Balé, jazz, sapateado, dança do ventre, dança de salão e street dance são os estilos a integrarem o novo espetáculo preparado pelo Balleteatro Fred Astaire. O trabalho tem apresentações programadas para os dias 20 e 21 deste mês, no teatro do Conservatório.
As sessões começam às 20h, com ingressos vendidos na bilheteria do “Procópio Ferreira”. Os bilhetes podem ser retirados na rua São Bento, 415, no centro, de terça-feira a sexta-feira, das 13h30 às 15h e das 19h às 21h.
Parte da renda será destinada à Conferência dos Vicentinos. “Levando um litro de leite, paga-se meia-entrada”, explica Ana Cristina Machado, sócia-proprietária do Fred Astaire.
É ela quem assina, com Mirella Arena, a direção de “Fred Faz 30”, espetáculo que marca os 30 aos da mais tradicional escola de dança do município. A ideia central é apresentar todas as modalidades oferecidas.
O evento terá participação de crianças, adolescentes e adultos. “São pessoas de todas as idades”, adiciona Ana Cristina.
De acordo com ela, também participarão os alunos da região, que frequentam a escola em Tatuí, e meninas do projeto “Lar Espaço Feliz”, do Lar “Donato Flores”. Por meio de parceria, a escola de dança atende meninas carentes, que participam de atividades oferecidas pelo programa de capacitação.
Além da efeméride, as apresentações marcam o encerramento das atividades anuais da escola. Embora contemple coreografias apresentadas em espetáculos anteriores, o novo trabalho do Fred Astaire difere-se de uma retrospectiva.
“É uma comemoração. Cada coreografia foi batizada com um nome de espetáculo que já apresentamos, mas como uma referência. Não que tenhamos copiado movimentos ou figurinos. É uma releitura”, descreve Ana Cristina.
O resultado será um compilado de mais de 30 espetáculos em um só. A equipe iniciou os preparativos há seis meses. Coordenado pelas sócias-proprietárias, o trabalho conta com apoio de costureiras e professores.
Estes últimos contribuíram com ideias para a criação dos cenários, o desenho de figurinos, a escolha de músicas e o desenvolvimento das coreografias.
“Fred Faz 30” tem duas horas de duração e um significado especial para a escola de dança. O Fred Astaire foi fundado em 1988, por Ana Sueli de Almeida. Tinha como uma das professoras a atual sócia-proprietária (Mirella). Com o falecimento da primeira proprietária, a escola ficou sob os cuidados de Zeneide de Almeida. Em 1995, houve uma transição de comando.
“Nós abraçamos a causa e, a partir de 1996, éramos em três sócias”, conta Mirella. Em 2011, houve nova reestruturação administrativa, e ela e Ana Cristina permaneceram.
A primeira é a que possui mais tempo na instituição; já a segunda, ingressou em 1989. “No primeiro ano, eu estava na plateia. Aí, me encantei com o sapateado e, no ano seguinte, entrei”, relembra Ana Cristina.
De lá para cá, muita coisa mudou na instituição e no ensino da dança. A começar pelos novos estilos agregados ao trio: balé, jazz e sapateado. “Esses três cursos sempre existiram e sempre existirão em nossa escola. Inclusive, cada uma das três sócias representava uma das modalidades”, relembra Mirella.
Segundo ela, o interesse pela dança também mudou. Entretanto, está ligado ao estímulo. “Tudo é sazonal. Houve épocas em que novelas puxavam para o country; outras, para a dança do ventre; e os programas, para a dança de salão. Atualmente, vivemos um momento muito bom para este último estilo”, avalia.
Para as sócias, os “realities show” também têm participação no interesse do público. No entanto, mais porque comprovam que a dança faz “bem para o corpo e a alma” e menos porque a evidenciam como um simples modismo. “É comprovado que a dança faz bem, melhora física e emocionalmente”, ressalta Ana Cristina.
Em Tatuí, a escola tem registrado as mudanças de comportamento do público. Segundo as sócias, desde 2013, o número de pessoas adultas aumentou. Até então, a participação da maioria dos adultos ficava restrita à matrícula dos filhos.
“Eles (os adultos) estão entendendo que a dança, como qualquer atividade física, é um modo de prevenção de doenças, porque você não gasta dinheiro para fazer dança, você investe em qualidade de vida”, frisa Ana Cristina.
A escola tatuiana recebe alunos a partir dos três anos de idade. Muitos deles permanecem até os 12, deixando a dança quando entram no ensino médio ou na faculdade. “Mas, algumas de nossas alunas voltam, para cursar ou como mães de alunas, o que mostra que formamos muitas gerações”, diz Mirella.
Para os próximos 30 anos, as proprietárias programam novos projetos. As ideias são incluídas a partir de experiências e cursos de aperfeiçoamento. Em janeiro, por exemplo, os profissionais devem participar de uma nova capacitação em dança.
“Temos que estar sempre nos reciclando. Nós não paramos nunca, porque as informações são muito rápidas hoje em dia. Embora tudo mude muito rápido, o clássico sempre vai ter um papel de destaque”, acrescenta Ana Cristina.
Segundo Mirella, este é o caso do balé, que, mesmo competindo com a batida e o movimento do funk, não perde o grau de importância e a parcela de interesse.
Esse estilo de dança trabalha disciplina, postura e outros conceitos que serão levados para o resto da vida. “Mesmo que a pessoa não se torne profissional, vai levar o conhecimento adquirido para qualquer atividade”, afirma.
Em paralelo às técnicas, na instituição, as profissionais ensinam respeito ao próximo. Mirella enfatiza que a escola trata os alunos como parte de “uma grande família”.
“Todo mundo é igual, e as meninas têm que se respeitar e se entender como parceiras, para evitar qualquer tipo de rivalidade que possa ser negativa. Prova disso é que, quando encontramos ex-alunas, elas têm um carinho maravilhoso por nós. Elas nos abraçam como se tivessem nos visto ontem”, diz, orgulhosa.
A instituição inicia novas turmas infantis em fevereiro de 2019, com matrículas a partir de janeiro. Já para os adultos, não há um cronograma fixo. “Para os mais velhos, as classes são mais heterogêneas (com iniciantes, intermediários e avançados). Agora, para as crianças, não”, ressalta Mirella.
O ensino infantil exige uma sequência de aprendizado que precisa ser respeitada. No balé clássico, por exemplo, até que a criança possa subir na sapatilha, precisa passar por uma série de etapas. “Algumas pessoas até antecipam esse processo, para segurar aluno. Nós, não. Aqui, nós respeitamos esse processo, mesmo correndo o risco de perdermos o aluno, porque sabemos que isso implica na anatomia do pé, tornozelo e joelho”, explica.
Mais informações sobre outros cursos de dança são fornecidas na escola, situada na Galeria Mangueiras. O espaço, inaugurado em três etapas (com a terceira e última na sexta-feira, 14, fica na avenida Cônego João Clímaco de Camargo (Avenida das Mangueiras), 141, no centro.