Símbolo de uma geração e de obra que contribuiu para a industrialização do município, a antiga Estação Ferroviária do município deverá passar por revitalização. A primeira-dama e presidente do Fundo Social de Solidariedade, Ana Paula Cury Fiuza Coelho, pretende restaurar os prédios que integram o complexo tão logo o Executivo tenha as chaves para que possa avaliá-los.
Cinco dias depois de o Executivo receber do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) autorização para uso, Ana Paula visitou um dos imóveis. Ela esteve acompanhada do diretor municipal de convênios, Antônio Celso Fiuza Junior, e da arquiteta e urbanista Claudete Maria da Porciuncula Fiuza. Na ocasião, pretendia vistoriar o barracão cedido ao município.
A Prefeitura aguarda, para breve, a cessão da sede da estação desativada. Essa transferência depende de entendimentos com a ALL (América Latina Logística). A empresa ainda mantém no local equipamentos que serão realocados.
O pedido atendido pelo Dnit diz respeito a um termo de concessão, solicitado pelo Executivo. Em função do calendário eleitoral e do prazo de tramitação, o órgão não pôde atender a demanda por completo.
“O que a Prefeitura tem do Dnit é um termo de compromisso. Ela se compromete a conservar os imóveis e o órgão em dar posse até o fim do ano”, explicou o diretor de convênios.
A concessão vale por um período de 20 anos, sendo renovável por igual período. De momento, ela abrange o barracão usado para carga e descarga de produtos. A partir da segunda-feira, pode ser ampliada para a sede da Estação Ferroviária.
“Nós marcamos uma reunião com o pessoal da ALL que vai verificar o que tem de documento no imóvel. A expectativa é que a empresa libere o local e o devolva para o Dnit, que já tem termo de compromisso com a Prefeitura”, disse.
Em função de o documento atual obtido pela municipalidade não limitar a conservação ao barracão, Junior afirmou que a Prefeitura poderá fazer uso da sede. “O Dnit deu um termo que trata sobre o patrimônio da antiga Ferroban”, citou.
Até por conta disso, o diretor de convênios afirmou que o órgão federal não emitiu, diretamente, o termo de posse. Junior declarou que a recomendação pelo termo de compromisso era necessária, uma vez que não houve entrega da sede. “O termo não foi ‘fechado’ para não termos que fazê-lo de novo”, descreveu.
Objetos de processo de tombamento junto ao Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), os imóveis da antiga estação são “cobiçados” pela administração desde 2013. Em função do caráter histórico, eles despertaram também a atenção de Ana Paula.
A presidente do Fundo Social disse que o prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, tinha pretensões de uso para o complexo desde o primeiro dia de governo. “Primeiro, porque tudo lá estava parado. Depois, porque nós queríamos assumir um patrimônio histórico da cidade que estava largado”, disse.
Há três anos, Ana Paula e o prefeito cogitavam transferir, para os prédios, o Centro Cultural Municipal. No momento, o espaço funciona na praça Manoel Guedes, 12, no centro. Com o termo de compromisso, a presidente do Fundo Social pretende levar, para o complexo, novos cursos de capacitação.
Tanto a sede da estação como o barracão são de propriedade do governo federal. Por conta disso, Ana Paula explicou que o Executivo precisou apresentar a solicitação junto ao órgão da União, com apoio do deputado federal Herculano Passos. “Nós tínhamos um contato com ele, que nos deu diretrizes”, falou.
O Fundo Social pleiteou o uso dos imóveis ainda no ano de 2013, a partir do curso de restauração promovido em Tatuí em parceria com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). A capacitação veio por meio do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego).
“Já naquela época, eu queira que a turma restaurasse a estação. O problema é que estava tudo sob consignação da empresa. Daí, não podíamos fazer nada e optamos por recuperar o prédio do Mercado Municipal”, contou Ana Paula.
Para a primeira-dama, mais que espaço, o barracão vai permitir ao Fundo Social ampliação de seus tentáculos. Com a ocupação, a entidade pretende levar para outra parte da cidade capacitações e atividades. “Unimos o útil ao agradável. Vamos conseguir atender uma região não contemplada”, ressaltou.
Os planos que incluem a criação de um novo centro de capacitação para o local ainda não têm data para acontecer. Inicialmente, Ana Paula disse que a ocupação vai se concretizar, mas que ela depende de avaliação de engenheiros e arquitetos.
“Nós queremos mexer nos locais, mas preservando as características originais. Até por isso, queremos levar nossos alunos da construção civil para lá. A ideia é que eles façam as aulas práticas e, com isso, tenhamos economia”, falou.
O propósito da ocupação será o de centralizar as ações do Fundo Social, unindo capacitação e cultura. A presidente da entidade afirmou que a Prefeitura pensa em construir no local um “grande núcleo”. Ele deverá englobar mais cursos e reduzir o tempo de deslocamento de funcionários e professores.
Conforme a primeira-dama, o modelo a ser adotado em Tatuí é o mesmo que o de São Paulo. Em 2013, Ana Paula visitou o Fussesp (Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo), no Parque da Água Branca, e gostou da proposta. “É tudo centralizado e muito mais fácil de administrar”, disse.
Ao incluir diversas capacitações num mesmo espaço, a primeira-dama pretende otimizar recursos. “Além de requerer menos mão de obra, o Fundo vai conseguir funcionar melhor, estando dentro de um espaço que tem tudo”, defendeu.
Para colocar os planos em prática, no entanto, Ana Paula disse que o Executivo precisará de ajuda da iniciativa privada. No momento, a municipalidade vai providenciar avaliação do imóvel (inicialmente, do barracão) para verificar as condições de uso e quais obras deverão ser realizadas.
O prazo de ocupação, propriamente dita, vai depender do “tamanho da intervenção”. O desejo da primeira-dama é de fazer uso do imóvel “o mais rápido possível”, com a transferência do Polo da Construção Civil. A unidade do município funciona, até o momento, na rua José Ortiz de Camargo, 473.
Por meio de divisórias, Ana Paula quer incluir no imóvel uma cozinha experimental e uma padaria para cursos de culinária, e mesas para aulas de artesanato. A expectativa é atender a demanda por vagas de residentes nos bairros periféricos, como vila Jurema, Jardins Palmira e Manoel de Abreu e Parque Santa Maria.
O centro também vai atender moradores do Jardim Lírio e do distrito de Americana. Parte desse público, no momento, frequenta aulas no Lions Clube. “Inclusive, o nosso curso de babá é realizado em parceria com o Lions”, disse Ana Paula.
No novo espaço, a presidente do Fundo Social projeta a criação de cursos noturnos.