Febre maculosa foi a ‘causa mortis’ de adolescente, segundo Vigilância

 

A Vigilância Epidemiológica confirmou, na sexta-feira, 4, que a morte de um adolescente de 16 anos, ocorrida no final do mês passado, foi em decorrência de febre maculosa. É o segundo caso da doença em 2016, informou o órgão.

A Secretaria Municipal de Saúde suspeitava, anteriormente, que a “causa mortis” do garoto era meningite meningocócica, mesmo os exames tendo dado negativos para a presença da bactéria no sangue.

O exame que confirmou a ocorrência de febre maculosa na cidade foi realizado pelo Instituto Adolfo Lutz. O resultado da análise foi entregue ao município nesta semana.

O garoto (que não teve a identidade revelada) teria visitado a região do ribeirão Manduca com um grupo de alunos de uma escola, a qual também não foi informada pelo órgão.

O adolescente teria estado no local por outras duas vezes após a visita escolar, de acordo com a coordenadora da Vigilância, Marilu Rodrigues da Costa.

“Nossa equipe acionou a escola, mas, pelo que soubemos, o adolescente esteve outras duas vezes no local, atrás de capivaras. Nós orientamos a instituição a não voltar mais àquela região, por precaução”, afirmou.

A Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) de Sorocaba já foi informada da ocorrência de febre maculosa na cidade. O órgão deve realizar, nas próximas semanas, a coleta de carrapatos na região do ribeirão Manduca. Caso não sejam encontrados exemplares do aracnídeo, a equipe fará a coleta de sangue de cavalos e cachorros nas imediações.

“Essa espécie de carrapato é diferente da encontrada nos cachorros, porém, pode acontecer de algum cão ser hospedeiro da bactéria, por ter sido picado pelo carrapato-estrela”, explicou.

Marilu alertou aos moradores dos bairros cortados pelo ribeirão Manduca a evitarem os terrenos visitados pelas capivaras. O roedor é um dos principais hospedeiros do carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa.

“Caso a equipe da Sucen encontre carrapatos com a doença na região do ribeirão, ela fará o isolamento do local. Serão colocadas placas com advertências à população, para evitar contaminação”, afirmou.

 

Sintomas parecidos

Os sintomas de febre maculosa e meningite meningocócica são parecidos e podem confundir as equipes médicas, de acordo com a coordenadora da Vigilância Epidemiológica. Ambas as doenças são causadas por bactérias e tratadas por antibióticos, porém, os medicamentos usados para cada caso podem ser diferentes.

“Os médicos podem ficar na dúvida. Os pacientes têm febre, apresentam petéquias (manchas vermelhas) no corpo. É como o diagnóstico da dengue, que pode ser confundida com outras doenças”, explicou.

O que diferencia as duas doenças é o modo de transmissão. A febre maculosa tem como vetor o carrapato-estrela. O aracnídeo vive nas proximidades de cursos d’água e tem como principal hospedeiro a capivara. A meningite meningocócica pode ser passada por secreções respiratórias.

Os principais sintomas da meningite meningocócica são a febre alta, prostração, dor de cabeça, vômitos, aparecimento de petéquias na pele e rigidez da nuca e pescoço. A doença pode matar em menos de 48 horas.

A febre maculosa pode matar em até duas semanas. Entre os sintomas, estão febre alta, dor no corpo, diarreia e manchas vermelhas no corpo. Os sinais da doença demoram entre cinco e sete dias para se manifestar.

Segundo Marilu, o uso indiscriminado de antibióticos pode reduzir a eficácia dos medicamentos quando surgem infecções sérias no organismo. “O corpo fica acostumado a determinado remédio e, quando tem uma doença grave, o médico precisará usar outros tipos de drogas”.

 

Internação

O adolescente morto no dia 26 de outubro ficou internado na UTI (unidade de terapia intensiva) do Hospital Unimed por sete dias. Segundo a assessoria da instituição, ele deu entrada no pronto atendimento no dia 19 de outubro.

O Hospital Unimed divulgou, na ocasião, que seguira as recomendações do protocolo de isolamento respiratório estabelecido pelo Ministério da Saúde. As precauções vinham da suspeita de que o caso era de meningite meningocócica.

Amostras de exame do garoto foram coletadas e enviadas ao Instituto Adolfo Lutz, de Sorocaba e São Paulo. Os testes para meningite foram entregues no dia 27 de outubro e deram negativo.

O protocolo estabelece isolamento por 24 horas, após o início do tratamento antimicrobiano, porém, o hospital o deixou por 48 horas em quarto único. Depois desse período, o adolescente foi liberado do isolamento.

Durante a internação, foram coletadas amostras de sangue e enviadas ao instituto para análises. Os resultados dos exames de sorologia de meningite, que deram negativos, foram entregues na quinta-feira, 27.