O desabastecimento nacional da vacina pentavalente, indicada para bebês, pode afetar a imunização de crianças em Tatuí, de acordo com nota informativa do Ministério da Saúde e com o médico pediatra Jorge Sidnei Rodrigues da Costa. O boletim ministerial foi enviado pela Vigilância Epidemiológica local.
O relatório foi divulgado no mês de abril, pela Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações e é a última atualização da situação da distribuição de vacinas no país. Faltariam vacinas tanto na rede pública quanto na particular de Tatuí.
A pentavalente protege crianças contra doenças que podem ser fatais nos primeiros anos de vida, entre elas, difteria, coqueluche (conhecida como tosse comprida), tétano, o tipo B de Haemophilus influenzae e hepatite B. As doses são dadas no segundo, quarto e sexto meses de vida, com reforços aos 12 meses e quatro anos de idade.
Segundo a nota informativa disponibilizada pela Vigilância Epidemiológica, 6 milhões de doses que chegaram ao país no segundo semestre do ano passado não puderam ser distribuídas aos Estados por “excursão de temperatura”.
O problema ocorre por descontrole na refrigeração das vacinas importadas, que podem perder a validade. Um novo lote deve ser entregue no segundo semestre deste ano, conforme o governo federal.
O problema com as vacinas que seriam entregues ao SUS (Sistema Único de Saúde) se soma à falta do imunizante pentavalente no mercado internacional. A alta procura dificulta também a distribuição em clínicas particulares, de acordo com Costa, que atende tanto na rede pública quanto na privada.
“A vacina está em falta nos postos de saúde desde maio. Para a minha clínica, também não estou conseguindo comprar. O máximo que nós conseguimos são cinco doses”, relatou.
O médico frisou que as doenças cobertas pela vacina pentavalente são graves. A coqueluche, por exemplo, é causada por uma bactéria, a Bordetella pertussis, altamente contagiosa e que pode levar à morte.
“Se a criança pega uma doença dessas, é internação na certa. Além disso, tem a meningite (Haemophilus) que a bactéria pode cair na corrente sanguínea e causar meningococcemia. A porcentagem de sobrevida neste caso é de apenas 5%. A vacina dá muita proteção”, explicou.
Para Costa, cerca de 90% dos bebês da cidade estão ficando sem imunização, o que pode levar ao ressurgimento das moléstias prevenidas pela vacina pentavalente.
“Chega a ser assustador, porque as crianças estão ficando desprotegidas. Há grande possibilidade de ressurgir essas doenças, que são contagiosas e com alta mortalidade e periculosidade. As vacinas são importantes para esta proteção”, ressaltou.
Outras vacinas
Segundo o Ministério da Saúde, a vacina DTPa (difteria, tétano e coqueluche acelulares), utilizada para pacientes imunodeprimidos e imunodeficientes, também está em falta. O governo federal está em processo de aquisição dos imunizantes, cuja entrega deve ser efetivada no segundo semestre.
A imunoglobulina (anticorpos) antitetânica se encontra com desabastecimento parcial, conforme dados do Ministério da Saúde, assim como os anticorpos anti-hepatite B, em falta por indisponibilidade nos estoques.