A ponte do Marapé, que liga o centro da cidade aos bairros Morro Grande e vila São Cristóvão, caiu durante um forte temporal que atingiu a cidade no início da noite de quinta-feira, 10. Não houve feridos com o desmoronamento.
A chuva durou aproximadamente 30 minutos. Segundo a Secretaria de Infraestrutura, Meio Ambiente e Agricultura, choveram 27 milímetros em 15 minutos.
Com a queda da estrutura, os serviços de telefonia e internet ficaram prejudicados em alguns bairros localizados ao norte da ponte. Segundo técnicos da Vivo, os serviços serão totalmente reestabelecidos até este domingo, 13.
O local estava parcialmente interditado havia uma semana para que engenheiros da Prefeitura fizessem uma inspeção, pois havia suspeita de infiltração na ponte.
Após o desmoronamento, moradores do entorno estão receosos com os escombros que estão dentro do rio, os quais poderiam atrapalhar o fluxo de água em um eventual temporal.
O vigilante noturno Gilmar Edson Rolim mora em uma casa em frente à ponte do Marapé e viu quando a estrutura foi abaixo. O morador ficou com medo de que a força da água abrisse uma cratera no local e chegasse à casa dele, localizada a poucos metros da cabeceira ruída.
“Tenho as minhas criações, meus dois cachorros. Pensei em pegar eles e subir a rua para ficar em um lugar mais seguro, mas não aconteceu nada”, contou.
Rolim afirmou que, na madrugada, outro estrondo assustou os moradores do entorno. Provavelmente, um barranco cedeu. A preocupação, agora, é com novas chuvas, que podem alargar a cratera formada na antiga ponte.
“Estou preocupado, pois, antigamente, quando não tinha essa proteção do muro de arrimo, a água vinha tudo para cá. O medo é esse muro cair com alguma chuva”, afirmou.
O secretário da Infraestrutura, Vicente Aparecido Menezes, Vicentão, rechaçou o risco de transbordamento após a queda da ponte. “A água da chuva não chegou a transbordar, ficou em um nível alto, mas não saiu do leito. Não acredito que transborde em outra chuva”, afirmou.
Vicentão classificou a chuva da noite de quinta-feira de “tromba d’água” e disse que o temporal foi determinante para a queda da ponte do Marapé.
“O que contribuiu foi essa tromba d’água que caiu na cidade. O ribeirão Manduca recebe água de vários bairros da cidade, como o Jardim Wanderley, Jardim Lucila, centro e São Cristóvão. É muita água”, argumentou.
Técnicos da Defesa Civil do Estado de São Paulo, da Coordenadoria da Defesa Civil de Tatuí e engenheiros da Prefeitura estiveram no local na manhã de sexta-feira, 11, para avaliar a situação.
De acordo com o secretário da Infraestrutura, eles afirmaram que existe risco de o barranco aumentar com novas chuvas. Porém, dificilmente isso colocaria em risco as residências que estão nas proximidades.
“Eles estiveram lá e avaliaram o estrago. Disseram que precisávamos cercar o local para evitar que curiosos fiquem tirando fotos na beirada, que tem o risco de ceder”, contou.
Outra recomendação dos técnicos é a limpeza nas proximidades das duas pontes mais próximas às ruínas, para evitar que a água fique represada em caso de chuvas fortes.
O secretário, que é também vice-prefeito, afirmou que o prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, decretou estado de emergência.
“Manu assinou o decreto de emergência, e vamos enviar para a Casa Militar, para ser homologado. Vamos demonstrar, para eles, todo o impacto social e financeiro que a queda da ponte tem na cidade, para conseguirmos o reconhecimento”, afirmou.
Com a homologação junto à Casa Militar, o decreto facilitaria a contratação de uma obra emergencial para a reconstrução da ponte. Entretanto, segundo Vicentão, o problema é conseguir recursos para fazer a obra.
“Vamos ver se o Estado vai liberar recursos para a ponte, ou se o próprio município que vai ter que arcar. Estamos vivendo uma crise financeira, com a queda de arrecadação, e temos esperança de que os governos estadual e federal nos ajudem”.
A obra de construção da ponte pode custar entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões, dependendo do método construtivo. A obra incluiria o alargamento e a reconstrução das cabeceiras, para melhorar o fluxo de água durante as chuvas fortes.
O secretário afirmou que recebeu ligações de deputados oferecendo ajuda na tarefa de angariar recursos. “O deputado estadual Edson Giriboni (PV) pré-agendou reunião para o prefeito no Palácio dos Bandeirantes, na segunda-feira”, declarou.
Vicentão pediu que os deputados que tiveram votos na cidade somem esforços para a reconstrução do dispositivo, por ser a “principal ponte e entrada da cidade”.
Cautela a motoristas
O diretor do Demutt (Departamento Municipal de Trânsito e Transportes), Francisco Antonio de Souza Fernandes, Quincas, pediu aos motoristas que fiquem atentos à sinalização na região da ponte do Marapé.
O tráfego de caminhões foi desviado para a marginal do Manduca. Para os carros e motos que trafegam sentido centro-bairro e bairro-centro, a opção é desviar pela rua Alfredo de Oliveira, que dá acesso à avenida Vice-Prefeito Pompeo Reali e à rua Capitão Lisboa.
“Os caminhões precisam buscar alternativas, via marginal, pois não podem atravessar a ponte da Alfredo Oliveira, que não foi feita para veículo pesados”, afirmou.
Quem trafega pelo centro da cidade, sentido vila São Cristóvão, tem opção de evitar a região da ponte pela rua Gualter Nunes.
“Estamos fazendo todos os esforços para diminuir os impactos no trânsito. Pedimos para a população que entenda a situação”, finalizou.
Emergência
O prefeito Manu decretou, na tarde de sexta-feira, 11, situação de emergência no município. O decreto 16.744 diz que “a urgência e emergência para reparação dos danos se justificam já que estamos em pleno período chuvoso”.
O documento consta, ainda, que o município, “neste término de mandato, não dispõe de recursos necessários para a reconstrução emergencial dessas pontes”.
Entre as justificativas dadas pelo chefe do Executivo esta a que indica a ponte como a principal via de ligação entre a SP-127 e SP-141 e o centro da cidade e que o local recebia fluxo populacional de 85 mil por dia.
O decreto informa que o parecer da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil foi favorável à declaração de situação de emergência.