A prefeitura, por meio das secretarias da Saúde e do Trabalho e Desenvolvimento Social, divulgou, nesta semana, a programação da campanha “Janeiro Branco”, com diversas atividades.
O primeiro mês do ano, em todo território nacional, é dedicado a campanhas focadas em saúde mental. Em Tatuí, o evento será realizado pela primeira vez. Já no Brasil, a ação chegou à sexta edição e, neste ano, tem como tema “Quem Cuida da Mente, Cuida da Vida”.
De acordo com o psicólogo Janderson Mendes Miranda Martins, diretor da Raps (Rede de Atenção Psicossocial) de Tatuí, a intenção é mobilizar a população a pensar em todas as questões que envolvem o tema, desde as doenças que afetam a mente até a qualidade de vida e bem-estar das pessoas.
“Queremos chamar mais a atenção para a questão da saúde mental, um assunto muito sério, que precisa ser abordado. Atualmente, existem mais pessoas com transtornos mentais do que com qualquer outra doença no mundo. Tanto que o Organização Mundial de Saúde tem colocado isso como prioridade. É a doença do século”, afirma o diretor.
Conforme o psicólogo, cresce cada vez mais o número de casos de depressão, ansiedade, fobias, pânico, bipolaridade e outras doenças. “As pessoas precisam começar a cuidar também de aspectos mentais e emocionais. Por isso, pretendemos falar muito sobre o assunto durante esse mês”, ressaltou.
Estudos apresentados pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e pelo Ministério da Saúde indicam que o Brasil teve crescimento dos problemas relativos à saúde mental emocional.
“São altos os índices de violência (em domicílios, no trânsito ou em escolas), de criminalidade, suicídios, alcoolismo, drogas, depressão, ansiedade, preconceitos e outros sintomas relativos a estilos de vida adoecidos, que colocam em risco o equilíbrio mental, comportamental, espiritual e emocional dos indivíduos e das instituições sociais”, descreve a OMS.
Segundo o diretor, a programação em Tatuí foi elaborada com base em três pilares: Informação, com circuito de palestras sobre as doenças mentais possíveis; conscientização, com dinâmicas comunitárias; e saúde, com mutirões de atendimento psicológico na unidade básica de saúde central.
“A proposta é fazer com que as pessoas coloquem a saúde mental em uma lista de prioridades, que elas busquem um equilíbrio entre o trabalho e o lazer, comer e dormir de forma saudável, entre outras atitudes que podem ser tomadas como forma de prevenção”, assegurou.
O psicólogo explica que o equilíbrio mental pode ser afetado independentemente das doenças, por situações cotidianas vivenciadas, como pressões internas e externas, conflitos de relacionamento, perdas, desemprego, decepções e outros sentimentos que acabam tendo reflexo na saúde mental.
“Por isso, também vamos abordar as formas de tratamento, mostrando que é preciso cuidar da situação. A pessoa não pode achar que a depressão, ansiedade, bipolaridade, entre outras situações, sejam uma frescura, uma banalidade, ou para chamar a atenção da família. O assunto é sério e precisa ser abordado com seriedade”, completa.
A abertura oficial da campanha será na sexta-feira, 25, às 9h, na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). O evento começa com uma apresentação do “Janeiro Branco”, feita pelo diretor da Raps.
Na sequência, a psicóloga Marinara Aparecida Quevedo Soares e a terapeuta ocupacional Marina Rozendo Garcia vão falar sobre “As dimensões entre a saúde mental – Promoção e prevenção”. A ação se encerra com a enfermeira e coordenadora do Caps II (Centro de Assistência Psicossocial), Cláudia Augusta Moura, apresentando os serviços da entidade.
Apesar da abertura oficial ocorrer na próxima semana, a primeira ação da campanha em Tatuí já aconteceu na tarde de terça-feira, 15, no Cras da região central, quando usuários dos Suas (Sistema Único de Assistência Social) tiveram palestra com a psicóloga Jéssica Magalhães Andrade.
Na ocasião, Jéssica, mestre em psicologia pela Unesp (Universidade Federal Paulista), fez a apresentação intitulada “O que envolve a saúde mental? Ampliando percepções de si, para também perceber o outro” e promoveu reunião com jovens e adultos no centro.
A mesma palestra será ministrada ainda na sexta-feira, 25, às 14h, no Cras Sul; segunda-feira, 28, às 14h, no Cras Norte; e na quinta-feira, 31, às 14h, no Cras Leste.
