Na tarde de sexta-feira, 14, a Polícia Civil anunciou a rendição de José Fernando Paulino Bernardo, 37. O autônomo é acusado de ter assassinato a tiros um homem de 33 anos.
O suspeito estava foragido desde fevereiro, quando teve mandado de prisão decretado pela Justiça. O homicídio ocorreu no dia 11 de fevereiro, no restaurante de um posto de combustíveis.
Conforme relato de testemunhas, que constam do primeiro boletim de ocorrência, na época, a vítima, Fábio Aparecido Soares, almoçava no local no momento em que foi alvejada. O homem chegou a entrar em luta corporal com o agressor e ficou hospitalizada por sete dias, mas não resistiu aos ferimentos.
Bernardo foi até a Delegacia Central acompanhado de um advogado e levado por uma guarnição da GCM (Guarda Civil Municipal), a quem procurou para negociar a rendição.
Segundo o diretor municipal da Segurança, Francisco Carlos Severino, familiares do suspeito procuraram a corporação para informar que Bernardo desejava apresentar-se espontaneamente. “O que chegou para a nossa equipe, na semana passada, é que ele queria esclarecer toda a situação”, afirmou.
Severino disse que tanto os familiares quanto o acusado temiam pela integridade física dele. “Ele alega legítima defesa. Disse que vinha sendo agredido, mas que queria se entregar para responder na Justiça”, acrescentou o diretor.
A GCM registrou a primeira sinalização da intenção da rendição a partir do dia 5. Em seguida, o comando da corporação procurou a Polícia Civil para garantir a segurança do suspeito. “Fomos conversando, vendo as tratativas para chegarmos no dia de hoje, com o depoimento do acusado”, acrescentou o diretor.
De acordo com ele, o trabalho contou com a colaboração da equipe de investigadores da Delegacia Central e dos delegados Emanuel dos Santos Françani e Carlos Augusto Palumbo Del Gallo. Este último presidiu a oitiva do suspeito.
No interrogatório, Bernardo confessou ter assassinado Soares. Entretanto, alegou ter praticado o ato em legítima defesa. O homem declarou ter sido ameaçado de morte diversas vezes pela vítima.
Bernardo acrescentou que Soares estaria também intimidando familiares do suspeito. Afirmou, ainda, ter sofrido ameaças por um período de quatro meses.
No dia do crime, Bernardo alegou que estava na companhia de duas pessoas (dois homens). Os três teriam ido a um bar, onde deixaram uma motocicleta. De lá, seguiriam em um veículo Volkswagen Polo, cor prata, pertencente ao autônomo, até a cidade de Boituva. Eles iriam trabalhar em uma obra.
Contudo, no bar, Bernardo teria sido ameaçado novamente pela vítima. O acusado disse que Sorares havia apontado um dos dedos da mão na direção dele, dito que “acabaria com a vida” do suspeito e, em seguida, deixado o estabelecimento.
Segundo o depoimento do acusado, Soares havia saído do local em uma motocicleta. A vítima foi localizada posteriormente por Bernardo, já no posto de combustíveis.
O homem contou aos investigadores que, depois de ter sido intimidado, resolveu pegar uma arma de fogo, um revólver calibre 22. O armamento teria sido deixado pelo suspeito em uma obra. Em seguida, o homem disse que começara a percorrer os locais que a vítima frequentava, para “tirar satisfação”.
Bernardo alegou ter tentado conversar com Soares, depois de tê-lo localizado no posto de combustíveis, no Parque Marajoara. No entanto, o suspeito afirmou que “não teve sucesso” e que a vítima teria novamente feito ameaças. Dessa vez, teria dito que estava decidindo se matava o acusado ou a família dele.
Na sequência ao desentendimento, o homem relatou ter ido ao banheiro do estabelecimento e, logo depois, começado a efetuar os disparos. Bernardo contou, aos policiais, que descarregara a arma na vítima, a uma distância de um metro, quando estava em frente a ela. O revólver tem capacidade para sete projéteis.
Ainda em depoimento, o suspeito reforçou que só efetuou os disparos porque a “vítima era uma pessoa perigosa, envolvida no mundo do crime”. O suspeito disse, ainda, que sabia que Soares “poderia consumar as ameaças”.
Bernardo acrescenta que entrou em luta corporal e que, depois de ter efetuado os tiros, deixou o revólver no estabelecimento, entrou no Polo e saiu do local. O homem não quis declarar onde e como obtivera a arma usada no crime.
Disse apenas que duas testemunhas de defesa deverão confirmar os fatos. As pessoas – que tiveram os nomes preservados a pedido da defesa do suspeito – têm depoimentos marcado para esta quarta-feira, 19.
Depois de registrar a versão, Bernardo permaneceu detido em Tatuí, de onde seguiu para a cadeia de Piraju. O suspeito alegou, no depoimento, que não se declarava arrependido. Enfatizou que entendera que a morte da vítima seria o “único meio de preservar a vida dele e da família”.
O advogado do suspeito declarou a O Progresso que Bernardo não sabia da existência do mandado de prisão temporária. Ele afirmou que conversara com o acusado na semana passada, tendo sido procurado para representá-lo no caso no mesmo período. “Ele queria se apresentar, era um desejo dele”, sustentou.
Conforme o defensor, a vítima era apenas conhecida do suspeito. O advogado afirmou que eles não possuíam relação de amizade e que o desentendimento entre eles começara, aparentemente, sem nenhuma explicação.
Também segundo ele, a vítima relata para a defesa ter sido ameaçada e perseguida. O advogado informou que quatro testemunhas devem reforçar o depoimento de Bernardo e que algumas delas também haviam sofrido intimidações. Os fatos teriam ocorrido em vários locais públicos.
Para a defesa, Bernardo também alegou que não havia ingerido bebida alcoólica no dia do crime. “Ele estava sóbrio e, inclusive, indo trabalhar com uma das testemunhas que virá depor”, antecipou o advogado do suspeito.
O advogado vai solicitar habeas corpus junto ao TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo.