A faxineira Vera Lúcia Santos Rodrigues busca respostas para questões envolvendo o túmulo que seria pertencente à família dela, situado no cemitério Cristo Rei. Desde o dia 16 deste mês, ela aguarda explicações para saber onde estão os restos mortais do pai dela, enterrado em 2016.
Na quarta-feira da semana passada, 21, a faxineira procurou a reportagem de O Progresso. Na ocasião, disse ter suspeitado de violação do túmulo.
Ela contou que, na terceira sexta-feira de junho, estivera no cemitério para visitar o túmulo do pai. Quando se aproximou do jazigo (que estaria pintado de azul, sem azulejos e foto do ente), notou que ele tinha sido “violado”.
Em seguida, a faxineira procurou o funcionário responsável pela administração. Ele estava no escritório do cemitério e teria, em um primeiro momento, dito que não encontrara o registro – que teria sido feito no cemitério – do enterro do pai.
Depois de conversar com o funcionário, a faxineira pediu que ele a seguisse até o túmulo. A mulher queria mostrar ao responsável que o local teria sido “remexido”.
A faxineira contou que eles divergiram e que, depois, voltou para casa “não satisfeita com as explicações”. Contrariada, relatou o fato à irmã e ao filho, os quais estiveram no cemitério na manhã do dia seguinte, sábado, 17.
De acordo com a faxineira, o filho dela, a nora e a irmã tentaram acesso ao registro de sepultamento. Entretanto, não teriam sido atendidos.
Ainda no cemitério, depois de conversar com o responsável, os três encontraram um coveiro. O homem teria dito a eles ter sido o responsável pelo reboco no sepultamento. “Ele batia o pé, dizendo ter sepultado uma mulher e que não tinha ninguém lá. Minha irmã questionou-o”, declarou Vera Lúcia.
Para a irmã da faxineira, o homem teria afirmado que havia sepultado uma mulher no mesmo local. Ele ainda teria dito não existir nenhum corpo no jazigo anteriormente. Ao ser informada sobre o fato, Vera Lúcia ficou indignada, uma vez que o pai dela, João Rodrigues Filho, falecera no dia 15 de janeiro do ano passado.
O idoso de 79 anos foi velado no mesmo dia e enterrado na manhã do dia seguinte, às 9h de 16 de janeiro. O sepultamento aconteceu no túmulo pertencente à família.
A vítima disse ter ficado ainda mais assustada depois de ser informada, por um funcionário do cemitério, de que o corpo do pai dela “já havia voltado ao túmulo”. Vera Lúcia sustentou que o fato caracterizaria “uma irregularidade e um absurdo”.
“Dá para ver que mexeram no reboco do fechamento da sepultura, depois da sexta-feira. Eu fui até lá, tirei fotografia. Há uma trinca, o serviço foi mal feito. Mas o que quero saber é se pegaram meu pai e onde puseram o corpo dele”, declarou a faxineira.
Para a reportagem, Vera Lúcia afirmou que o túmulo pertence à família dela. A faxineira disse, ainda, que ninguém da família teria dado autorização para que o corpo de outra pessoa – uma mulher de Tatuí – fosse enterrado lá. A autorização teria sido dada por uma pessoa que reside em Tietê.
Ainda segundo a faxineira, o suposto coveiro teria dito que a família da mulher falecida havia acompanhado o sepultamento, realizado em maio deste ano, conforme os registros.
Entretanto, Vera Lúcia alegou que procurara os familiares da mulher enterrada no túmulo do pai dela. Segundo a denunciante, os parentes disseram não ter acompanhado a abertura da sepultura.
O Executivo informou que está apurando o caso. A Prefeitura abriu sindicância para averiguar se houve irregularidade e aguarda o recebimento de documentações, uma delas de uma advogada de Boituva.
A mulher viria a Tatuí para trazer os documentos e teria, inclusive, autorizado o enterro de um tio – um homem e não uma mulher – no túmulo reclamado pela faxineira.