Simulador de voo construído em Tatuí é “benchmarking”

Equipamento tem como base um escopo alternativo

O simulador de voo construído pelo Aeroclube de Tatuí servirá de “benchmarking” para a AFA (Academia da Força Aérea) de Pirassununga. Em fase de testes, o equipamento a ser incorporado ao ensino dos cursos da entidade local no ano que vem vira referência para o Clube de Voo a Vela da entidade, uma das mais importantes do país ligadas à atividade de aviação.

De acordo com o presidente do aeroclube tatuiano, Alexandre Simões de Almeida,a definição aconteceu logo após as comemorações do aniversário de Tatuí.Em agosto, a presidente da FBVV (Federação Brasileira de Voo a Vela), Valéria Caselato, reuniu-se com a equipe local.

“Ela veio de São José dos Campos para ver o trabalho. Gostou muito do resultado que viu e propôs que o Aeroclube de Tatuí fosse a referência dos simuladores para os demais”, contou.

A ideia é a criação de um padrão, tanto para a produção como para o aprendizado. Para isso, o aeroclube deve participar da elaboração de uma espécie de cartilha. O material vai direcionar os demais aeroclubes que estiverem interessados em implantar o equipamento.

O primeiro a interessar-se pelo modelo é o Clube de Voo a Vela de Pirassununga. A direção da entidade procurou o aeroclube tatuiano na semana seguinte à divulgação iniciada pela federação. A entidade quer mobilizar todos os clubes ligados à área para a adoção do modelo.

Em Tatuí, os representantes de Pirassununga não só conheceram os equipamentos como realizaram testes com os projetores implantados por eles. O clube visitante também trabalha em um simulador.

“Eles vieram para nos ajudar na ideia, porque ainda não temos todos os projetores instalados. E isso vai nos dar um certo apoio técnico”, explicou Simões.

Segundo o presidente, o equipamento produzido em Tatuí tem como base um escopo alternativo. O simulador é composto por uma junção de ideias e, quando concluído, será panorâmico (com curvatura de 180 graus). Isso para que o aluno tenha a sensação de estar em um cockpit.

“A equipe que visitou nossas instalações ficou um fim de semana para fazer os testes e elogiou bastante. Agora, eles querem que nós os visitemos para passarmos nosso ‘know-how’ de simulador de voo de planador, na Academia da Força Aérea”, relatou o presidente.

De acordo com ele, ainda não há data definida para uma segunda reunião. A expectativa é que o encontro aconteça antes do fim do ano. “É muito raro o Clube de Voo a Vela, que tem toda uma infraestrutura, ir a outros lugares para essa troca”, destacou Simões.

Antes de ser incorporado ao ensino em Tatuí – e replicado para outras instituições –, o simulador passará por fase de testes. O instrumento precisa, primeiro, de um software para corrigir as sobreposições das imagens. Isso porque ele trabalha com três projetores, dois deles laterais (um esquerdo e um direito) e um central, que serão “unidos” na tela.

No momento, o entrave para a finalização é o financeiro. O aeroclube não tem recursos suficientes para adquirir o programa que corrige as imagens, de modo a evitar distorção e permitir a imersão do aluno no simulador.

O equipamento é composto por duas cabines, integradas à sala de simulação. Além dos retroprojetores, o espaço terá computadores e aparelhos de ar-condicionado, para evitar o superaquecimento dos dispositivos.

As cabines serão intercambiáveis (utilizadas uma por vez) e dotadas de toda a aviônica (instrumental eletrônico) que os cockpits dos planadores possuem.

Elas contarão com manche, freio e demais instrumentos usados na prática do voo. O sistema não inclui, em princípio, simuladores de movimento. Entretanto, essa possibilidade pode ser incluída em longo prazo.

“O aeroclube não tem, no momento, dinheiro para fazer a coisa funcionar rápido. Então, estamos indo devagar, e, para não parar, optamos por usar somente a projeção frontal”.

Em função disso, o sistema ainda não está incluído no aprendizado dos pilotos. A razão é que, do modo em que está funcionando, o equipamento limita várias funções. Entre elas, a capacidade de julgamento de altura e tráfego, o que exige que o piloto olhe para os lados.