Moradores e comerciantes da região da avenida Vice-Prefeito Pompeo Reali deram aval para que a Prefeitura refaça o projeto de revitalização da via. A reformulação inclui a demolição do canteiro central, apelidado de “churrasqueira”.
A votação foi realizada em audiência pública na noite de segunda-feira, 29, que contou com a participação de 163 pes-soas. Segundo a Prefeitura, outras 2.338 assistiram à transmissão ao vivo pelo “Facebook”.
Iniciada há pouco mais de um ano, a obra de revitalização da Pompeo Reali está inacabada. As principais reclamações são os poucos acessos para pedestres e retornos para veículos, além da “churrasqueira”, que permitiria a formação de enxurradas durante fortes chuvas.
Na reunião, ficou decidida a remoção do canteiro central, construído em alvenaria. O dispositivo não agradou moradores e comerciantes e é alvo de críticas pela durabilidade. Diversos acidentes na avenida derrubaram parte do muro construído com tijolos.
Com o “sim” dos moradores, a equipe de engenheiros da Prefeitura deve apresentar, nos próximos 15 dias, um novo projeto de revitalização. Uma nova audiência pública deve ser marcada para que o plano seja mostrado à população.
Não será a primeira vez que a administração municipal faz alterações no projeto de revitalização. No contrato assinado em dezembro de 2015, o orçamento previa investimento de R$ 863 mil.
Iniciada em fevereiro, a obra teve a primeira revisão três meses depois, quando o canteiro em concreto armado foi substituído por alvenaria. O valor subiu para R$ 911 mil.
Em setembro do ano passado, uma nova reprogramação: foi decidido que a empresa contratada não construiria mais o canteiro central na rua Capitão Lisboa. O novo orçamento, de R$ 942 mil, previa o recapeamento de ruas lindeiras à Pompeo Reali.
Neste mês, a Prefeitura e a THR Construção e Infraestrutura Ltda., empresa responsável pela obra, decidiram rescindir o contrato. Dos R$ 942 mil previstos em convênio com o governo do Estado, o município tem R$ 207 mil para terminar a obra.
Como o convênio do governo estadual ainda não foi encerrado, a Prefeitura busca alternativas para o término da obra, como a reformulação do projeto, junto à Secretaria de Estado da Casa Civil.
De acordo com o gestor municipal de convênios, engenheiro civil Aleksander Chaves dos Santos, o governo local estuda duas saídas para a conclusão da revitalização, todas elas contando com os recursos estaduais restantes: injetar recursos municipais ou solicitar mais um convênio com o Palácio dos Bandeirantes.
“Mesmo que a Prefeitura terminasse a obra do jeito que está programado, somente com os recursos do Estado, precisaríamos investir R$ 20 mil dos cofres municipais para terminar”, declarou.
Após a apresentação do novo projeto aos moradores – o que está previsto para uma quinzena -, a Prefeitura mandará a solicitação à Casa Civil, que deve dar o aval. Uma nova empresa seria contratada para realizar o serviço.
“A lei não nos permitia fazer uma nova reprogramação de serviços, por isso foi rescindido o contrato. Estamos tomando as medidas que o governo do Estado nos orientou. A empresa anterior também não tinha mais interesse em terminar. Por conta da demora, o custo dos serviços foi aumentando e o contrato, defasado”, justificou o engenheiro.
O secretário municipal do Governo, Luiz Gonzaga Vieira de Camargo, disse que a prefeita Maria José Vieira de Camargo está disposta a garantir verba extra para a realização das melhorias, caso os recursos estaduais não sejam suficientes.
Gonzaga garantiu que a Prefeitura pretende inaugurar a revitalização da Pompeo Reali juntamente com a nova ponte do Marapé, entre o final de julho e início de agosto. Comerciantes demonstraram preocupação com a duração das obras, que afetam o acesso de clientes aos estabelecimentos.
“Queremos que aqui tenha um novo visual quando formos inaugurar a nova ponte. Acho que o quanto antes resolvermos isso (a revitalização) é melhor. Não adianta terminar a ponte e deixar a avenida desse jeito”, comentou Gonzaga.
A reformulação do projeto da avenida deve agregar serviços que não foram realizados até o momento, como a troca da iluminação, o paisagismo e a instalação de faixas de pedestres elevadas (lombofaixas). A colocação de semáforo está prevista no projeto original e deve ser mantida no novo.
O canteiro central em alvenaria dará lugar a um novo, construído em concreto armado. A Prefeitura prevê a instalação de novos pontos de passagem para pedestres e retornos para os veículos.
“Originalmente, o canteiro central foi projetado em concreto, o que seria uma boa opção. Os tijolos atuais precisariam ter os furos preenchidos com concreto para que ganhassem resistência mecânica. Do jeito que está, qualquer batida de veículo quebra”, disse o engenheiro gestor de convênios.
Apesar da necessidade, o contrato não previa o preenchimento dos blocos. Como o custo é alto, optou-se pelo preenchimento somente em alguns pontos considerados de maior risco.
O engenheiro citou que a avenida precisa de redimensionamento do sistema de drenagem, atualmente “defasado”. Para Santos, a renovação das galerias de águas pluviais é necessária para a manutenção do asfalto, que sofre com as fortes enxurradas no período chuvoso.
“Devido a problemas na drenagem, o recapeamento realizado no ano passado não durou. Como fecharam o canteiro central, a água não consegue passar de um lado para outro, prejudicando a pavimentação. Isso está um pouco defasado”, comentou.
Voto de confiança
Questionado sobre possíveis atrasos com o novo projeto, o secretário Gonzaga pediu um voto de confiança da população do entorno da Pompeo Reali.
Segundo o ex-prefeito, o governo “está fazendo o melhor possível para antecipar os passos e possa começar o quanto antes o novo projeto”. Uma das metas é ”causar o menor transtorno possível” aos comerciantes e moradores.
“Inclusive, podemos dar andamento à obra fora do horário de funcionamento do comércio e trabalhar durante a noite para que ninguém sofra mais. Teremos todo o cuidado para que o trânsito possa continuar fluindo pela via”, prometeu.
Gonzaga citou que um exemplo para o andamento das obras de revitalização é a intervenção realizada na avenida Vice-Prefeito Nelson Fiuza. Lá, a iniciativa privada está instalando sistema de captação de águas pluviais.
O secretário do Governo afirmou que a Prefeitura sabe das dificuldades enfrentadas pelos comerciantes da região da Pompeo Reali e da rua Capitão Lisboa.
“Sinto muito pelo que a população, a cidade, o comércio e a geração de empregos estão passando. Sabemos que todos foram afetados, mas não podemos continuar nessa situação. Queremos uma solução inteligente, para deixar essa região bonita e atrativa para todos”, comentou.
Segundo a prefeita Maria José, os tempos de dificuldade dos comerciantes e moradores da Pompeo Reali estão no fim. Com a finalização das obras prevista para agosto, os empresários poderiam recuperar o tempo perdido com o aumento das vendas.
“A maioria quis a derrubada da churrasqueira. É importante ouvir a população antes de tomar quaisquer decisões. Essa região é uma das nossas maiores prioridades no governo”, declarou.
Maria José avaliou a audiência pública como positiva e afirmou que sempre estará atenta às reclamações e sugestões da população.
“Não fico somente no gabinete. Eu saio, eu ouço a população. Acho isso importantíssimo. Tenho absoluta certeza de que os moradores vão aplaudir o projeto que vamos apresentar daqui a 15 dias”, afirmou.