Os consumidores do comércio de Tatuí serão analisados, para a obtenção de facilidades nas compras, por meio do chamado “score de crédito”. A novidade está disponível para os associados da ACE (Associação Comercial e Empresarial) de Tatuí em um novo pacote de serviços.
Cada consumidor é pontuado de acordo com a análise de uma série de fatores, como pagamento de contas em dia, histórico de dívidas negativadas, relacionamento financeiro com as empresas e dados cadastrais atualizados.
“Para obtenção do crédito, mudou um pouco o foco: grandes instituições estão avaliando os consumidores através do ‘score’. Todos esses dados vão fazer parte das tabelas, instituídas a partir de 1o de maio, e ajudarão o comércio a fazer uma venda mais segura”, apontou o presidente da ACE, Eric Proost.
O peso de cada informação é definido de acordo com estudo do comportamento histórico de grupos de indivíduos não identificados. Esses grupos são compostos por pessoas com as mesmas características financeiras, como idade, valor do salário e porcentagem de comprometimento da renda mensal.
Desse modo, estatisticamente, é possível comparar os resultados obtidos por um consumidor específico com outros do mesmo grupo, para o cálculo do score.
“Agora, com esse novo esquema de financiamento, através da pesquisa do score da pessoa, a gente acredita que teremos vendas mais sadias”, assegurou o presidente.
No sistema, quanto mais alto o score, maiores as chances de o cidadão honrar compromissos financeiros nos próximos 12 meses e ter acesso facilitado ao mercado de crédito.
As empresas podem usar o sistema de pontuação como uma informação adicional para a tomada de decisão no momento de conceder o financiamento, além de suas próprias informações para compor a política de crédito.
A pontuação vai de zero a mil pontos: até 300, há alto risco de inadimplência; entre 300 e 700, médio risco; acima dos 700 pontos, é considerado baixo o risco de o consumidor não cumprir o compromisso financeiro assumido.
Por ser um número dinâmico e avaliado no momento da consulta, considerando-se as informações disponíveis na base de dados da Serasa Experian, a pontuação pode mudar para melhor, se o consumidor limpar o nome na instituição, pagar as contas em dia e mantiver dados cadastrais atualizados.
“Muitos lojistas faziam pesquisa básica, simplesmente verificando se a pessoa era negativada ou não, se tinha algum cheque sem fundo. E não faziam um levantamento mais minucioso em cima desse futuro cliente”, esclareceu Proost.
Outro fator que faz o score subir é o cadastro positivo, pelo qual todas as contas pagas em dia poderão ser consideradas e, aos poucos, vai-se construindo um histórico de “bom pagador”.
Na hora da análise do pedido de crédito ou do parcelamento da compra, o cadastro poderá facilitar a obtenção dos benefícios.
O cadastro é gratuito e, nele, ficam registrados o valor da compra, a quantidade de parcelas, as datas de vencimento e os pagamentos registrados. Os produtos ou serviços adquiridos não ficam descriminados.
Segundo Proost, mesmo que a pessoa não possua dívidas ou não tenha o nome negativado, pode ter um score baixo, por ter comprometido a renda com outros compromissos.
“Muitas vezes, o que acontece é que a pessoa tem um volume de financiamentos em várias instituições, e isso acaba deixando-a com score baixo. Não que seja negativada, mas, sim, com um limite alto de financiamento”, relatou.
O sistema é um dos modelos estatísticos existentes no mercado para a análise de risco de crédito. O score para o consumidor é uma ferramenta já disseminada nas maiores economias do mundo.
Desde o mês passado, todos os brasileiros podem conferir seus índices, a pontuação que resulta do relacionamento do consumidor com o mercado. O score está disponível na internet, pelo site www.serasaconsumidor.com.br.
Em abril, a ACE realizou levantamento para saber quantas pessoas físicas estão com o cadastro negativado no sistema da associação. Os dados apresentados mostram grande quantidade de consumidores inadimplentes, por não conseguirem honrar os compromissos com o comércio local.
“A princípio, o número assustou um pouco, pois é expressivo. Não vamos divulgar porque ele é muito flutuante, sempre tem gente entrando e saindo desse banco de dados. Por isso, não é possível precisar”, argumentou o presidente.
Segundo Proost, além de registrá-los junto à associação, muitos comerciantes apresentam os dados dos inadimplentes em outras instituições, como o Serasa ou em cartórios. Outros preferem não formalizar os débitos e aguardam o recebimento por conta própria.
“Esses lojistas, que não negativam seus clientes, acham que uma hora ou outra a pessoa vai precisar da loja ou do comércio em si. Acabam tendo um pouco mais de paciência e abrindo uma possibilidade de futura negociação”, salientou.
Para tentar diminuir o número de pessoas negativadas e a perda financeira do comércio, a ACE está estudando um projeto de campanha para “limpar” os nomes dos consumidores e fazer com que o dinheiro volte a circular no comércio.
“Estamos contratando um escritório de advocacia para fazer essas cobranças legalmente, em um custo baixo tanto para o comerciante quanto para o negativado, para que diminuirmos esse valor de negativação”, concluiu Proost.