A se considerar as pesquisas de opinião, o índice de (im) popularidade do presidente Temer – pior que o de Dilma quando do impeachment – indicaria que o país piorou no último ano. Mas, não.
Com relação à corrupção, nada de novo. É estranho constatar que a maioria da população parece ignorar o fato. Simplesmente, ocorre que as denúncias continuam a ser divulgadas. Ou seja, aumentou a publicidade, não o volume de “malfeitos”.
Aliás, mesmo estranhamento diante do discurso de que, sob a ditadura, não havia corrupção – na verdade, uma “corruptela histórica”, que só serve à manipulação de eleitores incautos, arrebanhados na direção de candidaturas sectárias e neofacistas, francamente avessas à democracia.
A diferença básica do antes com o agora – de um Maluf para um Joesley Batista – é esta: nenhuma. Salvo, justamente, a maior divulgação, a publicidade que se dá, principalmente pela imprensa, dos tais “desmandos” – algo só possível na democracia.
Antes, você não sabia; agora, sabe. Porém, nem por isto a Interpol deixou de relevar o ex-governador e ex-deputado Paulo Maluf como uma de suas figuras mais populares no âmbito da perdição… Isto para lembrar só um dos notórios políticos nada insuspeitos da época.
Um novo eventual regime de exceção, portanto, acabaria com a corrupção no país, sem dúvida. Não com a real, que acontece nos “bastidores do poder”, mas na mídia, então novamente amordaçada. Mas, enfim, para quem entende que problema abaixo do tapete é problema resolvido, seria ótimo!
O estranhamento maior, contudo, tem a ver com os recentes indicadores da economia, os quais demonstram lenta, mas real, recuperação em todos os setores.
A inflação despencou em um ano, o desemprego parou de aumentar – até diminuiu um pouco -, a Caixa Econômica Federal teve a maior soma de poupança desde 2013 – talvez maior exemplo de que a população voltou a guardar dinheiro, o qual vem parando de faltar, pelo menos na medida em que até então acontecia.
A despeito disso, a população parece querer a cabeça de Temer, como se a guilhotina de mais impeachment fosse resolver definitivamente os problemas da nação.
Do ponto de vista de quem não enxerga bem – porque lhe falta informação além das baboseiras de redes sociais -, tudo bem, é compreensível.
No entanto, com relação aos bem informados, não há dúvida: são oportunistas que pouco se importam com o Brasil. E com você! Estão apenas interessados nas próximas eleições.
Ôpa, mas isto não se trata de defesa do atual presidente, que pode não ser um santo – e nada a ver com a inquietante aparência gótica de vossa excelência.
A questão é bem mais simples: a equipe econômica atual é competente, tem feito um bom trabalho – diferentemente da anterior. Portanto, seria de muito bom-senso que tivesse oportunidade de concluir o mandato.
Depois disso, que a Justiça julgue o atual presidente e, se for o caso, puna-o, seja com alho e água benta ou com a maldição da inelegibilidade.
Não com estas palavras, mas algo assim foi argumentado pelo secretário-chefe da Casa Civil do governo do Estado, Samuel Moreira, em Tatuí, na manhã do dia 7.
Ele veio à cidade para anunciar que, nos próximos meses, Tatuí deverá receber mais R$ 18 milhões para a realização de três projetos. O recurso envolve, basicamente, financiamentos pleiteados pela Prefeitura junto a instituições governamentais.
A O Progresso, Moreira antecipou o desejo de cumprir um segundo mandato como deputado federal e de fazer uma “dobradinha” para as eleições gerais com o ex-prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo.
Dos recursos a serem enviados a Tatuí, perto de R$ 2 milhões são provenientes de emenda de Moreira. O parlamentar reservou, para a cidade, verba para aplicação em infraestrutura. Quase que a totalidade do valor, R$ 1,581 milhão, já está empenhada, embora ainda não liberada.
Moreira designou, como emenda, mais de R$ 7 milhões do Orçamento da União, que atenderão outros municípios. A ajuda a Tatuí será para a área da infraestrutura, com melhoria da pavimentação, recapeamento e obra de drenagem.
Além das emendas, o deputado apontou estar trabalhando para acelerar dois financiamentos, um deles no Desenvolve SP (Agência de Desenvolvimento Paulista), no valor de R$ 10 milhões.
Um segundo financiamento já está à disposição da Prefeitura, no valor de R$ 5 milhões. O recurso virá pela CEF, resultado de pleito apresentado em Brasília e que contou com apoio de Moreira.
Sobre as denúncias envolvendo o presidente Temer, Moreira argumentou que a continuidade delas poderia implicar em afastamento. Por entender que faltam evidências técnicas, Moreira afirmou que uma decisão no sentido de dar continuidade à primeira denúncia poderia ser prematura.
“Não vou inocentá-lo, mas isso precisa ser investigado”, acrescentou. Moreira defendeu que há um equívoco na legislação, quando se trata do governo federal. Conforme o deputado, prefeitos e governadores respondem denúncias em suas funções; já os presidentes, precisam ser afastados.
Para o deputado, o ideal seria que as denúncias não fossem para os deputados, mas diretamente ao Supremo Tribunal Federal. Isso porque, em eventual absolvição, o denunciado não teria prejuízos que não necessitariam de reparos.
Finalmente, Moreira argumentou, com razão, que uma nova troca de comando causaria mais problemas ao país. Sustentou que os deputados devem analisar, primeiro, o impacto disso para a nação e, depois, decidir quanto ao mais correto do ponto de vista jurídico.
“É uma decisão difícil e que precisa ser aprofundada e dada no momento certo. Qualquer antecipação é errada”, comentou. “Para o país, acho que seria melhor que ele terminasse o mandato”.
Para o país, sem dúvida; para quem está fora e busca o poder, muito pelo contrário. Aí, vale a máxima do quanto pior, melhor. O preocupante é que o povão não está no poder, tampouco estará. Portanto, seria ótimo se os eleitores buscassem se informar melhor, assim prevenindo-se do desastre que seria a eleição de um novo suposto “salvador da pátria”, ou, pior ainda, do apoio a uma “não eleição”.