Durante as comemorações de aniversário da Cidade Ternura, já se consolidaram algumas tradições sem as quais, certamente, a festa não seria a mesma. Entre estas, destaca-se a programação da Semana Paulo Setúbal, tão diversificada quanto fundamental à valorização da arte e da literatura em Tatuí.
Ano a ano, o evento ganha a cidade em mais abrangência, justamente por extrapolar às atividades afeitas ao Museu “Paulo Setúbal” – as quais nunca foram poucas, embora ganhassem fôlego redobrado em particular neste período de celebração.
Em certo movimento de abertura à comunidade, não obstante, a “casa” de Paulo Setúbal tem investido em ações ininterruptas e focadas em atrair público, em levar a população para dentro do museu, evidenciando que seu conteúdo não é “velho”, mas “vivo”, dinâmico.
O museu se firmou como reduto da história, sim, mas também como reflexo do talento e da arte dos tatuianos para além da pena do escritor “imortal”. Exposições constantes e atividades culturais em agenda farta o comprovam.
É justo, portanto, apontar o Museu “Paulo Setúbal” como epicentro das comemorações e, ainda, o escritor como a referência maior das virtudes locais, não pela antiga fama, mas pelo que ele representa como virtuose na literatura – que é eterna, daí a “imortalidade” – e por seu carinho a Tatuí, às tradições caipiras e à “nossa gente”.
Paulo Setúbal, em todas as obras legadas à bibliografia nacional, resgata e reforça a história brasileira – em especial, a paulista -, ambientando-a feito cenário em suas ficções, algo tão comum na atualidade. Ou seja, Setúbal já era “moderno” há um século.
Não poderia ser mais oportuno, destarte, o ápice das comemorações de agosto ter no escritor, na literatura e no resgate histórico as maiores expressões.
Os concursos de literatura e artes visuais a levarem o nome de mestre representam tudo isso, e mais: reforçam a esperança de (re)valorização das letras e de um futuro menos sombrio, mais promissor, vislumbrado pela ótica das crianças, expressa em traços e textos – estes, muitas vezes, surpreendentes.
Também não por acaso, é de extrema satisfação ao jornal O Progresso poder levar a seus leitores o resultado de todo esse trabalho em favor da cultura e do resguardo da memória de Paulo Setúbal, organizado com afinco e competência pelo Departamento Municipal de Cultura.
Já como outra tradição consolidada, o tabloide “Paulo Setúbal” – cuja edição 2019 encontra-se em suplemento no jornal deste final de semana – apresenta todos os trabalhos vencedores dos concursos de âmbito nacional e local, reservado aos alunos dos ensinos fundamental e médio.
Por meio dessa publicação, os leitores podem comprovar o quanto vale investir em cultura e educação de fato – algo bem distinto do que se testemunha na atualidade.
Sim, vale (muito) a pena acreditar que a arte e a literatura podem inspirar empatia, conciliação, beleza, sensibilidade. E como tudo isto é ainda mais emocionante quando parte de crianças e jovens. Basta ler os textos e se permitir a, simplesmente, “sentir”!
Sentir esperança, prazer e, até, entusiasmo!
Ainda outro motivo para contentamento, nesta ocasião, é a continuidade de mais uma tradição de resgate e revalorização do passado, perpetrada por O Progresso há décadas: o especial temático de aniversário da cidade.
Para marcar o 11 de agosto, O Progresso (que completou 97 anos de fundação em 30 de julho) seguiu editando o suplemento de mensagens alusivas à data, porém, passou a figurá-lo com reportagens verdadeiramente especiais.
Essa novidade que veio a tornar-se tradição já soma 24 anos, quando o jornal apresentou, pela primeira vez, novos conteúdos nas publicações especiais, marcadas por reportagens de caráter histórico, sempre com o propósito de resgatar e valorizar as peculiaridades, as raízes do município e seus aspectos mais relevantes.
O tema do especial de 2019 é pautado pelos 90 anos da Associação Atlética XI de Agosto. E os leitores podem também comprovar que as histórias desse também tradicional patrimônio da cidade não são menos afortunadas e surpreendentes que a arte e a literatura dos concursos.
O suplemento traz reportagens que traçam uma espécie de linha do tempo, iniciando com a formação de um time de futebol, a partir do encontro de jovens no famoso Bar XV, de propriedade de Aristides Paes de Almeida.
Segue com a luta dos agostinos por encontrar um espaço próprio, além das incontáveis campanhas da diretoria para a construção e, posterior, reforma do campo. A série ainda inclui fatos curiosos, relacionados às conquistas dos agostinhos, fora os grandes eventos sociais.
Não obstante, o que o especial mais tem em evidência são justamente “pessoas”! Tatuianíssimos! Gente empenhada e apaixonada pelo clube, mas, muito além, pessoas edificadoras, que contribuíram, efetivamente, não só com a criação e progresso do mais tradicional clube tatuiano, mas com o próprio desenvolvimento da Cidade Ternura.
Este especial valoriza essas pessoas, “nossa gente” – exatamente como já o fez a literatura de Paulo Setúbal, nosso “imortal” tatuiano.