laboratorialmente em 13 unidades da federação, com transmissão ativa do sarampo.
Desses, 99% (2.299) estão concentrados em 66 municípios do estado de São Paulo, principalmente na região metropolitana. Apenas 1% (32) dos casos foi registrado nas demais 12 unidades da federação.
O Brasil recebeu a certificação de eliminação do sarampo em 2016. No entanto, após a interrupção da circulação endêmica do vírus, casos esporádicos e surtos limitados – relacionados à importação – ocorreram em diferentes estados.
Nesta quarta-feira, a Secretaria Estadual da Saúde confirmou a primeira morte por sarampo na capital. Esse é também o primeiro óbito registrado pela doença em todo o estado. A vítima era um homem de 42 anos, sem registro de imunização.
Conforme o MS, na semana passada, 1,6 milhão de doses extras da vacina tríplice viral foi distribuído a todos os estados, para garantir a dose extra contra o sarampo em todas as crianças de 6 meses a 11 meses e 29 dias. O objetivo é evitar o avanço da doença em crianças menores de um ano.
Além disso, foram adquiridas 28,7 milhões de doses adicionais da vacina, que irão garantir o abastecimento do país até 2020. As novas aquisições foram anunciadas na quarta-feira, pelo secretário da Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber, durante reunião com laboratórios produtores de vacinas.
Em Tatuí, a dose extra está disponível em todas as unidades de saúde, desde a quinta-feira da semana passada, 22. Contudo, Tirza ressalta que a chamada “dose zero” não substitui e não será considerada válida para fins do calendário nacional de vacinação da criança.
“Além da dose que está sendo aplicada em menores de um ano, os pais e responsáveis devem levar os filhos para tomar a vacina tríplice viral aos 12 meses e aos 15 meses. A vacinação de rotina das crianças deve ser mantida independentemente de a criança ter tomada a dose extra”, enfatiza a secretária.
Os adolescentes e adultos jovens até 29 anos de idade devem ter duas doses da vacina, e os adultos de 30 até 59 anos, pelo menos uma dose, comprovada na carteira de vacinação.
A vacina não é recomendada para crianças menores de seis meses, gestantes e pessoas imunodeprimidas (que nasceram com alguma deficiência imunológica).
A vacina contra o sarampo deve seguir o Calendário Nacional de Vacinação, determinado pelo Ministério da Saúde. As pessoas que já foram vacinadas, de acordo com a faixa etária, não precisam receber uma nova dose.
O sarampo é uma doença infecciosa grave, causada por um vírus, que pode ser fatal. Os sintomas são: febre, tosse, coriza, olhos avermelhados ou conjuntivite e manchas avermelhadas na pele (exantema maculopapular).
A coordenadora da VE, enfermeira Rosana Oliveira, lembra que a doença pode ser acompanhada de complicações sérias, principalmente em crianças menores de cinco anos, adultos maiores de 20 anos ou pessoas com algum grau de imunodepressão.
A doença é altamente contagiosa e a transmissão pode ocorrer entre quatro dias antes e quatro dias após o aparecimento das manchas vermelhas pelo corpo.
Rosana acrescenta ser “preciso cautela”, pois é difícil controlar o vírus depois que ele se instala. Segundo ela, cada pessoa infectada, por exemplo, pode transmitir a doença para até outras 18 pessoas em menos de duas horas.
A transmissão do vírus ocorre de pessoa a pessoa, por via aérea, ao tossir, espirrar, falar ou respirar, e começa antes mesmo que o infectado apresente os sintomas mais agudos da doença.
“Muitas vezes, a pessoa não está nem apresentando os sintomas, mas já está transmitindo o vírus. Aí que entra a importância da vacina. Se você está imunizado, não vai acontecer nada; mas, se você está com sua carteira em déficit, pode contrair a doença”, explicou.
Em caso de suspeita, com dois ou mais sintomas, a coordenadora orienta que se busque auxílio médico na unidade básica de saúde mais próxima e se evite o pronto-socorro, devido à aglomeração de pessoas e a estrutura de atendimento.
“Como é uma doença altamente contagiosa, é melhor evitar o PS, que tende a ser mais cheio. Toda a equipe da Saúde está preparada para receber este paciente. Mas, pedimos, encarecidamente, que a primeira porta de entrada seja a UBS, para evitar a disseminação da doença”, aconselhou.
Os profissionais de saúde do município passaram por treinamento, no dia 14 de agosto – data da confirmação do primeiro caso da doença – para o atendimento à população.
As orientações de um protocolo de atendimento unificado foram feitas pelo médico infectologista da Santa Casa, Marcus Vinícius Landim Stori Milani.
“O tratamento da doença é praticamente sem remédio. É necessário tomar muito líquido, repouso absoluto e isolamento social. A pessoa deve ficar na casa de cinco a sete dias, para não disseminar a doença. Também é feito o bloqueio vacinal de todos aqueles que convivem com a pessoa contaminada”, acrescentou a coordenadora.
A vacina contra o sarampo é aplicada às segundas-feiras, das 8h às 16h, nas unidades de ESF (Estratégia Saúde da Família) da vila Santa Luzia e vila Angélica. Já na UBSs do bairro dos Mirandas e do Jardim Santa Cruz, o atendimento é das 8h às 13h.
Às terças-feiras, a vacinação ocorre das 8h às 16h, em três unidades de saúde: ESF do Jardim Rosa Garcia, ESF do Jardim Santa Rita de Cássia e UBS da vila Dr. Laurindo.
Às quartas-feiras, a vacina está disponível das 8h às 16h na UBS central, ESF do Jardim Tóquio e UBS do bairro Valinho. Já na UBS do Congonhal, a vacinação é disponibilizada das 8h às 13h.
Às quintas-feiras, há vacinação em duas unidades de saúde, ambas com atendimento das 8h às 16h: ESF do Jardim Gonzaga e UBS da vila Esperança. E às sextas-feiras, também das 8h às 16h, a vacina é aplicada na UBS do São Cristóvão e na ESF do CDHU.
A assessoria de comunicação da prefeitura informa ser essencial que a pessoa verifique a caderneta de vacinação e busque se informar se já se vacinou contra o sarampo. Em caso de dúvida, a recomendação é que procure a unidade de saúde mais próxima de sua residência, ou ligue para (15) 3259-6358.
A secretária de saúde garante que os profissionais da área estão preparados para atender os casos de suspeita da doença. “Estamos orientando a população sobre vacinação, capacitando a equipe, e tomando todas as providências para que não haja surto da doença”, acrescentou Tirza.
Ela ainda afirmou que todos os agentes comunitários de saúde receberam treinamento e estão orientando a população nas casas quanto à vacinação, sintomas e procedimentos necessários em casos de dúvida.
“Não é necessário alarde. Por enquanto, estamos fazendo um trabalho voltado à prevenção e a oferecer a estrutura necessária com profissionais preparados para dar atendimento aos pacientes com suspeita da doença”, completou Tirza.