A ACE (Associação Comercial de Tatuí) ainda vai realizar pesquisa detalhada com os associados sobre a previsão de vendas para este fim de ano, mas o Natal 2015 já é aguardado com otimismo. A expectativa da entidade é de que as vendas superem em até 2% as registradas em 2014.
A presidente da associação, Lúcia Bonini Favorito, ressalta que, embora reconheça que a inflação e as projeções para os preços estejam elevados, não há descontrole no setor.
“O comércio de Tatuí é muito flexível e os comerciantes são muito antenados. Embora a inflação possa persistir, temos esperança de um aumento de até 2% nas vendas deste ano”, disse Lúcia.
Para ela, em tempos de crise, é importante que os lojistas foquem no marketing e nas promoções para tentar aquecer as vendas. “Os comerciantes têm de estar preparados para oferecer mercadorias mais em conta”, avalia.
É o que está fazendo a gerente da loja de roupas Ana Claudia Pavanelli Silveira, que administra, junto com a mãe dela, o estabelecimento delas há 30 anos. Ela conta que a loja vive um momento difícil e que decidiu realizar algumas promoções para tentar atrair clientes.
“Normalmente, a gente não faz liquidação na loja. Mas, esse período de crise nos forçou a conceder descontos. Estamos vendendo toda a coleção infantojuvenil pela metade do preço”, contou.
A crise econômica, segundo ela, está atingindo um número cada vez maior de pessoas. “É uma bola de neve. O próprio comércio, que emprega muita gente, não está contratando. Quem está empregado, tem medo de fazer dívidas. As pessoas estão mais cautelosas”, avaliou.
Por isso, a ACE recomenda que o consumidor tenha controle dos gastos na hora de presentear. “No início do ano, os gastos já começam a aparecer. Se você tem dinheiro para comprar à vista, não compre, ou compre algo que caiba em seu orçamento”, aconselhou.
Apesar do problema, a presidente da associação afirma que dezembro é considerado o melhor mês para vendas no comércio por unir as compras de Natal, férias e, ainda, o reforço do 13o salário no orçamento.
Entretanto, “com o momento difícil vivido pelos brasileiros”, a opção deverá ser produtos de baixo valor. Na prática, o consumidor não deve deixar de presentear, mas vai gastar menos nas compras de Natal, conforme Lúcia.
“O consumidor tatuiano tem confiança no comércio. Porém, com a inflação desacelerada, talvez seja a oportunidade de encontrar preços menores em produtos de qualidade”, observa.
De acordo com Lúcia, um dos fatores que contribuem para o otimismo do setor é que a ACE promove cursos de capacitação para os comerciantes. Segundo ela, as atividades se concentram em cursos de curta duração, atendendo às necessidades do dia a dia.
Ainda conforme ela, em todo o país, os setores com maiores vendas nesta época do ano são os de vestuário, calçado e decoração. “O consumidor começa a comprar enfeites de Natal em dezembro e deixa os presentes para quando sair o 13o”.
Lúcia não soube precisar o valor médio dos presentes comprados pelos consumidores, ressaltando a dependência à renda de cada um. “Muita gente manteve o poder de compra em 2015, mas tem aqueles que já procuram por produtos mais em conta”, reflete.
Temporários
Uma ação que costuma ser comum é a contratação de funcionários temporários. Ana Claudia conta que ainda não contratou nenhum temporário, mas admitiu que a ideia não está descartada.
“Talvez no começo de dezembro a gente contrate mais uma pessoa. Atualmente, trabalhamos em três e, se o movimento aumentar, podemos contratar”, anunciou.
Pensando no movimento, Lúcia afirma que lojistas como Ana Claudia costumam reforçar o estoque e investir na contratação de funcionários temporários para atender à alta demanda nas vendas.
No entanto, a presidente da ACE estima que o número de contratações para este ano será menor que o registrado no ano passado. “Por causa dos problemas que o país vive, o comerciante sabe que não pode esbanjar, para não ter prejuízos”.
A presidente da associação disse ainda acreditar que o Brasil vai superar a crise. “O consumo das famílias vem enfraquecendo, houve a alta de juros, a inflação persistente, mas acredito que o Brasil vai se restaurar”.
Feiras itinerantes
Há algum tempo o varejo tatuiano se mobiliza para tentar inibir a realização de feiras itinerantes, que vêm de outras regiões do país para vender confecções e outros itens.
A lojista Ana Claudia se mostrou contra a ação desses comerciantes, os quais, segundo ela, são “concorrentes desleais”.
“Quando é uma loja que paga INSS e paga taxa da prefeitura, é uma concorrência saudável. Mas, quando é uma loja que não tem nem CNPJ, que só vem para tirar dinheiro e depois muda de nome, não contribui em nada com a cidade”, desabafou.
A presidente da ACE concorda e afirma que tenta uma solução para acabar com o problema. Segundo ela, os vereadores deveriam se unir para a criação de um projeto de lei que propusesse restrições ao comércio dessa natureza.
“São comerciantes, em suas maioria, ilegais, que foram expulsos de outras regiões e vêm lucrar em Tatuí sem permissão. Vendem produtos sem emitir nota fiscal e de baixa qualidade”, afirmou.
Ainda segundo Lúcia, a realização dessas feiras prejudica o comércio legal, que, em tempo de crise, “precisa se desdobrar para contribuir de forma correta para o crescimento da cidade”.