O criador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, é um pensador otimista. Crê que a 4ª Revolução Industrial poderá melhorar o convívio entre as pessoas, intensificar um regime de colaboração entre indivíduos, entidades, instituições e setores qualificados para a melhor utilização das tecnologias. O mau uso pode aprofundar as diferenças já expressivas entre os miseráveis e os privilegiados.
Para viabilizar esse projeto de envolvimento de todos os interessados e reverter a tendência egoística a um empenho solidário, Schwab propõe uma reflexão em torno a cinco ideias-chave.
A primeira parte da chamada Lei de Moore. A redução do tamanho e dos custos dos transistores está próxima ao seu limite físico. Parece haver chegado à fase da dimensão atômica. Enquanto isso, a Lei de Dennard, que contempla o aumento da velocidade e a diminuição do consumo de energia dos transistores, já não é mais válida. A ciência dos materiais está se esforçando para encontrar soluções, mas o simples processamento linear está próximo de seus limites físicos e precisará ser aumentado por novas formas de computação.
Os grandes problemas enfrentados pelas urgências computacionais vão muito além da capacidade de processamento. Não é suficiente aumentar o número de transistores. Há de se pensar em velocidade, latência e energia, que exigem novas maneiras de pensar a computação. Daí a atratividade das possíveis alternativas: computação quântica, fotônica e computação “mesh”. Esta é a computação em malha, distribuída por vários dispositivos em rede. Tudo indica seja uma solução mais ágil. Este o segundo eixo de pesquisas para viabilizar a consecução de uma revolução que preserve o humanismo.
Em terceiro lugar, pense-se no fenômeno da proliferação de computadores menores e mais rápidos. É o que permite concluir que os dispositivos estão saturando nossos ambientes urbanos, bens de consumo, casas e até mesmo o nosso corpo físico. Conectados à internet, tais dispositivos se tornarão parte de uma rede global, viabilizando aquilo que já existe, mas será ainda mais intensificado: a internet das coisas. Ou, como já está sendo chamada, a “internet de todas as coisas”.
Por outro lado, os centros de dados estão se tornando espaços centralizados para as informações coletadas e atualmente fornecem acesso a dados arquivados e também cuidam da capacidade de processamento. No futuro, nossas necessidades de uma computação cada vez mais ágil poderão exigir uma computação distribuída que seja mais acessível localmente por meio de dispositivos que assegurem a relevância da velocidade e do tempo. O que significa enorme mudança sobre onde se encontra a capacidade computacional e como ela é utilizada.
Por último, o maior desafio para as novas tecnologias da computação é a formatação de um olhar mais amplo sobre como elas impactarão nossas sociedades e comunidades. A acessibilidade, a inclusão e as preocupações sobre segurança, privacidade e autoridade precisarão ser tão analisadas quanto as próprias tecnologias.
É um campo imenso de pesquisa, reflexão e experimentação. Não há como reverter a humanidade a um estágio pré-4ª Revolução Industrial. Cumpre extrair dos avanços científicos e tecnológicos o que de melhor eles puderem oferecer, sob pena de atroz retrocesso no grau civilizatório alcançado nestes séculos de trajetória terrena.
Para essa verdadeira epopeia intelectual são chamadas as inteligências humanas, hoje tão ameaçadas pela inteligência artificial. Criação do ser pensante, mas em tudo aptas a superar suas capacidades e, quiçá, a substituí-lo. Quem é que está, seriamente, preocupado com isso? Quem atentou para esta desafiadora fase da aventura humana sobre o planeta Terra? Alguém acredita que o ser humano será descartável?
Não é isso o que queremos. Depende de nós evita-lo.
* Reitor da Uniregistral, docente universitário, palestrante e conferencista.