Copa do Mundo e eleições
Mais uma vez, a seleção brasileira foi eliminada em uma Copa do Mundo. Caímos nas quartas de final. Nesses tempos de uso intensivo das redes sociais, muito se vê e ouve que o resultado do torneio pode ou irá influenciar o resultado das eleições. Mas, a história não diz isso.
Desde 1994, quando começou a coincidência de eleições diretas para presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais, com a realização da Copa do Mundo os resultados não justificam que o brasileiro carrega para as urnas a emoção da vitória ou da derrota da seleção.
Em 1994, o Brasil conquistou sua quarta Copa, vencendo a Itália nos pênaltis, após agoniantes 0 a 0 nos 120 minutos de jogo. A situação, FHC, obteve 54% dos votos contra 27% dados a Lula. A eleição foi resolvida no primeiro turno. Influência do sucesso do Plano Real e não do futebol.
Em 1998, perdemos da França, na final, por incontestáveis 3 a 0. “Vergonha nacional”. FHC, que havia proposto a emenda da reeleição, venceu no primeiro turno novamente contra Lula, 53% a 31%. Após a reeleição, houve uma maxidesvalorização do real.
Em 2002, Brasil campeão, venceu a Alemanha na final por 2 a 0. A oposição, Lula, venceu o candidato da situação, José Serra, no segundo. Turno, obtendo 61% dos votos contra 39%.
Em 2006, Brasil eliminado pela França nas quartas de final, outra “vergonha nacional”. Lula é reeleito no segundo turno com 61% dos votos contra 39% dados a Geraldo Alckmin.
Em 2010, Brasil eliminado pela Holanda nas quartas de final. A situação, PT, elege o sucessor de Lula – Dilma Rousseff – com 56% dos votos contra 44% de José Serra, no segundo turno.
Em 2014, o Brasil passa pela maior vergonha futebolística da história: é eliminado por acachapantes 7 a 1 para a Alemanha em pleno Mineirão. Dilma é reeleita, no segundo turno, com 51,6% contra 48,4% dados a Aécio Neves. Após as eleições, o Brasil mergulhou na maior crise econômica de sua história.
Não há correlação entre o resultado da Copa e da eleição. Se aprofundarmos a pesquisa, veremos que os estelionatos eleitorais e as falcatruas, praticados por ambos partidos entre 1994 – 2014, influenciaram muito mais as eleições do que o futebol. Resumindo: há muito tempo não somos o país do futebol, já nem há mais comoção quando o Brasil perde, a não ser o falso choro de atletas que devem milhões de reais para a Receita Federal.
Também não somos o país do futuro. Mas somos o campeão mundial da corrupção, dos altos impostos, da desigualdade social, dos privilégios da máquina pública. E somente pelo voto consciente de toda população, poderemos expulsar esses políticos lesa-pátria de campo. E nem vai precisar do árbitro de vídeo. Renovar é preciso e necessário.
* Economista e autor do livro “Às Margens do Ipiranga – A Esperança em Sobreviver numa Sociedade Desigual”.