Prefeitos de dez cidades da região estiveram em Tatuí para discutir um plano conjunto de ações para recuperar os estragos causados pelas chuva nos últimos dias. O encontro aconteceu na manhã de quinta-feira, 14, articulado pelo prefeito de Tatuí, José Manoel Correa Coelho, Manu.
Os prefeitos pediram uma linha de crédito voltada a situações de emergência e para a realização de obras preventivas nas cidades. O intuito dos prefeitos é “sensibilizar” as autoridades estaduais e federais para os problemas que as cidades estão enfrentando.
As chuvas provocaram quedas de pontes, deslizamentos de terras e inundações que estragaram equipamentos em postos de saúde e escolas. Várias famílias ficaram desabrigadas na região e necessitaram de auxílio emergencial das prefeituras.
Segundo Manu, a reunião dos prefeitos serve para alertar às autoridades de outras esferas de governo sobre a situação difícil que as prefeituras estão enfrentando com a crise e com as chuvas, que demandarão obras de emergência.
“O motivo do convite é que todos aqui estão passando, nestes últimos dias, pelas mesmas situações e dificuldades. Estão trabalhando dia e noite, resolvendo os problemas, mas encontram dificuldades em conseguir recursos nessa época de aperto no Orçamento”, argumentou Manu.
Os prefeitos de Guareí, João Momberg, de Cesário Lange, Ramiro de Campos, de Quadra, Carlos Andrade, de Pereiras, Flávio Paschoal, de Jumirim, Benedito Tadeu Fávero, de Alambari, Hudson José Gomes, e de Cerquilho, Antônio Del Bem Junior participaram da reunião, que também contou com o vice-prefeito de Boituva, Juninho Barbosa, e com o comandante da Guarda Civil Municipal de Capela do Alto, Francisco Carlos Severino, que representou o Executivo local.
“É o momento de todos se unirem. As prefeituras precisam carregar todos esses fardos pesados. Nós temos o governo do Estado e a esfera federal. Temos esses canais para chegar até lá. Um correndo atrás fica em número menor. Agora, se dez prefeitos se unirem, acho que seremos ouvidos”, declarou Manu.
Os prefeitos criticaram a demora na liberação de recursos estaduais e federais e o contingenciamento que as outras esferas de governo estão fazendo por conta da crise econômica.
“Faz mais de 50 dias que tivemos um vendaval que arrasou a cidade. Estivemos com o ministro (Gilberto) Kassab, na ocasião em que ele veio a Tatuí, pedimos ajuda para Brasília e não tivemos nenhum retorno. Fizemos toda a documentação para o governo de São Paulo liberar recursos, mas não veio nenhum centavo”, reclamou o prefeito de Cesário Lange.
Campos afirmou que as cidades, que já enfrentam dificuldades com a crise, terão de arcar com o custo de reconstrução e reformas de escolas, postos de saúde e pavimentação de ruas.
“A situação é séria. As famílias já estão perdendo o emprego e também a paciência, pois não temos recursos para dar respostas à população. E tudo isso se agrava por ser ano eleitoral. Todos os problemas caem em nosso colo”, completou.
Os prefeitos relataram as dificuldades que vêm enfrentando e a burocracia para se conseguir auxílio neste momento de emergência e de crise, já que a falta de recursos e a queda de arrecadação estão afetando praticamente todos os municípios brasileiros.
Cesário Lange e Guareí estão em estado de emergência, com estradas interditadas e pontes caídas. Em Quadra, três pontes caíram. Cerquilho contabiliza prejuízos da ordem de R$ 7 milhões e, diante do estrago, decidiu cancelar o tradicional Carnaval da cidade. Boituva também decretou estado de emergência.
Os prefeitos assinaram uma ata e as reclamações serão colocadas em documento, que será encaminhado para o Estado e à União. Uma das sugestões que devem ser levadas, para São Paulo e Brasília, seria a liberação, em caráter emergencial, de emendas já autorizadas, mas que não foram ainda liberadas.
“Acho que todos os prefeitos devem ter algum projeto ou emenda que está parado, apesar de ter tido o aval para a liberação. Devemos brigar para a liberação desses recursos, pois não é justo a gente passar pela burocracia tudo novamente para chegar ao final e não conseguirmos o recurso”, reclamou o prefeito de Guareí.
“Queremos que o governo e a União nos olhem nessa situação de emergência, nessa situação que aconteceu hoje e deve acontecer amanhã também, que faça uma linha de crédito, que use o Desenvolve São Paulo, que se abra uma linha de crédito emergencial para nos socorrer”, finalizou Manu.
Como presidente da FABH-SMT (Fundação Agência de Bacias do Rio Sorocaba e Médio Tietê), Manu se comprometeu a trabalhar junto aos prefeitos para desburocratizar e facilitar a liberação de recursos originários do Fehidro (Fundo Estadual de Recursos Hídricos), para obras preventivas e emergenciais.
“Esperamos a participação de todos os municípios paulista que estão sofrendo com as fortes chuvas dos últimos dias neste projeto, que visa sensibilizar os governos estadual e federal para a criação de linha de crédito específica para recuperar as cidades, uma vez que a queda na arrecadação impede que as prefeituras promovam tais ações”, sugeriu Manu.
O prefeito de Tatuí comprometeu-se, também, a entrar em contato com o governo do Estado, Ministério das Cidades e governo federal para agendamento de audiências conjuntas com a participação de todos os prefeitos da região, inclusive, daqueles que não puderam participar da reunião de quinta-feira.