O concerto de abertura de temporada do Grupo de Performance Histórica do Conservatório de Tatuí traz o programa “Viaggio Musicale”, formado por sonatas italianas dos séculos 17 e 18. A escola oferece a apresentação gratuita nesta sexta-feira, 31, às 18h, no auditório da Unidade 2, à rua São Bento, 808, no centro.
A apresentação será conduzida pela coordenadora do Grupo de Performance Histórica, Selma Marino (flauta doce), e por Maria Eugênia Sacco (cravo). De acordo com Selma, o programa representa uma “fantástica viagem pelas sonatas italianas”.
A “jornada” começa com “Canzon Terza – Canto solo e Basso contínuo em nove movimentos”. A composição de Girolamo Frescobaldi (1583-1643) representa o início da sonata, na qual não havia separação entre os andamentos.
O grupo segue com “Sonata VIII. Op V. em Sol menor (original em Mi menor), Preludio (Largo), Allemanda (Allegro), Sarabanda (Largo), Giga (Allegro)”, de Arcangelo Corelli (1653-1713). Ela configura uma “sonata da câmara” e possui movimentos de dança.
“Essa sonata foi escrita originalmente para violino e há uma transcrição para flauta doce publicada por J. Walsh, em 1702”, observa a coordenadora do grupo, em nota enviada à imprensa pela assessoria de comunicação do Conservatório.
A terceira obra do concerto é de Francesco Geminiani (1687-1762): “Sonata in Mi menor – Adagio/Allegro/Largo/Vivace”, que consiste em uma “sonata da chiesa”, com quatro movimentos contrastantes (lento, rápido, lento, rápido).
Originalmente, a composição é para oboé ou traverso. “Contudo, na época barroca, era muito frequente a transcrição de peças de violino, oboé ou traverso para flauta doce”, acrescenta Selma.
O encerramento traz “Sonata XII in Fá M – Adagio, Minuetto-Allegro, Gavotta-Allegro, Largo, Ciaccona-Allegro”, de Benedetto Marcello (1686-1739). De acordo com a coordenadora do grupo, a obra descreve a fusão das sonatas da “câmara” e da “chiesa”, prática que passou a vigorar a partir de 1700.
O Grupo de Performance Histórica do Conservatório de Tatuí tem por objetivo a interpretação e a divulgação do repertório europeu dos séculos 16 ao 18. É formado por professores, alunos bolsistas de nível avançado e conta com a participação de músicos convidados, conforme o programa a ser apresentado.
Dentre suas metas está a de resgatar e transmitir não apenas a música, mas a própria visão de mundo do renascimento e do barroco. Para tal, o grupo almeja a maneira mais aproximada ao ideal sonoro da época, utilizando em suas apresentações réplicas dos instrumentos daqueles períodos. Desse modo, o grupo busca nos tratados e manuais de época os conhecimentos estilísticos para uma prática interpretativa mais próxima da concepção dos compositores.
A coordenadora do grupo iniciou os estudos musicais em São Paulo, estudando flauta doce com as professoras Cléa Galhano e Terezinha Saghaard. É formada em flauta doce pelo Conservatório de Tatuí, instituição na qual estudou com os professores Bernardo Toledo Piza e William Takahashi.
Completou a formação sob orientação dos flautistas Ricardo Kanji, Bernardo Toledo Piza, David Castelo e Valéria Bittar. Participou de diversos cursos. Atualmente está cursando especialização em música de câmara.
Maria Eugênia é bacharela em cravo pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e graduada em nível universitário pelos exames internacionais do Trinity College London. Em Amsterdã, Holanda, fez curso de aperfeiçoamento com Anneke Uittenbosch no Conservatorium Sweelinck (1994-1995) e na Academie voor Oude Muziek (1995-1996), com Patrick Ayrton.
Foi convidada pelo cravista Ilton Wjuniski a participar de seus cursos na Académie Musicale de Villecroze – França (estágio de cravo em 2001 e atelier de musicologia em 2003) e no Conservatorio Superior de Salamanca – Espanha (“curso de musica para teclas de los siglos XVI y XVII”, em 2001).
É professora de cravo, baixo contínuo e música de câmara, no Conservatório de Tatuí, e de cravo e baixo contínuo na Fundação Magda Tagliaferro. Integra os grupos Lira D’ Orfeo, Duo Auleum, Raro Tempero e Duetto.