A Prefeitura anunciou, na manhã de terça-feira, 26, a assinatura de cessão da administração da futura UPA (unidade de pronto atendimento) a uma OS (organização social) de São Paulo. A empresa sem fins lucrativos ficará responsável por terminar a construção da unidade, equipá-la e administrá-la.
O chamamento público para a contratação da empresa gestora foi aberto neste dia 20. O grupo vencedor da disputa, o Instituto Hygia, vai administrar a UPA por cinco anos, ao custo de R$ 1,487 milhão por mês.
Segundo o diretor corporativo de planejamento do Hygia, Anderson Oliveira do Nascimento, a partir da publicação da assinatura do contrato – o que deve ocorrer nos próximos dias – a empresa fará uma “força-tarefa” para terminar a construção e fazer adequações para o funcionamento.
Serão feitas obras como instalação de portas e janelas, adaptações elétricas, colocação de piso e pintura. “A previsão nossa, passando o prazo para publicação de edital, esses trâmites burocráticos, é iniciar o processo de instalação no dia seguinte”, afirmou.
A inauguração da UPA será feita em duas fases. Na primeira, que deve acontecer em setembro, serão colocadas em funcionamento as salas do prédio principal.
Em um segundo momento, em meados de novembro, a OS espera liberar o prédio anexo, onde serão instaladas salas de repouso e acolhimento de pacientes, onde as vagas para hospitais serão aguardadas.
A princípio, segundo Hygia, a UPA deverá contar com atendimento de clínica geral, ginecologia e obstetrícia, pediatria e ortopedia. O contrato assinado com a Prefeitura dá liberdade à empresa para aumentar o número de especialidades conforme a demanda.
O processo seletivo para contratação de profissionais deve ser iniciado nos próximos dias. Serão contratados entre 60 e 70 profissionais para trabalharem na UPA. Cerca de 70% deles serão da área médica e de enfermagem.
Até a abertura da unidade, equipes técnicas da Secretaria Municipal de Saúde e do Instituto Hygia farão reuniões para discutirem as principais demandas de pronto atendimento.
O histórico de atendimento no Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto” será levado em consideração na montagem do portfólio de especialidades da UPA.
“Como é a primeira UPA da cidade, não temos um histórico de atendimentos. Então, é importante que o município nos passe informações, para que montemos a nossa equipe ajustada à demanda local. É um levantamento técnico que faremos”, explicou.
O Instituto Hygia estima que a UPA absorva 70% dos atendimentos atualmente realizados pelo Pronto-Socorro, que acolhe entre 300 e 400 pessoas diariamente. A divisão da demanda por atendimentos médicos de urgência e emergência fará com que o PS se desafogue gradativamente.
“Precisaremos de um período de amadurecimento, até que as pessoas conheçam o trabalho da UPA. A partir daí, vamos passar a receber a demanda que está atualmente em outros equipamentos de saúde. A divulgação da unidade vai ajudar bastante com esse trabalho”, afirmou.
Segundo a Prefeitura, após a inauguração da nova unidade, o PS ficará responsável por atendimentos médicos de maior urgência, como acidentes envolvendo traumas e que necessitem da retaguarda da UTI (unidade de terapia intensiva).
O contrato firmado entre o município e o Instituto Hygia prevê avaliações de indicadores de demanda e qualidade a cada 12 meses. Nesse período, também serão negociados reajustes no valor repassado pela Prefeitura.
“Temos fatores que deverão ser levados em consideração, como o dissídio dos funcionários e custos. Esses valores terão que ser analisados a cada 12 meses, para que mantenhamos a normalidade dos trabalhos ofertados”, declarou.
O diretor de planejamento do Instituto Hygia afirmou que as operações de UPAs seguem padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Ele disse que a empresa está “acostumada” a seguir padrões altos de qualidade no atendimento hospitalar.
O executivo deu como exemplo a administração do Hospital Municipal de Barueri e da Policlínica Jardim Silveira, na mesma cidade. Juntas, as duas unidades de saúde realizam 50 mil atendimentos por mês.
“Existe em Barueri uma cobrança de indicadores de qualidade que é superior aos de outra cidade. A população exige muito isso. Nós administramos a Policlínica e nos destacamos. Daí, fomos convidados a gerenciar o Hospital Municipal”, contou.
A qualidade do atendimento da futura UPA dependerá do trabalho básico da cidade, segundo Nascimento. Quando o trabalho de equipes das UBSs (unidades básicas de saúde) e do PSF (Programa Saúde da Família) é maior, a tendência é que a população procure menos o pronto atendimento.
“Tendo o (Programa) Saúde da Família, a população tem atendimento direto. Com esse filtro, poderemos nos concentrar nas especialidades e nos atendimentos mais urgentes, que é o foco do trabalho de uma UPA”, afirmou.
O contrato prevê que o instituto compre e instale equipamentos, mobiliário e computadores que serão usados na UPA. Entre os aparelhos que serão adquiridos, estão cardioversores, eletrocardiograma e de raios X. Ao final dos 60 meses estipulados no convênio, tudo ficará com o município.
“A parte de laboratório, de assistência médica, terão os equipamentos padrão, não terá muita diferença ao encontrado em outras UPAs. Quanto a equipamentos de alta complexidade, se o município tiver disponibilidade financeira e tiver grande demanda, poderá ser avaliada a aquisição futura”, afirmou.
O prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, afirmou que a administração teve de usar a “criatividade” para concluir a obra da UPA, sem comprometer o orçamento da cidade.
“O recurso para o contrato estava previsto no orçamento deste ano, não vai afetar a Prefeitura. De início, vamos arcar com a maior parte do valor. Porém, depois do registro da UPA, o governo federal vai ajudar no custeio, via SUS (Sistema Único de Saúde)”, explicou.
De acordo com Manu, o instituto contratado para gerir a UPA é conhecido pela humanização do atendimento de saúde. Além das unidades de Barueri, a empresa administra hospitais em São Paulo, João Pessoa (PB), Santa Isabel (SP) e Aparecida (SP).
“Nós pesquisamos e vimos que eles têm vasto conhecimento na área de urgência, trabalho com o SUS, no acolhimento e humanização no sistema de saúde. Eles querem que nossa UPA seja referência em atendimento de qualidade”, afirmou.
A assinatura do contrato foi precedida por visitas técnicas das empresas interessadas de gerenciamento da unidade. A do Instituto Hygia, realizada na semana passada, reuniu cerca de 20 funcionários, entre responsáveis pela engenharia, corpo médico e arquitetura.
“Eles fizeram um ‘check-up’ no prédio. Acharam que a construção é muito boa, as instalações adequadas e que precisariam somente de uma força-tarefa para terminar e entregar”, disse.
Manu afirmou que, “com a conclusão da UPA, uma das principais promessas de campanha será entregue à população”. Com a unidade, o prefeito disse esperar que a qualidade do serviço público de saúde na cidade melhore.
“Era um desejo da sociedade em ter a UPA pronta. Com essa unidade de urgência e emergência, vamos dar mais um salto de qualidade na saúde da cidade. Estamos celebrando uma vitória para Tatuí”, comentou.