A situação política do país é sem dúvida extremamente preocupante, não apenas no presente como essencialmente para o futuro. As incertezas podem levar a escolhas equivocadas e a mais um período desperdiçado na condução do Brasil a um sólido caminho para o desenvolvimento geral.
Estamos a praticamente um ano da eleição presidencial. Que perspectiva os brasileiros podem ter? Que liderança existe no cenário atual capaz de devolver ao povo a esperança de novos tempos? Estão aí postos os mesmos, sem renovação, todos desgastados, quando não envolvidos em escândalos. São raríssimas as exceções e mesmo estas sem um grande e confiável programa de restauração geral.
Por tudo o que tem acontecido de negativo, vemos um quadro de amplo desgaste dos políticos. Falta um líder de credibilidade e isso deixa o eleitor desorientado e o povo revoltado. Para compreender a situação, é suficiente analisar as pesquisas eleitorais, que trazem a avaliação pública dos nomes que estão no cenário. O grau de desaprovação, de rejeição eleitoral, é altamente negativo.
Analisando alguns nomes isoladamente é importante considerar o contexto individual. Um aspecto chama atenção, o fato de os caciques tucanos estarem com desaprovação bem acima dos demais, notadamente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, liderança maior do PT, que por sinal está em explícita campanha não só em palavras como em atos e comícios recentes pelo Norte e Nordeste. Segundo as pesquisas, Lula é desaprovado por dois terços da população, enquanto um terço o vê de forma favorável, o que leva alguns analistas a considerar que em torno do ex-presidente “ainda há uma dose de mito”.
No sentido de renovação, os tucanos até apareceram com um nome politicamente novo – João Dória, prefeito de SP. Todavia, rapidamente Dória está revelando ser apenas “mais dos mesmos”. Deslumbrou-se com a eleição e parece ter sido “picado pela mosca azul”. Em poucos meses à frente da prefeitura, começou a pavimentar possível candidatura presidencial. Esse posicionamento de Dória demonstra não somente afoiteza como também implícita “traição” a Geraldo Alckmin, mentor de sua candidatura e sabidamente um dos pré-candidatos do PSDB.
Dória foi evidentemente recebido como uma esperança por ser liderança nova, politicamente falando, somando-se a isso certo carisma e bom marketing. Todavia, está “queimando o filme”, principalmente no âmbito tucano, do qual pode vir a ser sutilmente alijado em sua pretensão para o ano que vem. Lamentavelmente, é com um elenco desses, já prévia e significativamente rejeitado, que os eleitores brasileiros terão de lidar na próxima eleição para presidente. As opções serão niveladas por baixo, não haverá possibilidade de escolher o melhor, a decisão acabará recaindo sobre o menos pior e o resultado disso será quase que com certeza desastroso. A menos que em tão pouco tempo ocorra o surgimento de um novo e adequado perfil, algo bastante improvável.
Resumindo, as expectativas são preocupantes, as perspectivas sombrias para o país. Essa situação coloca enorme responsabilidade sobre os eleitores que terão de analisar muito bem os pretendentes, pois o terreno político como se apresenta é propício ao surgimento de aventureiros populistas, os quais ainda não são percebidos por que, hoje, estão fora do radar eleitoral. Talvez o discurso antissistema se transforme em uma vantagem eleitoral.
Há evidente necessidade, e as pesquisas deixam isso bem claro, de reconstrução e renovação. Os brasileiros precisam estar realmente preparados e prontos para isso. Por isso digo: pobre povo brasileiro se tiver que escolher entre Lula, Bolsonaro, Marina, Dória…
* Empresário, médico e professor. Foi ministro da Saúde e deputado federal