Os casos de acidente com escorpiões estão crescendo. É o que mostra levantamento do Centro de Controle de Zoonoses, da Secretária Municipal de Saúde. Conforme as estatísticas do setor, somente neste ano, o departamento já registrou mais de 20 notificações.
De acordo com dados da Vigilância Epidemiológica, no ano de 2017, ocorreram 37 notificações de acidentes com escorpiões. No ano passado o número subiu 43,2%, chegando a 53 casos, e, nestes primeiros dias de 2019, já houve quatro notificações no setor.
O visitador sanitário do Centro de Controle de Zoonoses, Samuel Gimenez, explica que também há os atendimentos realizados diretamente pelo setor de zoonoses. Em 2017, foram 23; em 2018, 47; e em 2019, já são 25, 88% a mais que no ano passado. Não houve nenhum caso de morte.
Gimenez destaca que os acidentes com escorpiões tendem a se intensificar no verão, já que o calor diminui a umidade dos esconderijos, o que provoca o deslocamento deles na procura de lugares mais adequados. No entanto, o aparecimento pode ocorrer durante todo o ano.
“Como no verão, há a incidência de chuvas fortes. Esses abrigos, muitas vezes, são alterados, fato esse que os obriga a procurar outros abrigos escuros e úmidos, mas acidentes podem ocorrer em qualquer período do ano”, explicou.
O visitador ainda salienta que o combate ao escorpião é difícil, pois não existe veneno 100% eficaz. “A única alternativa é a prevenção, tomando alguns cuidados para que se evitar o surgimento destes animais peçonhentos”, afirmou.
Dentre as ações preventivas, Gimenez destaca que, além de manter quintais limpos, é necessário realizar a vedação de possíveis entradas, como ralos de saída de água pluvial, portas e janelas.
“Pode-se usar telas ou ralos com tampas de abrir e fechar. As entradas das portas podem ser vedadas com borrachas ou, então, com “cobrinhas” de pano. Dá para embeber os tecidos com querosene, o que também ajuda, e, nas janelas, é bom usar aquelas telas mosqueteiras”, pontuou.
Já dentro de casa, a indicação é manter os móveis afastados das paredes por cerca de dez centímetros, não deixar toalhas e roupas em geral secando encostadas nas paredes e ou tocando o chão, verificar os sapatos e tênis, virando-os com a abertura para baixo e sacudindo uma ou duas vezes antes de calçá-los, não deixar lençóis e roupas de cama encostados no chão e vedar frestas nas paredes.
“O escorpião procura situações que são favoráveis. Locais escuros e úmidos, e têm muita habilidade para isso. Fechando a porta de entrada dele, você elimina uns 40% de chance de ele aparecer e, consequentemente, as chances de acidente”, orientou.
A assessoria de comunicação da Prefeitura informou, por meio de nota, que o Departamento de Fiscalização está fazendo um mutirão para notificação de terrenos sujos na cidade, desde o mês de dezembro.
A diretora de fiscalização, Débora Miranda Sinisgalli, informa que a legislação prevê prazo de 15 dias, após a notificação, para que se faça a limpeza do terreno. Passado esse prazo, o fiscal faz nova vistoria.
“Se o terreno continuar sujo, a multa é emitida e enviada ao proprietário. Se, mesmo assim, o proprietário não fizer a limpeza, a Prefeitura faz a limpeza, com cobrança de taxa”, ressalta.
Ainda por meio de nota, Débora salienta que os munícipes devem notificar os casos de terrenos sujos pelo telefone (15) 3259-8463, ou na ouvidoria online da Prefeitura (www.tatui.sp.gov.br/serviços/ouvidoria).
Se o morador encontrar um escorpião em casa e quiser recolher, Samuel aconselha o uso de luvas e um recipiente longo e de “boca” grande, para encostá-lo no escorpião e fazer com que ele entre no recipiente, que deve conter álcool.
Depois, é só levar o recipiente até o Centro de Controle de Zoonoses, situado na rua José Ortiz de Camargo, 594, centro, para identificação e mapeamento sobre o aparecimento e localização dos tipos de escorpiões. Mais informações pelo telefone (15) 3305-8890.
“É interessante notificar para que a gente possa fazer um levantamento das regiões e quais as espécies mais presentes em cada área. Isso vai norteando as ações de orientação e, também, encaminhamento para limpeza de terrenos”, comentou Gimenez.
Ainda segundo Gimenez, em caso de picada, é importante procurar auxílio médico imediatamente e levar o escorpião para que o profissional da área de saúde possa saber qual a espécie. Em Tatuí, os mais comuns são o amarelo e o marrom.
“Cada tipo tem um tratamento dirigido. Os amarelos são mais perigosos. Então, às vezes, é preciso administrar uma droga mais forte para cortar o efeito do veneno. É o profissional que vai decidir isso, e também quanto ao uso, ou não, do soro antiescorpiônico”, salientou Gimenez.
Acidentes
Ainda por meio de nota, o responsável pelo Centro de Controle de Zoonoses, José Rebouças, alerta que os escorpiões picam as pessoas apenas como ato de defesa. “Uma vez ele se sentindo ameaçado, como defesa, ataca a pessoa, utilizando a cauda, onde se localizam os telsons (ferrões)”, acentua.
Segundo ele, em caso de acidentes com escorpiões, algumas medidas devem ser observadas. Não se deve colocar nada sobre a picada (álcool, pomada, entre outros), apenas lavar em água corrente com sabão neutro ou detergente.
Rebouças ainda orienta não “sugar” o local da picada, não fazer torniquete e não tomar nenhum medicamento sem a prescrição médica. Apenas ingerir bastante água e dirigir-se, imediatamente, a um pronto-socorro.
As picadas de escorpiões não são muito visíveis, provocam dor com intensidade moderada, causam inchaço no local, dormência, suor, vômitos, transpiração excessiva, tremores, salivação e, em casos graves, perda de consciência. As regiões do corpo mais atingidas pela picada dos escorpiões são os membros inferiores e superiores.
“Para o controle dos escorpiões, é necessário o máximo de cuidado. Por isso, precisamos também da ajuda da população, mantendo as orientações e notificando os casos de escorpiões encontrados”, conclui Gimenez.