Seria muitíssimo de bom tom e bom senso que os indivíduos a se aventurar na vida pública, antes, dessem-se ao mínimo trabalho de investir no chamado “conhecimento de causa” antes de se manifestarem sobre assuntos que desconhecem e, não raro, não lhes dizem respeito.
É certo que o título de “autoridade” – justamente sobre os menos informados – pode lhes causar a falsa sensação de “poder” – inclusive, o de falar além da conta. Não deveria ser assim.
O suposto poder, na verdade, quando sobreposto a um servidor ou político eleito, implica em ainda mais responsabilidade e obrigações, especialmente a de se informar com exatidão, além da consideração de um mínimo de humildade, antes de se externar equívocos de maneira precipitada.
No momento, aliás, isto é o que mais se observa, com profusão exponencial, nas redes sociais, onde se consolidou o chamado “fake news”, considerado o “termo do ano” de 2017, tão promovido pela inconsistência das falsas notícias quanto pelas indiscriminadas ofensas.
Não obstante, o problema da comunicação equivocada, que propaga a desinformação, é mais grave quando envolve a tal “autoridade”, cuja postura deveria primar, acima de tudo, pela justiça nas tais tribunas da vida, sejam as literais dos poderes públicos, sejam as redes sociais ou quaisquer outras.
Infelizmente, esta prática não é incomum, sendo testemunhada diariamente. Uma destas manifestações de lamentável postura aconteceu na reunião da Câmara desta semana, quando um vereador foi à tribuna para comentar sobre um suposto “boicote” a um colega dele por parte da imprensa.
Embora o parlamentar não tenha dito o nome do veículo, deixou patente que se tratava do jornal O Progresso (assim, também nos dando o direito de sequer apontar-lhe a identidade, senão a do colega, o qual realmente interessa no caso).
Ocorre que O Progresso, na medida em que tem sido procurado pelos pré-candidatos a deputado, garante-lhes espaço para que possam expressar suas intenções e eventuais propostas de campanha.
Assim aconteceu com Júnior Vaz, Rodolfo Hessel Fanganiello e, na edição desta quarta-feira, Marcos Antonio de Abreu. Outros dois candidatos já procuraram o jornal para marcar entrevista e, na medida que forem concretizadas, elas também serão publicadas.
Sucede que, por alguma razão nada compreensível, o vereador – talvez por incontido apreço à exposição pessoal na tribuna, a despeito do desconhecimento de causa -, optou por “tomar as dores” do colega que havia dado entrevista ao jornal, mas cuja publicação não fora efetivada no final de semana.
Lastimável é o fato de que, naquele exato instante em que o parlamentar acusava injustamente este veículo, a edição de quarta-feira era impressa na gráfica, com a devida entrevista figurada por Marcos de Abreu…
Por sua vez, significativo é o fato de que, exatamente por dever de ofício, o que o parlamentar jamais deveria ser é injusto, posto que, apesar do tamanho “poder” que imagina possuir como vereador (que é um “servidor público”, vale lembrar), jamais deveria deixar de lado a Palavra e os ensinamentos de Deus, que primam pela parcimônia, humildade e justiça!
De qualquer maneira, se houver atenção a estes fundamentais atributos e a infeliz manifestação servir para algo positivo, que seja a então consciência de que, antes de falar – e mais ainda de acusar -, é imperioso informar-se.
No caso desta empresa, as portas estão abertas para “autoridades” e não autoridades que se interessem em saber como se faz jornal, cuja dinâmica, diferentemente do que alguns parecem pensar, não é semelhante à fritura de pastéis (sem qualquer desrespeito aos valorosos profissionais responsáveis por esse quitute de tamanho apreço na gastronomia popular).
Na prática, para a confecção de um jornal, deve haver prioridades a compor a chamada “pauta”, e isto correspondente a cada edição. Assim, para a seleção dos textos e fotos, contam o tempo em que foram concretizados, o espaço disponível em cada editoria, a agenda das notícias (se “frias” ou “quentes”), o interesse do público etc.
Enxergar conspirações, escusas motivações ou influências sobrenaturais nesta dinâmica jornalística não seria, por exemplo, algo diferente da acusação de homofobia contra alguém somente porque essa pessoa não compartilha da tal “ideologia de gênero”.
Isto seria justo? Certamente, não! Contudo, a justiça deve ter equilíbrio, valer para todas as situações e contar para todos os lados.
Afinal, quem não gosta de ser superficialmente julgado, tampouco cultua a tolerância, não deveria, jamais, julgar com tanta facilidade e aparente soberba.