BELEZA SEM CRISE – Só médicos fazem tratamentos invasivos





Tratamentos faciais que prometem desaparecer com manchas no rosto, métodos e equipamentos que garantem que irão destruir a gordura localizada e aplicação de loções e produtos mais invasivos como o botox. Tanta opção pode fazer com que a clientela que busca atendimento se perca quando precisa saber qual profissional contratar na hora de fazer um procedimento estético.

Alguns tipos de tratamentos mais radicais, como os peelings de maior poder de abrasão podem ser aplicados somente por dermatologistas, deixando aos esteticistas as versões mais brandas do procedimento. Esse tratamento promete deixar para trás marcas escuras e rejuvenescer a camada mais superficial da pele.

De acordo com a esteticista Luciana Soares Amaro Caldana, da Clínica Sigma, os clientes são orientados a procurar um dermatologista quando querem tratamentos faciais mais agressivos. O aconselhamento é feito, pois a concentração maior de ácidos como o salicílico, mandélico, glicólico e retinoico pode causar efeitos adversos na pele do paciente.

Uma outra explicação é o fato de que esses procedimentos, quando feito com dermatologistas, são mais seguros se acompanhados por médicos especialistas.

“Temos o peeling de cristal e de diamante. Quando a pessoa tem manchas, usamos o segundo tipo, pois aplicamos ácido na pele. O de cristal é mais para dar um rejuvenescimento geral na derme. Tem outras versões mais fortes do tratamento que nós aconselhamos a pessoa a ir ao dermatologista, pois só ele quem pode trabalhar com concentrações maiores”, explicou a esteticista.

O peeling é “campeão” de procura no inverno. A menor incidência de raios solares nesta época do ano facilita aos clientes na hora de fazer os cuidados diários durante o tratamento, que exige a aplicação de filtro solar no rosto.

No caso do peeling químico, que usa ácido, a atenção deve ser redobrada, a fim de evitar o aparecimento de novas manchas no rosto na região onde o produto descamou a pele, de acordo com a esteticista.

Para explicar o que não pode ser feito por esteticista, Luciana resumiu o que não pode ser feito pelas profissionais da área. “Tudo que é invasivo, que precisa perfurar a pele, deve ser feito com o dermatologista ou pelo cirurgião plástico”.

Um tratamento corporal que exige o acompanhamento de um médico especialista em estética é a carboxiterapia. Ele usa gás carbônico medicinal para estimular a criação de novos vasos sanguíneos e promover uma melhora na irrigação de sangue nos tecidos.

O gás também ocasiona o rompimento de fibroses do tecido subcutâneo, quebra a gordura e estimula a produção de colágeno. Como resultado, as estrias desaparecem.

O método é benéfico, ainda, para marcas de expressão e gordura localizada. De acordo com a esteticista, a carboxiterapia não oferece riscos ao pacientes.

“A carboxiterapia é considerada invasiva, mesmo não oferecendo risco. O médico trabalha com uma agulha de insulina e injeta gás carbônico na pele. Tudo que envolve agulha e precisa injetar alguma coisa na pessoa, é considerado invasivo. Eu não posso fazer aqui no consultório e encaminho o paciente para o cirurgião da nossa clínica”, explicou.

A aplicação da toxina botulínica tipo “A”, o botox, segue o mesmo princípio da carboxiterapia. O uso é diversificado na medicina, sendo mais utilizado como indicado para amenizar marcas de expressão pelo dermatologista.

O veneno produzido pela bactéria Clostridium botulinium ajuda no combate ao bruxismo, distúrbio do sono que produz ranger de dentes, por dentistas. Por oftalmologistas é indicado para correção de alguns tipos de estrabismo.

A injeção do botox no rosto para fins estéticos pode parecer tarefa simples para leigos. Entretanto, a técnica exige do dermatologista ou cirurgião plástico conhecimento de todos os 43 músculos presentes na face.

O modo de ação da toxina é simples: ela “desliga” o músculo produtor da ruga. A injeção de botox no rosto leva, em média, 15 minutos. O tratamento não exige repouso e seus efeitos duram de três a quatro meses.

Entre os procedimentos que podem ser feitos com esteticista, estão: a limpeza de pele, as versões mais brandas de peeling, depilação a laser, tratamentos corporais com auxílio de aparelhos como os que usam radiofrequência, drenagem linfática, massagem modeladora e ultrassom estético.

