A Santa Casa de Misericórdia iniciou, neste mês, conversas para o credenciamento de empresas de seguro de saúde e poderá habilitar mais de uma operadora.
Uma definição preliminar de como funcionará o novo sistema de atendimento é aguardada para o fim deste mês, conforme antecipou a O Progresso o secretário municipal do Governo, Luiz Gonzaga Vieira de Camargo.
Segundo ele, os trabalhos estão sendo conduzidos pelo vereador Ronaldo José da Mota (PPS). “Ele está à frente das negociações e já houve um primeiro entendimento nesse sentido (de o hospital credenciar planos de saúde)”, informou.
O parlamentar já realizou duas reuniões para tratar do assunto e disse que “vem batendo insistentemente” na tecla de que a Santa Casa precisa se abrir para atendimento a convênios médicos. Na Câmara, Mota antecipou que mais de uma empresa demonstrou interesse.
De acordo com ele, existe a possibilidade de o hospital dispor de atendimento oferecido por “quase todos os planos de saúde”. Mota sustentou que mantém contato com um representante das operadoras e que ele atua como uma espécie de procurador de empresas, como Amil, Bradesco e Intermédica.
O vereador sugeriu que o profissional fosse ouvido pelos vereadores e acrescentou que, entre as principais empresas, uma das cooperativas da Unimed estaria interessada em atuar junto à Santa Casa. “Não me recordo agora se ela é de Rio Claro ou de Limeira, mas me procurou”, comentou.
Mota apresentou o prospecto de investimentos ao secretário do Governo há 15 dias. “Fiz esse meio de campo entre ele e o representante da operadora”, contou.
Os três voltaram a se reunir em outras duas ocasiões e tiveram, na manhã de quarta-feira, 7, um quarto encontro. De acordo com o vereador, o credenciamento de convênio médico a ser oferecido na Santa Casa “está bem encaminhado”.
Uma das propostas prevê a abertura de um PA (pronto atendimento) junto ao próprio hospital. Mota contou que existe a possibilidade de o hospital ceder espaço para que a empresa de seguro de saúde possa atender os pacientes.
“Já tem um pessoal credenciando todos os centros médicos, clínicas e médicos para atuarem à disposição da Santa Casa, se o hospital quiser colaborar”, declarou.
Para o vereador, o posicionamento favorável ao credenciamento por parte da equipe de intervenção do hospital representa uma “vitória”. Mota disse que tenta trazer novos planos de saúde desde 1994, quando assumiu a presidência do Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Tatuí e Região).
Buscando atender principalmente trabalhadores das indústrias, o sindicalista afirmar ter viabilizado a vinda de três planos de saúde a Tatuí: LAM, Mediplan e Intermédica. Entretanto, nenhum “vingou”, uma vez que as empresas não contavam com retaguarda da Santa Casa para primeiro atendimento.
Segundo Mota, o credenciamento de novos planos para atendimento no hospital “permitirá concorrência em Tatuí”. Ao mesmo tempo, elevará a captação de recursos por parte da Santa Casa, já que as empresas precisam pagar pelo uso de espaços, de equipamentos e das equipes.
“Não é somente uma empresa que virá. Hoje, nós não temos planos de Saúde na Santa Casa, o que tinha, saiu. Então, quero que o hospital abra as portas para todos os que vierem. Quem tiver o melhor preço e qualidade fica”, alegou.
Nas contas do parlamentar, qualquer uma das empresas atenderá, de início, em torno de 8.000 trabalhadores. “Não estou falando em famílias. Se considerarmos os familiares dos funcionários, o número chega a 20 mil vidas”, estimou.
Conforme o vereador, uma parte significativa dos trabalhadores de empresas tatuianas está sem retaguarda. Mota informou que, em uma multinacional japonesa, por exemplo, apenas 40% dos funcionários dispõem de plano de saúde.
“E, mesmo assim, com participação dos trabalhadores”, contou. Isso significa que os próprios funcionários arcam com parte dos custos das mensalidades.
Nos casos em que as empresas têm até 800 funcionários, Mota afirmou que nem cem deles possuem plano de saúde. Os demais são atendidos via SUS (Sistema Único de Saúde) “e poderiam estar gerando renda para a Santa Casa se fossem atendidos por uma empresa que mantivesse convênio com o hospital”.
“Até o final deste mês, talvez, nós tenhamos novidades e poderemos ajudar a Santa Casa, que, pelas nossas conversas, vai ganhar bastante com os convênios”, disse.
Para o ex-interventor da Santa Casa, Antonio Marcos de Abreu, o credenciamento de planos de saúde é fundamental para a recuperação da saúde financeira da Santa Casa. O vereador apontou que, sem o recurso extra, o hospital não tem condições de funcionar, considerando-se o custo dos pacientes SUS.
De acordo com Abreu, um paciente internado pelo Sistema Único de Saúde gera custo aproximado de R$ 1.300, enquanto o hospital recebe R$ 740 para atendê-lo.
“Há um déficit muito grande e que piorou com a administração passada, complicando a saúde financeira do nosso hospital. Mas, nada está perdido”, afirmou.
Segundo o parlamentar, a abertura a novos convênios é uma das soluções. Ele declarou que, embora a dívida da Santa Casa seja grande (R$ 31 milhões), ela poderá ser superada com a adoção de medidas que resultem em novos recursos.
Ainda como iniciativas que têm auxiliado a entidade a se recuperar, o vereador apontou o projeto “Adote um Quarto”, do Fundo Social de Solidariedade. O projeto já viabilizou a reforma de 22 quartos, do segundo e primeiro pisos. O térreo, com mais 11 cômodos, será finalizado em março.
A meta da intervenção com a possibilidade de credenciamento é ampliar as fontes de recursos. Gonzaga reforçou que a entidade está negociando para ter dinheiro extra, além do enviado pelo SUS, por conta das contratualizações.
“Houve várias reuniões e a coisa está afunilando. Acredito que, até o final deste mês, já tenhamos algo mais concreto para divulgar para a população”, disse.
Pelo menos dois modelos estão sendo avaliados pela equipe de intervenção. Um deles é que a clínica médica seja implantada pela operadora em ambiente externo ao hospital; o outro prevê a implantação de um pronto atendimento em um dos prédios antigos da Santa Casa, com acesso pela rua Capitão Lisboa.
“Tudo isso está em estudo. Cada empresa está apresentando uma proposta”, encerrou.
Comentários estão fechados.