Inaugurado em 2001, o BPP (Banco do Povo Paulista) de Tatuí retoma as assinaturas de novos empréstimos neste mês. A estimativa divulgada a O Progresso pela agente de crédito da unidade, Patrícia Silveira Gardenal, é que a unidade conceda 60 empréstimos. Os processos aguardam análises há quatro meses.
“Houve uma mudança interna na administração, o que exigiu um tempo para adequações. Uma nova profissional foi capacitada em São Paulo – em curso com duração de três dias – para realizar os atendimentos”, explicou o diretor do Departamento Municipal de Trabalho, Luiz Antonio Voss Campos.
Credenciada para atendimento, Patrícia é a nova responsável pelos processos de empréstimos. O Banco do Povo Paulista conta com duas profissionais.
Elas recebem os interessados de segunda a sexta, em horário comercial, em espaço anexo ao PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador), à rua Adauto Pereira, 397, na vila Minghini. O telefone é 3251-2727.
A unidade oferece linhas de créditos para os pequenos empreendedores, tanto pessoas físicas quanto jurídicas. Patrícia explicou que os interessados não precisam, necessariamente, ser formalizados (possuírem negócio registrado). Entretanto, têm de cumprir uma série de exigências, que vão desde a prova de que já estão produzindo bens e serviços à apresentação de um avalista.
As linhas variam de R$ 3.000 a R$ 7.500 para pessoas físicas e jurídicas, respectivamente. Estes valores são os máximos liberados para os empresários no primeiro empréstimo. Conforme o histórico do cliente, o financiamento pode aumentar. A pessoa jurídica, por exemplo, pode requerer até R$ 10 mil.
Os processos têm início com a avaliação da parte documental de quem pleiteia. Os informais precisam apresentar documentos pessoais.
Em qualquer situação, a pessoa não pode ter qualquer tipo de restrição. Empresários ou profissionais liberais com o nome negativado (com dívidas não pagas) não são contemplados. “O sistema é inteligente e bloqueia a continuidade do cadastro e do processo automaticamente”, explicou a agente.
Além disso, todo interessado em obter linha de financiamento precisa apresentar um plano de trabalho. Patrícia mencionou ser essencial que a pessoa demonstre como vai utilizar o dinheiro, na forma de projeto e documentos.
“A primeira parte é o cadastro; a segunda é a comprovação, por meio de fotografias”, descreveu. Nessa etapa, Patrícia fica encarregada de realizar visita aos empresários.
Conforme ela, as fotografias são uma maneira de demonstrar que o valor solicitado pelo empresário formal ou informal será utilizado para o fim proposto, além de comprovar que o profissional existe de fato.
Em Tatuí, boa parte dos empréstimos registrados até o ano passado contemplou sacoleiros – pessoas que compram roupas em feirões e revendem no município. Outra parcela beneficiou mulheres que trabalham com produtos de limpeza feitos em casa, em um “ambiente separado”.
“Em todos os casos, as pessoas precisam comprovar que exercem as atividades, que possuem consumidores e, principalmente, que vão aplicar os recursos que estão pleiteando por empréstimo no que se propuseram”, enfatizou Patrícia.
As imagens são anexadas aos processos “físicos” (documentos) que finalizam com assinaturas de avalistas. “A pessoa que vai assegurar o pagamento precisa comprovar renda. Já quem vai financiar, não”, comentou a agente.
Patrícia ressaltou que as obrigações de quem pleiteia o recurso continuam mesmo depois do empréstimo. Além de ter de quitar as prestações, quem foi beneficiado pela linha de crédito precisa apresentar notas fiscais. Esses documentos têm de ser, necessariamente, emitidos por quem tem CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica).
“Funciona assim, porque a finalidade do programa é gerar lucro e impostos para a cidade. Daí o fato de que o fornecedor tem que estar formalizado”, destacou.
Conforme Patrícia, as parcelas do empréstimo podem ser pagas em lotéricas ou agências bancárias. “O juro é muito baixo, de 0,35% ao mês, muito acessível”, ressaltou.
O cliente também pode escolher a quantidade de parcelas. Os financiamentos podem ser pagos em até 36 meses (três anos), com prazo determinado quando do momento da apresentação da proposta junto ao agente.
Em Tatuí, quem é atendido pelo Banco do Povo Paulista também conta com orientações para formalização. Como, em geral, as pessoas não estão formalizadas (possuem pequenos negócios), Patrícia explicou que a equipe faz o encaminhamento delas para setores que visam à profissionalização sempre que possível.
A agente citou que a equipe verifica, primeiro, se o empreendedor possui condições de se formalizar. Em determinados casos, também dá instruções que ajudam as pessoas a amadurecerem as ideias, antes de pedirem os empréstimos.
As explicações são consideradas essenciais, já que há casos de pessoas que vão até o banco para pedir dinheiro quando estão em dificuldades financeiras.
Segundo Patrícia, é comum que desempregados busquem a ajuda para tentar obter alguma renda, com a venda de algum produto ou comercialização de bens.
“Acontece de haver confusão, mas a pessoa precisa ter ciência de que há riscos, e o banco, para liberar o crédito, também tem que estar convencido de que o dinheiro que vai ser emprestado será utilizado para movimentar a economia”.
Do contrário, a agente ressalta que a pessoa entusiasmada com a possibilidade de ter um negócio próprio – mas sem preparo para tanto – pode se decepcionar. Mais que isso, corre o risco de ter de lidar com mais um problema.
“Quando a pessoa não presta conta do dinheiro, o banco exige a devolução imediatamente do valor integral. Então, a pessoa pode ter um problema a mais”, frisou.
Em Tatuí, a unidade retoma a concessão de empréstimos (assinatura de contratos) depois de um período de reestruturação. Durante os quatro últimos meses, de dezembro de 2016 a março deste ano, a unidade não pôde conceder novos financiamentos por não dispor de uma agente credenciada.
Nesse período, Patrícia explicou que os pedidos não ficaram “totalmente paralisados”, uma vez que a equipe trabalhou na parte burocrática. “Como eu estou faz dois anos auxiliando os processos, nós concentramos esforços em orientar as pessoas para que as papeladas pudessem ser aprovadas”, enfatizou.
Até o mês passado, a agente também registrou atendimentos em simulações. Neste mês, Patrícia deverá formalizar os empréstimos com as assinaturas.
A expectativa é de que os cidadãos recebem o resultado das avaliações em 15 dias. O passo seguinte é a formalização para o depósito em conta-corrente. Patrícia explicou que o empréstimo sai no mesmo dia.
A agente disse não ter condições de precisar o valor total dos empréstimos a serem concedidos, uma vez que há variações entre um contrato e outro.
Voss Campos ressaltou que o dinheiro “deve auxiliar na melhoria da economia local”, considerando-se o valor médio concedido por mês em 2016, de R$ 58 mil. De acordo com ele, o dinheiro vai resultar em mais consumo e, consequentemente, mais arrecadação de impostos no âmbito municipal.