A direção do Aeroclube de Tatuí programa para este fim de semana a inauguaração de um simulador de voo próprio. O equipamento, desenvolvido desde 2014, teve testes finalizados no passado e será apresentado durante o 61º Campeonato de Voo a Vela do Sudeste. A disputa tem início nesta sexta-feira, dia 1o, e segue até o dia 5.
O projeto surgiu em 2014, visando à modernização do ensino de voo a vela e uma alternativa de treino para pilotos de planadores, como conta o presidente do aeroclube, Alexandre Simões de Almeida. Para ser concretizada, a ideia seguiu com tentativas de parcerias, troca de informações entre profissionais da área da aeronáutica e a programação financeira. “Demorou a conseguirmos juntar um dinheirinho”, justificou o presidente.
Em 2018, o projeto avançou. A direção conseguiu concluir a aquisição dos equipamentos necessários (principalmente os ligados à projeção de imagens) e a preparação do ambiente destinado a abrigar o simulador. O dispositivo está instalado em uma sala climatizada e conta com três telas interligadas.
“Do projeto original para agora mudou bastante coisa”, antecipa o presidente. Alexandre explica que a principal alteração diz respeito ao “cockpit” (cabine onde ficam piloto ou aluno e instrutor ou copiloto). “Utilizamos outra aeronave. Tanto é que, na reportagem anterior, o modelo era outro”, cita.
O software utilizado no simulador também mudou. Não na linguagem, mas, sim, na versão. A equipe de desenvolvimento atualizou o programa Condor para a versão dois. “Ele (o software) é um dos mais conhecidos de voo a vela, específico para planadores. É um simulador, mas para planador”, diz Alexandre.
Nessa versão, o presidente descreve que é possível escolher todas as variáveis possíveis de um voo, como as condições meteorológicas, o tipo de planador e o cenário. Com isso, a equipe pode adaptar a experiência para iniciantes e pilotos.
Segundo o presidente, o programa contém cenários “de todo o mundo”. No entanto, apenas a cidade de Bebedouro está disponível quando a escolha do país é o Brasil. “O cenário do Estado de São Paulo está sendo construído por uma pessoa ligada à FBVV (Federação Brasileira de Voo a Vela)”, antecipa.
Almeida ressalta que a versatilidade da aplicação é tão grande que, em 2018, a federação organizou a primeira edição de um campeonato virtual de voo a vela. Os competidores participaram da disputa nas próprias casas, via internet.
O equipamento de Tatuí serve para treino de pilotos formados (que não possam voar por conta das condições climáticas) e para instrução de aspirantes (pessoas que estão frequentando cursos no aeroclube). “Ele serve desde a parte básica até para pilotos que estão competindo. É bem completo”, diz.
A inauguração do simulador será nesta sexta, 1, durante a realização da competição. Os planos da direção são de apresentar o equipamento para os competidores e público.
Estudantes da rede municipal de ensino também poderão ser os primeiros convidados a testar o simulador de voo de planador. “Queremos chamar alunos de uma escola para uma visita, no dia do campeonato, e permitir que eles conheçam não só as competições, mas que voem no equipamento”, conta Almeida.
Posteriormente ao campeonato, o simulador ficará aberto a demonstrações. O passo seguinte será o estabelecimento de um “período profissional”. A direção pretende cobrar de cada pessoa que deseje fazer uso do equipamento uma taxa. Os valores serão diferenciados, variando conforme o tipo de público.
Para a apresentação, a direção do aeroclube aguarda presença de membros da AFA (Academia da Força Aérea) de Pirassununga. Entretanto, Almeida enfatiza que a participação deles dependerá do clima. “Ficamos na dependência de não chover, porque os planadores deles vêm voando. Se chover logo no primeiro dia de competições, então, eles não virão”, complementa.
Entre os convidados está Marcos Paulo Vigliassi, responsável por projetar o simulador da AFA. O engenheiro elétrico deve avaliar o funcionamento do simulador construído em Tatuí. “Ele vai levar o que tem de diferente para o treinamento dos cadetes da academia, vai agregar a tecnologia que nós estamos desenvolvendo aqui, no equipamento deles de lá”, explica o presidente.
O intercâmbio também possibilitará ao Aeroclube de Tatuí agregar o equipamento ao plano de instrução. A metodologia ainda está sendo avaliada. “Para ser aluno aqui, a pessoa vai precisar passar pelo simulador”, diz Almeida.
De acordo com ele, o equipamento conta com todos os instrumentais de um planador. Para isso, a equipe de desenvolvimento utilizou a parte dianteira de uma aeronave real – que foi desmontada – e inseriu todos os comandos, de modo a fazê-los “conversar” com o software. O resultado é uma experiência imersiva que pode durar de 30 minutos (para iniciantes) a uma hora (para pilotos).
A meta seguinte é dar mobilidade ao sistema, por meio da tecnologia de realidade virtual. “Queremos puxar a Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Tatuí para que a gente possa tirar o simulador daqui e expor em outro lugar, sem precisar levar toda aquela parte de projetores, de telas”, encerra o presidente.