‘Barão de Suruí­’ é a primeira escola a adotar o ensino integral em Tatuí­





A Escola Estadual “Barão de Suruí”, fundada em 26 de abril de 1931, é a primeira unidade escolar a integrar o programa de ensino em tempo integral no município. A unidade está entre as 39 que adotaram o novo modelo de ensino promovido pelo governo do Estado a partir deste ano letivo. Nele, a escola passa a oferecer, no contraturno das aulas regulares, atividades esportivas e culturais.

Entre as principais mudanças implementadas, estão o aumento do tempo de permanência do aluno na unidade escolar e a inserção de disciplinas diversificadas.

“Quando falamos de ensino integral, vamos além da nova carga horária, não é só o período integral, mas um ensino integral, que visa ao desenvolvimento intelectual, físico e moral dos alunos”, pontua o diretor Marcelo Miranda.

Os alunos do ensino médio permanecerão na escola das 7h30 às 16h30, e do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, das 7h30 às 15h30.

Durante o período, os alunos receberão três refeições diárias (café da manhã, almoço e café da tarde) e, além da grade curricular obrigatória, a escola oferece orientação de estudos, preparação para o trabalho e auxílio na elaboração de “um projeto de vida”. São oferecidas, também, disciplinas eletivas, escolhidas de acordo com o objetivo e perfil de cada estudante.

As disciplinas eletivas envolvem aulas de modalidades esportivas, como judô, taekwondô, tai chi chuan, xadrez, atletismo, handball, futsal e outras. Entre as atividades culturais e esportivas, estão, por exemplo, os “clubes juvenis”, cujos focos serão indicados pelos próprios alunos.

“Poderá ser clube de xadrez, cinema, moda, matemática, eles é quem vão escolher. Com isso, vamos desenvolver, nos alunos, o protagonista juvenil, a liderança. Aliás, um dos lemas da escola é educação pública de qualidade, outro, é a formação de líderes”, explicou Miranda.

“Serão os alunos falando pelos alunos, direcionados sempre pelo nosso lema de sermos autônomos, solidários e competentes. As atividades serão democráticas e colaborativas”.

Dentro da grade curricular, o desenvolvimento da liderança estará atrelado ao que o diretor denominou de “projeto de vida”. Não apenas o ensino regular, mas a formação de “indivíduos responsáveis socialmente” é foco do novo modelo. “Vamos perguntar ao aluno aonde ele quer chegar, estimular a ter um projeto de vida. E ele terá um professor tutor, que irá acompanhá-lo na conquista desse sonho”, disse Miranda.

Entre os momentos de vivência organizados pela escola, está, por exemplo, o que será dedicado à leitura, iniciativa inspirada em ações semelhantes desenvolvidas no Japão e Canadá.

“Existe um conteúdo programado que pode sofrer influência dos alunos. Queremos instigar a liderança antes, durante e depois das aulas”, afirmou o diretor.

Segundo levantamento da Secretaria de Estado da Cultura, o rendimento dos alunos matriculados na modalidade aumentou até 81% em leitura e 71,1% em matemática.

Os professores desse modelo atuam em regime de dedicação exclusivo e, para isso, recebem gratificação de 75% no salário, incluindo o que foi incorporado durante a carreira.

“Estamos todos estudando muito e aprendendo as melhores formas de enriquecer a escola com esse novo método, a capacitação dos professores só na primeira semana de fevereiro ultrapassou 16 horas de reuniões e treinamentos. Todos estão muito envolvidos”, conta Miranda.

O ano letivo de 2016 tem inicio dia 15 de fevereiro e, durante a primeira semana, a escola terá programação especial, a “semana do acolhimento”. Já no primeiro dia de aula, os alunos serão recebidos com tapete vermelho, banda e festa. “Quero que seja um prazer retornar às aulas, que, realmente, se sintam bem-vindos, acolhidos pela instituição”, explicou o diretor.

Para o melhor aproveitamento das atividades realizadas durante a semana do acolhimento, os alunos voltarão às aulas de maneira gradual. As turmas dos 6º e 7º anos participam das atividades na segunda-feira, 15, das 13h às 17h, na terça-feira, 16, das 8h às 17h, e na quarta-feira, 17, das 8h às 12h.

Os estudantes do 8º e 9º anos retornam à escola na quarta-feira, 17, às 13h, e participam das atividades na quinta-feira, 18, das 8h às 17h, e na sexta-feira, 19, das 8h às 12h.

Já os alunos dos 1º anos do ensino médio devem retornar à escola para o acolhimento na segunda-feira, 15, às 13h, na terça-feira, 16, das 8h às 17h, e na quarta-feira, 17, das 8hàs 12h. Já os estudantes dos 2º anos retornam na quarta-feira, 17, às 13h, na quinta-feira, 18, das 8h às 17h, e na sexta-feira, 18, das 8h às 12h.

Por fim, os alunos dos 3º anos participam da semana do acolhimento na quinta-feira, 18, às 13h, e na sexta-feira, 19, das 8h às 17h.

A confirmação da escola “Barão de Suruí” como unidade de tempo integral levou cerca de um ano. De acordo com Miranda, há pelo menos três anos ele vem acompanhando e pesquisando o sistema. No início de 2014, a escola foi inscrita como interessada em adotar o novo regime.

Segundo o diretor, após a confirmação do novo sistema, os pais dos alunos foram comunicados e puderam optar pela permanência dos estudantes na unidade de ensino.

“Fizemos uma discussão com as famílias dos alunos, e eles decidiram pela permanência no novo sistema. Cerca de 30% acreditaram que não seria o momento de permanecer o dia inteiro na escola. Não houve seleção, mas foi uma decisão em conjunto com a família”.

Para ingressarem no novo sistema de ensino, os alunos já matriculados na escola “Barão de Suruí” tiveram prioridade. Já os alunos que vieram da rede municipal e iniciarão o 6º ano do ensino fundamental optaram pelo ingresso.

O sistema de escola integral prevê maior envolvimento entre alunos e professores. A permanência prolongada permitiria o desenvolvimento de ações voltadas, inclusive, à “educação emocional” dos alunos, tema que será trabalhado diretamente por Miranda em programa desenvolvido por ele exclusivamente para o ambiente escolar.

“O ‘Barão’ será a única escola de Tatuí a integrar o programa, mas esta é uma tendência que percebemos em todo o Estado de São Paulo e, mesmo, no Brasil”, destacou.

Rose Regina Ribeiro Machado, mãe da aluna Giulianna, de 15 anos, matriculada no 2º ano do ensino médio, considera positiva a mudança para o período integral. “Achei ótimo. Quem gosta de estudar fica na escola, e minha filha é apaixonada por estudar. Quando minha filha soube da novidade ela, adorou”.

A cabeleireira de 42 anos acredita que, assim como ela, muitas mães trabalham o dia todo e ficam aliviadas em saber que os filhos estão na escola em período integral.

A única adaptação necessária envolveu as aulas extracurriculares, das quais a filha já participava durante as tardes. “Mudamos o curso de violão clássico, no Conservatório, para a noite, e as aulas de baixo, aos sábados. Na igreja, ela participa de células que não sejam no horário da escola. Não existe impedimento, dá para conciliar, e a Giulianna está animada com a mudança”, concluiu.