O IC (Instituto de Criminalística) de Itapetininga realizou na manhã de quarta-feira, 10, a segunda etapa da reconstituição da morte do veterinário Vicente Antônio Elias Júnior, 31, ocorrida no dia 4 de dezembro do ano passado, durante uma ação da Polícia Civil.
Os seis policiais envolvidos na ação, os advogados deles e da família da vítima acompanharam o trabalho da perícia. A reprodução simulada dos fatos aconteceu na vicinal que liga Tatuí ao município de Alambari, no Jardim Nossa Senhora de Fátima.
Os peritos usaram três carros para simular os veículos em que os policiais civis estavam, o carro da vítima (que foi guinchado até o local) e três pessoas que fizeram o papel das testemunhas e da vítima, para reconstituição da versão dos policiais.
Na manhã de quinta-feira da semana passada, 4, o IC acompanhou a versão da testemunha, um funcionário da família que estava com o empresário no momento da ocorrência. A reprodução simulada contribuirá para se esclarecer as circunstâncias em que o veterinário foi baleado.
O prazo para conclusão do laudo é de dez dias, mas pode ser estendido por causa dos detalhes da reconstituição, segundo informou um dos advogados da família.
A família ainda contratou um perito particular para auxiliar nos trabalhos da perícia. O profissional está com os laudos da necropsia, do veículo, da balística e também do local, para avaliar junto com as reconstituições já feitas.
“Temos que esperar sair o resultado das reconstituições. Depois disso, o perito vai verificar e fazer o laudo paralelo dele, e o delegado da corregedoria tem que fazer o relatório final, no qual ele vai indiciar, ou não, os policiais envolvidos”, comentou.
A defesa da família do empresário sustenta que houve incongruência entre os depoimentos dados pelos policiais durante a segunda reconstituição do caso e o inquérito instaurado na delegacia, na data da morte do empresário.
O advogado argumentou que não poderia entrar em detalhes e que tudo dependeria do resultado do laudo. Ainda afirmou que, dependendo do resultado, a defesa pode questionar a PC e o Ministério Público e, inclusive, pedir nulidade da reconstituição e uma nova reprodução.
“Depois disso, é o promotor quem decide pela acusação, ou não, dos envolvidos, e o juiz é quem determina se os policiais vão responder criminalmente pelo caso”, explicou.
O empresário – que completaria 32 anos no dia 1º de abril – estava em frente à porteira do sítio da família, acompanhado de um funcionário e um adolescente de 16 anos, quando foi abordado e morto.
Conforme constado em boletim de ocorrência, pela Polícia Civil, seis policiais à paisana – sendo quatro investigadores e dois delegados -, distribuídos em três viaturas descaracterizadas, realizavam uma operação, por volta das 19h, a partir de suspeitas de que o local seria usado para receptação de caminhões e carga roubada, quando encontraram o carro da vítima na estrada de terra.
De acordo com a polícia, os agentes teriam se identificado e um deles desceu para falar com os homens. Contudo, o motorista do veículo teria atirado contra a equipe. Com isso, no BO, é descrito ter ocorrido troca de tiros.
Ainda segundo o boletim de ocorrência, durante a ação, o motorista tentou fugir. Ao acionar a marcha à ré, ele teria atingido uma das viaturas descaracterizadas e, após outra manobra, acabou capotando o carro.
Segundo a polícia, mesmo após o acidente, a vítima teria continuado os disparos de dentro do veículo, permanecendo parcialmente com os membros inferiores para fora, ocasião em que os agentes teriam revidado, efetuando disparos.
Por sua vez, diferentemente da versão dos policiais, a irmã da vítima, Mariah Roberta Camargo Elias, 24, sustentou à imprensa que o irmão não atirou.
Segundo ela, o veterinário estava indo ao sítio do pai para tratar do gado, como fazia costumeiramente. Naquela oportunidade, decidiu levar junto o funcionário da família e o adolescente.
No caminho da chácara, a vítima teria percebido três carros atrás dele na estrada, mas continuou o trajeto. As testemunhas sustentaram que os veículos seguiram atrás da vítima até o sítio, abordando-os na entrada do local.
Mariah ainda contesta a informação de que os policiais se identificaram durante a abordagem. Segundo ela, as testemunhas garantem que nenhum dos agentes teria se identificado. Por isso, ela acredita que o irmão se assustou e tentou fugir.
Na data da morte, a Corregedoria e a perícia técnica estiveram no local. As armas utilizadas pelos policiais e pela vítima foram apreendidas e um boletim de ocorrência de homicídio em legítima defesa acabou sendo registrado.