Estatísticas são importantes, até porque refletem a realidade global. No entanto, não devem servir como principal parâmetro para se concluir se o objeto de estudo, meramente pela soberba “fria” dos números, apresenta avanços ou retrocessos, melhora ou piora, no comparativo com estudos precedentes.
O Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) representa muito bem essa realidade. Ao indicar aumento da população – e assim permitindo comparações, inclusive, entre as cidades e Estados do país -, pode dar ideia de que “mais é melhor”. Nem sempre.
Basicamente, se o crescimento populacional não for acompanhado pelos setores de serviços públicos – saúde e educação, em especial -, tal como a oferta de empregos, o resultado pode ser negativo – ainda que o índice populacional sirva aos cálculos para os repasses do Fundo de Participação dos Estados e Municípios. Ou seja, quanto mais gente, maior o recurso.
Pela estatística divulgada no final de agosto pelo IBGE, Tatuí ganhou 1.116 habitantes em um ano. O número de residentes até 1o de julho era de 118.939, colocando o município na quinta posição entre as maiores populações da RMS (Região Metropolitana de Sorocaba).
A taxa de crescimento populacional tatuiana entre 2016 e 2017 ficou em 0,95%, maior que a verificada no âmbito nacional. A população brasileira cresceu 0,77%, passando para pouco mais de 207,7 milhões.
Em 2010, conforme o Censo então concluído, a população tatuiana era de 107.326 habitantes, o que colocava a cidade como a 251o em população no país e 68º no ranking estadual. Em sete anos, o número de moradores locais aumentou 10,8%.
A atualização das estimativas das populações municipais é importante não só para o cálculo do Fundo de Participação dos Estados e Municípios, realizado pelo TCU (Tribunal de Contas da União), mas também serve de referência aos indicadores sociais, econômicos e demográficos.
Com a atualização demográfica, a RMS passou para 2.088.381 habitantes. Sorocaba lidera entre os municípios mais populosos da região, com 659.871 moradores. O número é 1,13% maior que o estimado no ano passado.
A segunda maior cidade é Itu, com 170.157 habitantes e 0,90% de crescimento. A população de Itapetininga, a terceira maior, foi estimada em 160.070 moradores, com avanço de 0,95%. Na quarta posição, Votorantim teve a população calculada em 119.898 e 0,87% de aumento demográfico.
Os maiores crescimentos foram verificados nos municípios de Iperó (+ 2,24%) e Araçariguama (+ 2,22%). Da região, apenas uma cidade teve a população reduzida. Para o IBGE, Tapiraí perdeu 0,46% entre 2016 e 2017.
De acordo com o IBGE, a estimativa tatuiana não refletiu a alteração nos limites municipais ratificada em março de 2017. Após anos de disputa judicial, Tatuí teve a região do bairro Jurumirim, com cerca de 700 moradores, passada para a cidade de Itapetininga.
Na microrregião de Tatuí, formada por nove municípios, a população passou de 288,5 mil para 293,1 mil habitantes em um ano.
O maior crescimento foi estimado para Boituva, a segunda maior cidade, cuja população passou de 56.830 para 57.910, avanço de 1,90%. Cerquilho, a terceira colocada, teve o segundo maior aumento, de 1,71%.
Das cidades da microrregião, Tatuí e outras duas tiveram aumento demográfico menor que 1%: Laranjal Paulista (+ 0,90%) e Torre de Pedra (+ 0,42%). Na região, nenhuma cidade teve redução na estimativa populacional.
O IBGE calcula que, a cada 21 segundos, aumenta um morador no Brasil. No Estado de São Paulo, cuja população foi calculada em 45,1 milhões, o acréscimo acontece a cada 1min35s. Na cidade, a população é acrescida a cada oito horas, tomando por base que, a cada dia, Tatuí ganha três habitantes.
A estimativa do instituto é de que o Estado tenha 48,4 milhões de habitantes no ano de 2030. No mesmo ano, o Brasil teria 223,1 milhões de moradores.
Conforme o IBGE, por sua vez, quase um quarto das cidades do país (24,5%) sofreram redução no número de moradores.
Em mais da metade dos municípios (56,2%), o crescimento populacional foi menor que 1%, a exemplo do ocorrido em Tatuí. Apenas em 207 cidades brasileiras (3,7% do total) a taxa de crescimento foi igual ou superou 2%.
O IBGE informa que as regiões Norte e Centro-Oeste foram as que apresentaram maiores proporções de municípios com taxas de crescimento acima de 1%. Por outro lado, a região Sul mostrou a maior proporção de cidades com taxas negativas.
Por este último exemplo, é possível reforçar que nem sempre “mais é melhor”. Ainda, basta lembrar que os tais países mais “desenvolvidos” chegam, até, a preocupar-se com o baixo índice de natalidade.
Aqui, é pertinente observar que o pequeno crescimento populacional, não por acaso, contrasta com os problemas sociais e econômicos enfrentados pelos países “pobres”, com alta natalidade.
E entre os menos abastados, já vale incluir o Brasil, o qual, a bem da verdade e abaixo a hipocrisia, já deixou o campo dos países “em desenvolvimento” e caminha a passos frenéticos na direção do empobrecimento generalizado.
Dentro desta realidade – que pode ainda piorar muito a partir de 2018, caso seja eleito um presidente populista ou de ideologia sectária -, melhor é não crescer.
Como se diz, “menos é mais”. Menos gente, mais chance de emprego, de consulta médica gratuita, de vaga em creche… O que precisa acelerar no Brasil é o real fim da recessão e o consequente desenvolvimento.