Procedimentos controversos, como o microagulhamento Dermoroller, que ocasionam sangramento da camada superficial da pele, podem ser feitos pelos profissionais.

Tratamentos que usam aparelhos, como a radiofrequência e o ultrassom podem causar queimaduras graves se forem aplicados por pessoas sem qualificação para utilizar o equipamento, alertou Luciana. Na cidade, a profissional afirmou não conhecer casos de queimaduras, mas alerta aos pacientes.

“Essas queimaduras de aparelhos são bem difíceis de tratar, então, as pessoas precisam tomar cuidado, ver bem onde vão fazer o tratamento, procurar se informar. Até tratamentos que não aparentam ser perigosos, como aplicação de uma loção, precisa ter atenção do paciente para caso de alergia”, orientou.

De acordo com a profissional, mesmo esteticistas que já sabem manusear o equipamento precisam se “reciclar” em cursos e, pelo menos uma vez por ano, enviar o aparelho para calibração.

“É difícil alguém sem capacitação manusear esses equipamentos, até mesmo porque eles são bem caros. As fabricantes oferecem cursos para quem quer trabalhar com essas máquinas”, disse.

O mercado da estética é “autossustentável”. Tanto alguns pacientes podem evoluir de tratamentos superficiais para cirurgias, quanto uma pessoa operada recentemente é orientada a fazer sessões de massagens linfáticas para redução de inchaço.

A esteticista Cristiane Lisboa, da Clínica Plenna, afirmou ser comum o encaminhamento de clientes para cirurgiões plásticos e dermatologistas. Apesar de modernos e eficazes, os tratamentos têm limites de resultados. O microagulhamento e o peeling reduzem as marcas de expressão e estimulam a produção de colágeno pelo corpo, porém, têm desempenho inferior quando aplicados em pacientes idosos.

“Quando são poucas marcas de expressão, o tratamento resolve, mas dependendo do caso, eu peço para a cliente fazer uma avaliação com o cirurgião. Não vou fazê-la gastar dinheiro com um tratamento que não vai deixá-la feliz”, disse.

O mesmo caso se aplica a pacientes que eram obesos e desejam melhorar a flacidez com tratamentos de radiofrequência e ultrassom estético, de acordo com Cristiane. Conforme a avaliação da profissional, quando há muita pele “sobrando”, o cliente é informado de que o caso dele será resolvido somente com cirurgia plástica.

“Quando tem pouca pele sobrando, eu garanto que o aparelho vá resolver, mas caso contrário, é cirurgia. Nem academia resolve casos de sobra de pele. Ela pode enrijecer o músculo, mas a pele continua flácida. Seria gastar dinheiro à toa” explicou.

Em casos de pacientes que passaram por cirurgias como abdominoplastia, usada para retirar os excessos de gordura e pele da barriga, e lipoaspiração, os cirurgiões orientam procurarem fisioterapeutas e esteticistas para fazerem massagem linfática, de acordo com o cirurgião plástico Ivan Machado, da Casa Corpo.

De acordo com o médico, o método ajuda na resposta do corpo no pós-operatório, desinchando a região operada. Com menos líquido no local, a cicatrização é mais rápida, o que afasta as chances de aparecimento de fibrose, um tipo de cicatriz interna de aparência dura. A massagem também previne hematomas, que podem manchar a pele se expostos ao sol.

“A drenagem faz com que a pele fique macia e previne o aparecimento de fibrose. A lipoaspiração descola toda a pele por baixo e é a cirurgia que mais necessita da massagem”, contou.

Os efeitos, além de estéticos, refletem no bem-estar do paciente operado, segundo o médico. Com menos inchaço, menos dores e a recuperação é mais rápida, podendo o cliente voltar às atividades normais do cotidiano mais depressa.

“A cada duas ou três drenagens eu estou junto fazendo o acompanhamento, quando é feita aqui na minha clínica. Antes mesmo da cirurgia, nós deixamos marcadas as sessões de drenagem. A duração do tratamento depende da evolução do paciente”, explicou.

De acordo com o cirurgião plástico, o uso de massagem linfática no pós-operatório começou a ser comum na década de 1990. Porém, alguns cirurgiões mais velhos acreditam ser “bobagem” a prática.

“Tem uns 20 anos que os cirurgiões começaram a indicar (a massagem), mas há alguns, principalmente os mais antigos, que dizem ser bobagem. Eles acreditam que se deu certo até agora sem a massagem, não tem porque mexer em time que está ganhando”, concluiu.