Sallum deseja dividir mandato com grupo de ‘150 vereadores’

 

Um grupo de 150 pessoas “será corresponsável” por uma das cadeiras da Câmara Municipal na nova legislatura. O representante do grupo, Eduardo Dade Sallum (PT), eleito com 682 votos, é integrante do Movimento Popular Práxis, coletivo estudantil que discute política, filosofia e economia.

A experiência é conhecida, no meio político, como “mandato compartilhado”. Um grupo de pessoas denominadas “vereadores populares” se articula em torno da candidatura de um representante, o “vereador oficial”. A ideia de dividir o mandato não é nova e está em prática em algumas cidades, diz Sallum.

“Formamos seis laboratórios populares no período da pré-campanha para formularmos as nossas propostas. Esses laboratórios são grupos por tema e por região da cidade. Em 2017, vamos reativar esses grupos e formaremos um conselho do mandato, em que serão decididas as ações nossas na Câmara”, explicou.

Segundo o vereador eleito, ele próprio terá um voto no conselho e discutirá de “igual para igual” com os outros integrantes do grupo. As ideias formuladas em conjunto serão apresentadas por Sallum, na Câmara, como projetos de lei.

“Nosso mandato terá limitações institucionais e políticas. Institucional, pois o mandato de vereador tem algumas restrições e política, porque somos independentes e não contaremos com o apoio do novo governo. Os projetos que não conseguirmos a aprovação, colocaremos em um programa progressista de governo para Tatuí, para o futuro”, declarou.

O vereador eleito afirmou que o grupo político dele “vendeu sonhos” e permitiu que os eleitores voltassem a “sonhar com a política”. Para ele, grande parte do eleitorado estava “decepcionada” com os atuais representantes na Câmara e com o sistema político como um todo.

“A população mandou um recado, e foi bem clara nisso, ao reeleger apenas cinco dos 17 vereadores. O povo quer mudança, caras novas liderando esse processo. Espero que a nova Câmara entenda isso e responda positivamente”, observou.

Sallum foi o último vereador a ter a vaga confirmada pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo. Problemas nas prestações de contas do Partido dos Trabalhadores, do qual é filiado, chegaram a causar a anulação dos votos, revertida na corte paulista.

“Tinha a questão da documentação, mas já sabíamos que, a depender do coeficiente eleitoral, estávamos eleitos. Acho que essa questão atrapalhou um pouco a nossa votação, pois alguns candidatos usavam esse fato para nos tirar votos. No final, tudo deu certo”, declarou.

Outro fator que poderia ter atrapalhado a votação de Sallum seria a filiação ao PT, partido envolto em escândalos de corrupção em âmbito nacional.

“De alguma forma, nos desvinculamos ao PT, por mais que tínhamos companheiros do partido na nossa campanha. Argumentamos que a corrupção é sistêmica e começa nas eleições, com o financiamento privado. Não tivemos isso na nossa, pois foi uma construção coletiva”, finalizou.