‘Cerca eletrônica’ completa cinco meses





Inaugurada em agosto de 2015, o monitoramento municipal conhecido como “cerca eletrônica” possibilitou a recuperação de dois veículos furtados na cidade, segundo a Guarda Civil Municipal. Desde o início do funcionamento, já passaram cerca de 1 milhão de veículos pelos radares integrados ao sistema.

A cerca eletrônica reconhece as placas dos veículos e compara com a base de dados da GCM para saber se há algum tipo de ocorrência, como roubo ou furto.

Em caso positivo, um alarme dispara no sistema de monitoramento e a Polícia Militar, ou mesmo os guardas civis, são acionados para verificar o veículo.

As “câmeras inteligentes” vigiam a cidade 24 horas por dia em um centro de controle, montado na sede da GCM, explica o responsável pelo monitoramento, Darci Correa Junior.

“Todos os veículos que entram e saem são monitorados. É possível saber por onde esse veículo andou, quais pontos passou e quanto tempo ele permaneceu na cidade. Isso ajuda na resolução de crimes, principalmente pela Polícia Civil”, argumentou.

Quando um veículo é furtado ou roubado e o proprietário registra boletim de ocorrência no plantão policial, a Polícia Civil avisa a Guarda Civil sobre a ocorrência. A GCM, então, cadastra os dados dos veículos e, caso ele passe por alguns dos pontos de monitoramento, o alarme é disparado.

Os principais pontos são as entradas e saídas da cidade, além dos de grande fluxo de veículos, como a rua Doutor Alberto Seabra e a 11 de Agosto, ambas no centro; rua Chiquinha Rodrigues, sentido Jardim Lírio; rua Vice-Prefeito Nelson Fiúza, sentido rodovia SP-127; avenida Vice-Prefeito Pompeo Reali, no sentido rodovia Antonio Romano Schincariol; rua Rio de Janeiro, no sentido rodovia SP-141; e via municipal Benedito Faustino da Rosa, no sentido rodovia SP-127.

De acordo com Correa Junior, é possível integrar todos os radares locais à cerca eletrônica, assim como instalar câmeras de monitoramento em pontos de alto fluxo, como no centro, ao sistema.

“É possível colocar todos os radares na cerca, inclusive, a instalação de câmeras de monitoramento integradas. As possibilidades são grandes”, apontou.

Em um sistema de informações, quantos mais dados disponíveis, melhor é o funcionamento, segundo Correa Junior. Nas próximas semanas, as bases de dados de Tatuí e da Região Metropolitana de Campinas serão integradas.

Um veículo furtado em qualquer cidade daquela região que passar pelo monitoramento de Tatuí fará soar o alarme na sala de monitoramento. Com isso, a possibilidade de recuperação dos veículos aumentará.

“Todos os carros roubados, furtados, naquela região estarão no nosso sistema, inclusive, veículos clonados. Seria possível identificá-los no sistema”, explicou.

O município de Sorocaba possui sistema semelhante para monitorar os veículos, entretanto, ainda não foi possível integrar a base de dados das duas cidades. Os técnicos da empresa que desenvolveu o software local estão estudando um meio para conseguir interligar os dois sistemas.

Outro problema enfrentado pela cerca eletrônica local é a impossibilidade de integrar-se ao sistema federal, por ambos serem incompatíveis, segundo o responsável pelo monitoramento.

“O nosso sistema não tem interligação com o sistema federal. A desenvolvedora do software já tentou interligar os sistemas, mas encontrou incompatibilidades”, contou.

O monitoramento registra todos os veículos que passam pelas câmeras. As imagens ficam disponíveis no servidor da GCM e guardadas por cerca de seis meses. Elas podem ajudar na elucidação de crimes, pois o registro serve de prova criminal. É possível gerar relatório por tipo de veículo, cor, por ponto e espaço de tempo.

“A partir do momento em que é uma investigação, a gente encaminha, através de ofício, para ficar bem legalizado, pois materiais assim podem ser usados até em julgamento, como prova”, disse Correa Junior.

Com a cerca eletrônica, foi possível descobrir que um ladrão de motocicleta guardava armas e outros produtos de furtos em casa, segundo o comandante da GCM, Doraci Dias de Miranda.

“Uma moto tinha sido furtada aqui na cidade. Nós a registramos no sistema e vimos que ela tinha saído de Tatuí sentido Sorocaba. Dias depois, a gente viu que ela voltou para a cidade e avisamos a Polícia Militar. Na casa do suspeito, tinha armas e outros produtos de furto”, contou.

Segundo o comandante, o número de roubos e furtos a veículos diminuiu desde a implantação da cerca eletrônica no município.

Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública, entre os meses de setembro – o primeiro mês cheio com o monitoramento em funcionamento – e novembro (último mês com os dados divulgados), foram registrados 28 casos de furtos.

No mesmo período do ano anterior, foram registrados 31 casos. Porém, a tendência de queda já era percebida antes da implantação do sistema. No mesmo período de 2013, o número de casos foi de 45.

Em relação aos roubos de veículos, o mesmo período, entre setembro e novembro, teve 11 casos em 2015, 10 em 2014 e 14 em 2013.

O sistema implantado localmente chamou a atenção dos gestores de segurança pública de cidades próximas. Representantes das cidades de Cerquilho, Angatuba e Itapeva visitaram a sede da Guarda Civil para conhecerem a cerca eletrônica.

“Eles gostaram da cerca eletrônica e das possibilidades que o sistema dá para a cidade. Talvez implantem lá algo semelhante”, disse Correia Junior.

Em caso de furto ou roubo de veículos, o próprio dono do carro pode acionar a GCM para avisar a ocorrência (antes mesmo de fazer o boletim) pelo telefone 199.

Desse modo, a placa já é adicionada no monitoramento e a recuperação do veículo pode ser mais rápida. A ligação, entretanto, não dispensa o registro da ocorrência na delegacia.

“Pode ligar imediatamente, até para economizar tempo, pois, até chegar à delegacia e registrar o boletim de ocorrência, esse período que você está perdendo, esse lapso de tempo, o carro está sendo monitorado”, afirmou.