Repercutiu muito positivamente, junto aos leitores de O Progresso, a série de artigos e entrevistas realizada por Luiz Antonio Voss Campos, o Voss, para marcar os 192 anos do município.
Por meio do especial “Voss da História”, o autor defendeu a ideia de que as pessoas – e os tatuianos em particular – estão com “saudade de sentir saudade”. Pela repercussão do trabalho, ele tem razão.
Como registrado na abertura do especial de aniversário, em época de “pós-verdade”, em que o fato perde relevância em favor da opinião sem compromisso com o fundamento, em que as “fake news” ganham audiência em detrimento à história real, torna-se ainda mais urgente e fundamental a valorização do compromisso com a história real – em amplo sentido.
Contudo, ainda mais importante é o resgate e a salvaguarda das tradições, das raízes, das personalidades expoentes, de tudo e todos que contribuem com a formação da própria identidade de um povo.
Com este objetivo e sustentando também uma tradição de muitos anos, O Progresso apresentou uma edição realmente especial, com conteúdo exclusivo, além das mensagens de felicitações.
Em 2018, no entanto, “Inovando” no processo de edição do especial de aniversário – até então sempre concretizado pelos profissionais da própria redação -, convidou o tatuianíssimo Voss para assinar todos os textos e contribuir com a seleção de imagens.
O tema do especial, por sua vez, partiu da mesma constatação de Voss, de que as pessoas têm (ainda bem) muita saudade e apego ao passado – o que não deixa de ser, também, apreço pela história verdadeira.
Por consequência, o convite ao próprio Voss seria natural, vez que ele já havia publicados vários artigos dessa natureza, sempre rememorando o passado da Cidade Ternura e cujo índice de leitura mantem-se alto no portal de notícias, mesmo postados há bastante tempo.
Além do amplo grau de interesse pelo saudosismo, o momento é mais que oportuno para se resgatar o passado, sobretudo observando-se a cisão ideológica vivida na atualidade, estimulada pelas redes sociais e ainda mais agravada pelas disputas políticas.
Quando se atenta ao passado, é mais fácil a conclusão de que muita coisa não vale a pena, de que agressões, intolerâncias e manipulações – as rebatizadas fake news – não suportam ao tempo. O que fica na memória, a guardar afeto e alimentar a saudade, são as boas lembranças.
Daí porque faz tanto sucesso – embora, muitas vezes, não seja necessariamente novidade – relembrar o antigo “rolê” na Praça da Matriz, as sessões do cinema do São Martinho, uma antiga engraxataria de onde os tatuianos não tiravam os pés…
Ainda, é emocionante voltar o disco para rememorar as primeiras ondas do rádio e as “encantadas” noites dos antigos clubes – aos quais, certamente, boa parte da juventude tatuiana deve sua origem, posto seus pais terem se conhecido e iniciado namoro nessas pioneiras “baladinhas” da Capital da Música.
Quando inseridos nessa realidade de um passado “romântico”, a sensação, para além da saudade, é de fraternidade para com amigos e familiares, de desejo de lembrar e homenagear pessoas queridas, a cada um e à própria comunidade.
Pena nem sempre ser possível manter o sentimento de confraternização, de carinho e da própria identidade como povo único, tal como a certeza de que se testemunha e repercute apenas a verdade dos fatos – algo que só o tempo pode garantir.
No presente, bem distante das saudosas doçuras do passado, novos desafios e conflitos amargos se colocam, e que deles resultem, no futuro, muito mais boas e duradouras lembranças, dessas de dar saudade.