Em 9 de junho, é celebrado o Dia Internacional de Imunização, servindo como alerta para a importância das vacinas no controle e erradicação de doenças, principal objetivo de política de imunização do país.
O Brasil e demais países da América Latina conseguiram, por exemplo, eliminar e poliomielite (do tipo 2) desde 1994, mas em alguns locais do mundo a doença ocorre, e por essa razão as crianças continuam sendo vacinadas.
A varíola, outra enfermidade erradicada em 1980, também é um exemplo bem-sucedido de campanha de vacinação. O último caso notificado no Brasil ocorreu em 1970, demonstrando a importância estratégica das vacinas na promoção de saúde.
“A confiança na vacinação pode evitar de 2 a 3 milhões de mortes por ano, além de aumentar a qualidade de vida e gerar impacto econômico positivo devido à proteção coletiva. Somente com a adesão da população às campanhas de vacinação, bem como a adoção dos calendários recomendados para todas as idades, é possível eliminar e erradicar doenças”, afirma o diretor médico de vacinas da GSK, Otávio Cintra.
Na lista das diversas doenças que podem ser evitadas, estão a gripe (Influenza), caxumba, rubéola, tuberculose, pneumonia, meningites, sarampo, hepatite A e B, dengue, febre amarela, dentre outras.
O Programa Nacional de Imunização (PNI) oferece à população todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no Calendário Nacional de Vacinação, que inclui orientação para crianças, adolescentes, adultos e idosos.
O Center of Disease and Control estimou que 40 mil a 50 mil mortes evitáveis por vacinação ocorrem todos os anos nos Estados Unidos e estima o impacto econômico das doenças preveníveis por vacinação em US$ 10 bilhões. Toda vacina tem sua recomendação de doses e de reforços que devem ser seguidos em todas as idades, para que o indivíduo esteja realmente protegido.
Atualmente, o PNI disponibiliza 16 vacinas de forma gratuita à população: BCG (para prevenção da tuberculose em crianças); HPV (vírus do papiloma humano); Pneumocócica (contra a infecção por pneumococo que causa meningite, pneumonia e infecção de ouvido – otite); febre amarela, VIP/VOP (vacina inativada e vacina oral contra poliomielite – paralisia infantil); hepatite B; Penta, adsorvida difteria, tétano, pertussis (coqueluche), hepatite B e Haemophilus influenzae tipo B (conjugada)]; rotavírus; hepatite A; Tetra viral, varicela (catapora), sarampo, caxumba e rubéola; Triplice viral (sarampo, caxumba e rubéola); Dupla adulto (difteria e tétano); dTpa (dfteria, tétano e pertussis – coqueluche acelular); e meningite C (conjugada).
Porém, é importante frisar que, além das vacinas disponíveis na rede pública, existem as vacinas complementares, na rede privada. Os calendários da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) complementares ao PNI e, portanto, possuem algumas diferenças, listadas abaixo:
Pneumocócica: no PNI é fornecida a Pneumo 10 e, na rede privada, a Prevenar 13 (com três pneumococos a mais). Meningocócica: o PNI só recomenda e disponibiliza a vacina contra o meningococo C, sendo que no Brasil temos outros quatro diferentes sorogrupos que são responsáveis por doenças meningocócicas invasivas.
Tendo isto em vista, o calendário da SBIm e da SBP complementam o PNI, recomendado duas ou três doses da vacina meningocócica conjugada (ACWY) – Menveo e mais dois reforços de ACWY durante os 12-15 meses e 4-6 anos.
O PNI não recomenda a vacina para meningococo B – Bexsero, porém, a SBIm e a SBP recomendam três doses no primeiro ano de vida, mais um reforço aos 12 meses, ou duas doses a partir de um ano de idade.
Gripe (Influenza): SBP e SBIm preconizam duas doses para influenza a partir de 6 meses de idade. Após isso, doses anuais são aconselhadas para todas as idades. No PNI, a vacina só está disponível para determinados grupos, sendo estes: indivíduos com 60 anos ou mais, crianças na faixa etária de 6 meses e menores de 5 anos de idade (4 anos, 11 meses e 29 dias), gestantes, trabalhadores de saúde, povos indígenas, grupos portadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas, população privada de liberdade, os funcionários do sistema prisional e professores das escolas públicas e privadas.
Hepatite A: pelo PNI, é preconizada apenas uma dose e na SBP e SBIm são duas (aos 12 e 18 meses).
Varicela: o calendário da PNI preconiza apenas uma dose. O calendário da SBIm e da SBP recomendam duas doses da vacina (12 e 15 meses para SBP, 12 e 15-24 meses para SBIm).
Dengue: não é recomendada pelo PNI, enquanto SBIm e SBP recomendam três doses a partir dos 9 anos de idade (uma dose a cada seis meses). Ainda, a SBP preconiza três doses da HPV (Papiloma Virus Humano), a partir dos 9 anos, para meninos e meninas, enquanto na rede pública são aplicadas somente duas doses.
Observa-se que o Calendário PNI tem foco em saúde coletiva, ou seja, efeito obtido quando algumas pessoas são indiretamente protegidas pela vacinação de outras, o que acaba beneficiando a saúde de toda a comunidade (o mesmo que “proteção de grupos” ou “proteção de rebanho”).
Já as Sociedades Médicas têm foco na proteção individual. O beneficio da vacinação é tanto a proteção individual quanto a redução da transmissão de doenças, que gera um benefício coletivo.
* Médico pediatra pela (SBP e AMB) e diretor clínico da Alergoclin Cevac – Centro de Vacinação Humana de Tatuí