2015 termina com 736 empregos a menos





O Ministério do Trabalho e Previdência Social divulgou o saldo de empregos formais em 2015, pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). De acordo com o levantamento, Tatuí perdeu 736 vagas de trabalho. O principal setor afetado foi a indústria de transformação, que fechou 1.055 postos.

O resultado anual foi o pior em 12 anos. Pela segunda vez, desde 2002, Tatuí teve saldo negativo na criação de empregos. Em 2014, a cidade também teve resultado negativo, com o fechamento de 720 vagas. No acumulado dos dois anos, a cidade perdeu 1.456 postos de trabalho.

De acordo com o secretário da Indústria, Desenvolvimento Econômico e Social, Márcio Fernandes de Oliveira, as perspectivas para 2016 não são das melhores em relação à criação de novas vagas de trabalho. Entretanto, ele tem esperança de que a sangria de postos de trabalho seja menor.

“A expectativa para este ano é ter um pouco de demissões. Se estabilizarmos até dezembro, será uma vitória. O setor de serviços tende a contratar e absorver essa mão de obra latente”, afirmou.

O secretário disse que a instalação de algumas empresas na cidade pode melhorar a geração de vagas de emprego. Em fevereiro, deve ser inaugurada a fábrica da Regisplast, exemplificou.

A empresa, que produz artefatos plásticos para animais domésticos, abriu 50 vagas de trabalho diretas e pode alavancar a geração de empregos terceirizados nas áreas de limpeza e segurança.

“Os candidatos já foram encaminhados e estão participando da seleção. Ela está trazendo outras empresas terceirizadas, como serviços de limpeza, segurança. Essas empresas também vão contratar”, apontou.

A sangria na indústria tende a arrefecer neste ano, crê o secretário. A FBA (Fundição Brasileira de Alumínio) e a Rontan Eletrometalúrgica, que podem ser adquiridas pelo grupo estadunidense GDSI (Global Digital Solutions Inc.), com sede na Flórida, reduziram o ritmo das demissões.

Oliveira afirmou que, se efetivada a compra, a empresa poderá voltar a contratar novos empregados. O empecilho ao aquecimento é o ajuste fiscal do governo federal, que paralisou as compras dos principais clientes da empresa, os governos estadual e o próprio federal.

“A Rontan já teve uma pequena recuperação, pois alguns funcionários já estão fazendo hora-extra e trabalhando nos finais de semana. Vejo que teve uma estabilização. O grande comprador da Rontan é o governo federal. Então, se as compras lá em cima param, a empresa, aqui, sofre”, explicou.

O extrativismo mineral teve pequeno recuo no número de vagas no ano passado. Em 2015, foram fechadas seis vagas de trabalho, enquanto que, em 2014, as empresas do ramo abriram quatro novas vagas.

Em comparação ao ano anterior, a crise contaminou outros setores da economia de Tatuí. Enquanto que, em 2014, o único setor afetado pelas demissões foi o das indústrias, em 2015, o desemprego atingiu também a construção civil, os serviços industriais de utilidade pública – concessionárias de água, luz e gás encanado -, o extrativismo mineral e o comércio.

Dos oito setores que compõem a pesquisa do Caged, cinco tiveram saldo negativo na geração de empregos. Se não fossem as 484 novas vagas de emprego geradas pelo setor de serviços, o resultado geral do Caged em Tatuí seria pior, ultrapassando as 1.200 dispensas.

As contratações da administração pública, nas três esferas de governo, geraram 108 postos de trabalho no ano passado. Juntas, as contratações de serviços e da administração pública somaram quase 600 vagas, o que amortizou a queda na indústria e no comércio, que fecharam 193 postos.

Desestimulada pela diminuição do crédito imobiliário, a construção civil fechou 90 vagas em 2016. Entretanto, a construção de novas fábricas e de novos empreendimentos, como o shopping e a nova entrada da cidade, poderiam tirar o setor do vermelho na criação de postos de trabalho.

“A Noma está contratando 300 pessoas para a construção da fábrica. A avenida do shopping, que começa na segunda quinzena de fevereiro, também exigirá um grande número de empregados”, afirmou Oliveira.

No entanto, o ano começou em Tatuí com dispensas de funcionários. O PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) recebe os trabalhadores demitidos para encaminhamento do pedido de seguro-desemprego.

De acordo com o coordenador do posto local, Levi Pinto Soares, apesar das demissões, o número de vagas anunciadas voltou a crescer nas primeiras semanas de 2016.

“A oferta de empregos aumentou neste início de ano. No final do ano passado, estava paralisado, mas voltou agora em janeiro. A previsão dos próximos meses é estabilizar ou aumentar um pouco a oferta de empregos”, declarou.

Se comparada a cidades paulistas de tamanho semelhante, com população entre 100 mil e 110 mil pessoas, Tatuí foi a terceira que menos fechou vagas no ano passado.

Enquanto a cidade teve 736 empregos a menos, Votorantim perdeu 580 postos e Caraguatatuba, 192. As cidades de Birigui (- 3.438 vagas), Santana de Parnaíba (- 3.429) e Itatiba (- 2.005) foram as com o perfil populacional mais próximo que mais perderam vagas.

Entre as cidades da região de Tatuí, Cerquilho fechou 349 vagas de trabalho no ano passado, assim como Pereiras (- 98 vagas) e Torre de Pedra (- 17).

Porangaba (+ 87), Quadra (+ 58), Cesário Lange (+ 61), Boituva (+ 23) e Laranjal Paulista (+ 314) contrariaram a tendência e tiveram saldo positivo na geração de empregos.

Para quem está desempregado e busca novo trabalho, o secretário disse que a capacitação é o caminho para conseguir um emprego mais rápido e com remuneração melhor.

O Fundo Social de Solidariedade e o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) oferecem cursos de capacitação gratuitos na área de serviços e industrial.

“A Prefeitura tem um leque grande de cursos, todos na área de serviços. As pessoas terminam o curso e já têm um norte: fazem unha, cortam cabelos, faz um salgado, um bolo, e conseguem uma renda no final do mês”.

“O Senai também oferece cursos como mecânica e elétrica geral. Os formandos quase sempre se formam com o emprego garantido na indústria”, afirmou.