O circuito de palestras segue na quinta-feira, 24, às 14h, na ESF (Estratégia de Saúde da Família) do CDHU e na quinta-feira, 31, às 10h, na ESF do Jardim Santa Rita de Cássia. As unidades receberão o tema “Quem cuida da mente, cuida da vida – Você cuida da sua saúde mental?”, com o psiquiatra Gregory Lawrence Pinto.
As dinâmicas comunitárias farão parte das ações de conscientização e serão realizadas no Cemem (Centro Municipal de Especialidades Médicas), na quarta-feira, 23, às 14h e na Praça da Matriz, na quinta-feira, 24, das 9h às 10h, com a participação do Projeto Caminhada Municipal e do Setor de Corrida e Atletismo.
Entre as ações da campanha, Martins destaca o mutirão de psicólogos da rede municipal vão se reunir para prestarem atendimento clínico na Unidade Básica de Saúde “Dr. Aniz Boneder”, a UBS central, entre os dias 21 e 25, das 8h às 17h.
“Vamos chamar os pacientes que estão na lista e tentar atender à demanda da unidade, dando prioridade para essas pessoas. Será um atendimento inicial. A partir daí, vamos dar encaminhamento e reavaliar situações de cada um”, declarou o diretor.
Martins ainda salienta que o atendimento vai gerar novos prontuários e que, com isso, será possível traçar uma estatística dos problemas existentes na cidade quanto à saúde mental.
“Além de dar o atendimento necessário à população, teremos um material muito bom para a criação de políticas públicas. Aí, vamos ter um parâmetro sobre os problemas relacionados ao uso de drogas, do álcool, casos de psiquiatria, bipolaridade, depressão, ansiedade, entre outros”, comentou.
“Isso tudo permitirá um atendimento organizado nas unidades básicas de saúde, uma avaliação específica para cada caso, avaliação dos casos e encaminhamento para os serviços necessários”, acrescentou.
Martins conta que pelo menos 250 pessoas devem ser atendidas nos cinco dias e que o serviço deve marcar o início de uma série de ações da Raps, no sentido de buscar melhorar o atendimento na área psicossocial.
“Será feito este mutirão para atender à demanda e para que a pessoa possa ter, pelo menos, um primeiro atendimento. Depois disso, as ações continuam. Vamos buscar um encaminhamento mais rápido para os casos em que é necessário tratamento e um fluxo maior de atendimento”, salientou.
O psicólogo assevera que a campanha Janeiro Branco é apenas uma das ações planejadas para este ano. “Tem vários passos que montei, e as ações terão continuidade ao longo do ano. Temos palestra sobre o uso de drogas, e também estamos planejando diversas ações para a campanha Setembro Amarelo, que é o mês de prevenção do suicídio”, adiantou.
Ele informa que a programação do Janeiro Branco dará continuidade a um projeto-piloto iniciado no ano passado, durante a campanha Setembro Amarelo.
Na ocasião, além de palestras com psicólogos nas unidades de saúde, a ação incluiu visitas de agentes comunitários às casas dos participantes tidos como suscetíveis a doenças mentais.
“É uma forma de a gente cuidar das pessoas mais humanamente. Assim, ficamos mais perto da necessidade da população, não fica só uma coisa mecânica de atendimento. A gente ouve, senta, vê o que seria mais indicado para cada caso, encaminha para atendimento. Isso ajuda muito”, observou Martins.
A campanha
Idealizada pelo psicólogo Leonardo Abrahão, de Minas Gerais, o Janeiro Branco surgiu como ideia em novembro de 2013. A campanha conta com a participação de diversos profissionais, que colaboram participando de palestras, debates e vídeos informativos sobre a importância do evento.
A conscientização já tem grande público em São Paulo, soma mais de 30 cidades de Minas Gerais e países como os Estados Unidos, Japão e Portugal.
É uma campanha criada e promovida por psicólogos com o propósito de convidar a população a discutir a importância do cuidado com a saúde mental, “em busca de mais felicidade e qualidade de vida”.
Martins ressalta que o mês escolhido para a campanha de saúde mental é proposital. Janeiro foi escolhido por representar, simbólica e culturalmente, um mês de renovação de esperanças e projetos na vida das pessoas.
“Nesta época, as pessoas estão mais vulneráveis, mais abertas a mudanças e a observar o que fez no ano. Estão mais sensíveis, então, é mais fácil construir diálogos”, conclui.