Cerca de 120 funcionários de metalúrgicas do município começaram 2016 perdendo o emprego. Isso porque empresas locais do setor realizaram novos cortes no mês passado.
As dispensas correspondem somente às homologações feitas pelo Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Tatuí e Região). Elas não incluem dados dos demais ramos da indústria e relacionados às demissões “in loco” e junto ao MTE (Ministério do Trabalho e Emprego).
O levantamento, divulgado pelo presidente da entidade classista, Ronaldo José da Mota, a pedido de O Progresso, não considera – e não tem relação – com dados do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). Este órgão divulgou, no início da semana, levantamento relativo a empregos.
Denominada de Neri (Nível de Emprego Regional da Indústria), a pesquisa mensal registra dados de 48 municípios da região de Sorocaba, incluindo Tatuí.
Ela indicou queda de 350 postos de trabalho somente no mês passado, no cálculo de média entre demissões e admissões, mais que os dados do Estado. A indústria paulista começou o ano com a perda de cem vagas.
Mota explicou que o dado difere do repassado pelo sindicato, uma vez que a entidade não considera parte das contratações realizadas nesse mesmo período.
Conforme ele, algumas indústrias do município efetivaram admissões. Entretanto, os trabalhadores preencheram vagas temporárias e ligadas à fase de construção, elevando dados do setor de construção civil e não da indústria.
Por esse mesmo motivo, o presidente do sindicato afirma não ser possível falar em recuperação. Pelo menos, não neste momento, especialmente porque as demissões ainda continuam a ser realizadas pelas indústrias.
Apesar disso, o “auge” dos desligamentos em Tatuí ocorreu no ano passado, quando o sindicato registrou a perda de 1.250 postos de trabalho.
O número inclui somente trabalhadores com tempo de serviço igual ou superior a um ano e que foram até a sede da entidade classista para assinar as homologações.
Metalúrgicos que trabalharam menos de 12 meses são dispensados de duas formas: uma pelas próprias empresas, junto aos departamentos de recursos humanos; e a outra, no prédio do MTE.
Daí, a discrepância entre os dados obtidos, por exemplo, por órgãos que trabalham com medição de contratação (Ciesp e PAT – Posto de Atendimento ao Trabalhador) e sindicato.
De acordo com o sindicalista, as diferenças estão nas contratações feitas pelas indústrias, mas para outras finalidades que não a produção em si. Este é o caso da Noma.
“Ela está contratando igual doida, gerando uma compensação, mas não é uma reposição da mão de obra do chamado chão de fábrica”, afirmou o sindicalista.
Entretanto, Mota afirmou que essa conjuntura não se aplica à Rontan Eletrometalúrgica e à FBA (Fundição Brasileira de Alumínio). As duas empresas (tidas como principais empregadoras) também são consideradas as “grandes responsáveis” pelo crescimento do desemprego local no setor industrial.
“Nós (o sindicato) não temos como ter um parâmetro, porque faltam informações”, disse o sindicalista. A lacuna de dados abrange o número de contratações efetivadas pelas empresas de metalurgia, mas para funções temporárias.
Além disso, para uma mensuração, o sindicalista explicou ser preciso cruzar dados de todos os ramos e não somente da indústria. “Temos uma parte do comércio que só vende e não produz. Inclusive, uma rede de supermercados contratou 16 pessoas. Há, ainda, as vagas para PCDs (pessoas com deficiência), que estão sendo abertas aqui e divulgadas na região”, apontou.
Conforme Mota, outras 50 pessoas conseguiram emprego em janeiro. Algumas delas por reposição, por conta do chamado efeito de “rotatividade” (troca de funcionários por dispensa a pedido, corte de custos e outras razões).
O sindicalista explicou que as empresas que precisaram fazer ajustes para contenção de gastos demitiram funcionários de alguns setores. Contudo, tiveram de repor os profissionais.
“Isso acontece mais na parte administrativa, para vagas como analista de sistemas, por exemplo, mas não para o chão de fábrica, que não está sendo recontratado nesse momento”.
Para este trabalhador, a perda de posto é mais significativa. Por outro lado, Mota disse que o metalúrgico tende a demorar a buscar uma recolocação. Esse “fenômeno” está ligado ao recebimento – ou não – do seguro-desemprego.
Segundo o presidente do sindicato, quem tem direito ao benefício opta por se preocupar em voltar ao mercado cinco meses após a dispensa.
É por isso que o sindicato espera que o impacto das demissões que registraram altas em setembro e outubro do ano passado seja maior no início deste ano e a partir de março.
“O segundo trimestre deste ano é que vai pesar mais na balança”, afirmou Marcos Bueno, que integra a diretoria do Sindmetal. A projeção é de que haja melhora no último trimestre de 2016, quando FBA e Rontan voltem a recontratar.
Bueno divulgou que a primeira metalúrgica está preparando um banco de dados com informações de profissionais que já passaram pela indústria tatuiana. “A perspectiva dela é de começar a contratar já no mês que vem”, acrescentou Mota.
A Rontan deve seguir o mesmo caminho, uma vez que os ex-proprietários concluíram o processo de venda. “A empresa foi adquirida por um grupo e pediu ao sindicato em torno de 30 a 40 dias para acertar toda a situação financeira”, contou o presidente da entidade classista.
Os ajustes dizem respeito ao pagamento de dívidas trabalhistas, atrasos salariais e multas rescisórias. Mesmo com essa previsão, Mota afirmou que o sindicato não tem como dizer, com precisão, se haverá novas contratações nos próximos meses. A retomada dos postos de trabalho vai depender do ajuste na produção a ser feito pela empresa.
Mota explicou que o grupo de investidores não atua no ramo de transformação de veículo (como, até então, fazia a Rontan). Segundo o sindicalista, eles trabalham em ramo similar, mas ligado à tecnologia de viaturas, e pretendem explorar o produto junto aos Estados Unidos.