Profilaxia (controle ambiental)

A frequência das doenças alérgicas como dermatite atópica, rinite alérgica e a asma brônquica tem aumentado muito nos últimos 40 anos. Cresceu três vezes mais a incidência. O tratamento é feito baseado num quadripé de conduta: 1. medicação, 2. prática de exercícios respiratórios, 3. munoterapia e 4. controle ambiental. Este último tem sido muito recomendado pelos especialistas no tratamento das alergias, sobretudo as respiratórias. Segue abaixo, as principais recomendações.

A principal recomendação é que os colchões e travesseiros sejam revestidos com capas especiais (existentes no mercado) para encapá-los, as quais impedem a penetração dos ácaros (capas com tecido 100% de algodão impermeabilizado) ou forrar o travesseiro e o colchão com tecido impermeável ou couro em tapeceiro.

  1. A casa deve ser de alvenaria com laje, piso frio, lavável e com pintura lavável, para facilitar a limpeza.
  2. Não permanecer em casa no horário da limpeza. Essa limpeza deve ser diária com pano úmido no chão e nos móveis, ou com aspirador de pó.  Lavar o chão uma vez por semana. Evitar: varrer a casa, espanar os móveis e “bater” tapetes.
  3. Ceras, inseticidas, produtos de limpeza, tintas, pó de construção são potencialmente alergenos e podem desencadear a crise.
  4. Cuidado com baratas, que são causadoras de alergias. Dedetizar a casa uma vez ao ano.
  5. Usar acaricida (água sanitária) no chão e debaixo dos móveis duas vezes por semana
  6. Passar fungicida com pano úmido no chão pelo menos uma vez por semana.
  7. Cuidar para não inalar poeira em outros ambientes como o de trabalho, em outras residências e locais fechados como sótãos, porões, teatros, cinemas, etc. Não manipular livros ou jornais velhos e empoeirados. Ambientes limpos diminuem a quantidade de alergenos.
  8. Evitar contato com animais domésticos de pelos ou penas, como gato, cachorro, pássaros etc. (peixes em aquário e tartaruga são permitidos).
  9. Evitar: tapetes, carpetes, cortinas, cortinados, bichos de pelúcia e estofados de tecidos, os quais podem acumular muito pó e guardar os ácaros.
  10. Evitar roupas e cobertores de lã (usar edredon). Evitar mexer em roupas guardadas por muito tempo em guarda-roupas.
  11. O quarto do paciente alérgico deve conter o mínimo possível de móveis e utensílios. Evitar bichos de pelúcia, cortinas, cortinados, carpetes, tapetes e enfeites e tudo que possa guardar mais pó.
  12. O paciente deve estar livre de fumaça de cigarro (principalmente em ambientes fechados).
  13. Não fumar perto da criança em hipótese alguma.
  14. Ter bastante contato com a natureza, bastante vida ao ar livre e sempre praticar esportes. Existem trabalhos mostrando que o melhor tipo de ambiente para o paciente alérgico viver é aquele encontrado em sítios e fazendas.

Hábitos pessoais

  • O banho deve ser tomado no horário mais quente do dia, usando sabonete hipoalergênico, lavar os cabelos pelo menos uma vez na semana, com xampu hipoalérgico.
  • Evitar o uso de perfumes, talcos, desodorantes e outros produtos químicos. Dar preferência a produtos hipoalérgicos (sabonetes, xampus, condicionadores e protetores solares). Usar roupas de acordo com a temperatura ambiente; não usar lã ou outros tecidos felpudos.
  • Praticar exercícios respiratórios e esportes que permitam coordenar melhor a respiração (natação) com professor, em escolas particulares com piscinas esterilizadas com ozônio (ozonizadas). Evitar piscina com cloro.
  • Aconselha-se que o paciente alérgico respiratório exercite sua respiração aprendendo tocar qualquer instrumento musical de sopro, e crianças que façam exercícios de assoprar (balão, língua de sogra, gaitas, apitos etc.).
  • Evitar a imposição de limites na vida do paciente alérgico, como brincadeiras e atividades físicas. As limitações devem ser descobertas pelo próprio paciente. A asma desencadeada por exercício físico tem tratamento específico. Consulte sempre um alergologista (alergista).
  • Se os pais exercem profissões em casa, como costureiro, manicure, cabelereiro ou qualquer outra atividade que possibilite o contato com alergenos, que se faça em cômodo separado do paciente e que ele não conviva nesse ambiente.

Observação
Não interrompa o tratamento prescrito (normalmente feito de forma prolongada) sem ordem médica.  Procure sempre seu médico quando o paciente entrar em crise de rinite ou asma. Nunca use e nem tome remédio sem orientação médica.

* Médico especialista em pediatria pela SBP e AMB, com área de atuação em alergologia. CRM – 34.708.